Dois

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Os verdadeiros amigos sempre irão zoar com a sua cara quando você cometer uma gafe.

Caleb

Acordei ao som do despertador, estava em meu quarto e me sentia exausto apesar da longa noite de sono; tive sonhos estranhos e agitados com uma enfermeira sexy e furiosa. Sentei-me na cama e lembrei dos acontecimentos do dia anterior, o fogo, o pânico, o lustre que quase caiu em cima daquela moça, mas consegui tira-la dali antes que desabasse em sua cabeça e com isso ganhei um grande corte na testa e porquê? Porque fiz algo que não se faz nunca, tirei o capacete que protegia meu rosto para conversar com aquela menina e acalma-la. Duke iria arrancar as minhas bolas quando eu chegasse no trabalho hoje.

Fui tomar meu banho e trocar de roupa, a enfermeira havia me dito que eu não deveria molhar o corte, então tive todo o cuidado com a minha testa, eu me senti um tanto mal por ter tido tantas liberdades com ela, mas ela também poderia pegar leve comigo, afinal eu estava sobre efeito de remédios e me sentia levemente embriagado por isso. Fui até a sala e hoje meus pais estavam em casa e o cheiro de café moído na hora e torta de morango preencheu minhas narinas.

— Bom dia. — Cumprimentei-os. Meu pai estava lendo o jornal usando seus óculos de leitura, ele com o passar dos anos havia adquirido alguns fios brancos que mostravam que o tempo havia passado, mas fora isso ele parecia o mesmo Brian Lancaster para mim, sério, mas que se tornava um coração mole perto da minha mãe.

— Bom dia filho. — Respondeu minha mãe primeiro. Ela continuava bonitona como sempre foi e com seu jeito um tanto esquisito que muitas vezes assustava meus amigos na infância, ela mantinha os cabelos ruivos expulsando com uma boa tinta qualquer fio branco que surgisse a diferença é que ela agora os mantinha curtos que eles quase não chegavam aos ombros, seu braço como sempre estava coberto de pulseiras coloridas e eu tinha certeza de que depois do café da manhã ela iria acender um incenso.

— Bom dia Caleb, o que houve com seu rosto? — Perguntou meu pai.

— Foi só um arranhão, no resgate de ontem...nada demais. — Minha mãe veio até onde eu estava e ficou olhando para a minha testa. — Está tudo bem, só levei alguns pontos.

— Pensei que vocês usassem capacete para protege-los. — Disse meu pai.

— Usamos, eu fui imprudente...tinha uma moça de mais ou menos uns dezesseis anos, ela estava assustada demais para se mexer do lugar e um lustre estava prestes a cair e...

— Você tirou o capacete para fazer contato visual e assim salva-la... — Disse minha mãe, com um misto de orgulho e preocupação. — Fico feliz que você tenha puxado a mim a arte de lidar com as pessoas, mas da próxima vez tenha mais cuidado. — Pediu ela antes de colocar uma fatia da torta de morango na minha frente. — Sente-se e tome seu café antes de sair. — Estranhei ela ter me servido, ela nunca me servia ao menos desde os meus dez anos de idade.

— Bom trabalho salvando a todos ontem meu filho. — Elogiou meu pai. — Mas da próxima vez que estiver em uma situação como a de ontem, pense numa segunda opção, sem o capacete você poderia ter se machucado ainda mais e então não poderia salvar nem a você e nem a menina.

— Eu sei, Duke vai arrancar a minha pele hoje. — Bebi o café delicioso da minha mãe e estava indo para o segundo pedaço de torta enquanto conversava com meu pai. — Acabei inalando muita fumaça, fui realmente imprudente.

— Mas mudando de assunto. — Minha mãe sentou-se ao lado direito do meu pai e me encarou com seus olhos de águia. — Pelas previsões do ano do galo, os filhos que tem 28 anos e ainda vivem com os pais terão muito azar na vida se não saírem de casa e por isso... para evitar que algo ruim lhe aconteça, e esse corte na testa já foi um presságio da má sorte.

Caleb - Série Fire - Volume 1 / DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora