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— Moça acontece, não vamos dramatizar!

O irmão de Gustavo baixou um pouco o olhar e disse com desdém. Que cheiro era esse... senti as hormonas do meu corpo corresponder aquele cheiro inebriante, querendo ir atrás e cheirar aquele pescoço que se tornou tão apetitoso.

Mas as suas palavras incendiaram-me, foi tão frio quando a sua voz saiu. Ele não estava nem ai para mim.

— Desculpe? — eu afastei Gustavo do nosso meio e cortei a distância dos nossos corpos.

O peito dele inchou como uma macho alfa, as duas narinas dilatas e os olhos em mim com surpresa.

— Eu acho que a menina ainda não entendeu que eu estou me fodendo para esse vestido. Agora se já parou com a birra, eu e este caçula vamos embora.

Ele pareceu ter tentado juntar todas as suas forças para manter a calma.

Toda aquela raiva fez sobressaiar a sua beleza descomunal, era um poste de músculos, não daqueles exagerados, era no tamanho perfeito.
Os seus olhos eu não conseguia decifrar por conta da pouca luz no local, a sua pele morena e as mãos grandes. Faziam me imaginar coisas que nunca havia imaginado!

Abanei a cabeça tentado tirar aqueles pensamentos impróprios e sair do transe que aquele maluco me estava a pôr.

— Já vão tarde.

Eu disse para eles, peguei na minha bolsa e na mão de Cathy que ficou calada o tempo todo olhando para nós.

Afastei-nos deles e consegui deixar sair a respiração que prendia sem ao menos perceber.

Pagamos a nossa conta e saimos daquele lugar sufocante. Lá dentro ouviamos as pessoas a irem a loucura com a espuma que começaram a libertar.

Sentamos num banco à saída e olhei para a minha amiga que ainda não tinha dado uma única palavra sobre o assunto.

— Provocaste a fera meu amor.

Ela riu da minha cara.

— Tu o conhece?

— Nunca o vi Angel. — ela relaxou o seu corpo e ligou para um taxi.

— Não sei o que me deu para lhe fazer frente Cathy. Mas ele conseguiu pôr o meu corpo num estado de nervos por uma mera bebida. 
Aquele desdém no seu rosto fazia-me voltas na barriga.

— Calma amiga.

Ela tentou parar de rir e acalmar-me.
Fomos para a beira da estrada e parecia que a chuva ia voltar.  E eu aqui de vestidinho!

Umas luzes fortes encandearam os nossos olhos e um carro em alta velocidade passou por nós, fazendo com que a poça de água fosse toda para cima da nossa roupa.

— Desisto!

Berrei completamente chateada com a péssima noite que estava a ter.

— Que merda.. — a minha amiga bêbeda riu-se ainda mais e olhou para a sua roupa encharcada. Só aquela mulher para me fazer soltar um sorriso depois de tudo.

______ Dia seguinte ________

— ANGEL!

Ouvi o grito do outro cómodo da casa e levantei o meu corpo demasiado rápido causando uma pontada na minha cabeça.

— Merda de bebida.

Murmurei para mim mesma e levantei a muito custo.
Eu espero bem que seja algo importante para estar a acordar-me desse jeito.

— ANGEL!!!!

— JÁ VOU.

Calcei as pantufas do stitch e rastejei os meus calcanhares até à histérica que estava plantada na cozinha.

— O que aconteceu?

— O meu estágio amiga.  — ela parou de falar e bateu palmas com a felicidade.  — Consegui. Eles mandaram agora e-mail.  Amiga, consegui o estágio.

Ela falou desacreditada e deitou se no sofá e olhou para cima com os olhos fechados.
Saltei para cima dela e a enchi de beijos.

Aquele estágio era muito importante para ela. Só nós sabemos o quão difícil o ultimo ano foi, e receber finalmente uma boa notícia destas foi como uma luz ao final do túnel.

— Tu mereces Cathy.  Finalmente aquela empresa viu o teu potencial.

—  É só um estágio.  — ela tentou se acalmar.

Aquilo ia ser perfeito para o dossier na faculdade. Eu estava feliz por ela, desde o início que se queriamos algo tinhamos de dar o corpo e alma para conseguir.

— E tu, Angel? Sempre estás certa sobre congelares a matrícula? Eu continuo a achar que é uma péssima ideia.

— Cathy já falamos sobre isto, não posso! Vou trabalhar no quer que seja, este mês mal conseguiste pagar tudo.

Eu olhei para os dedos das mãos como se eles fossem interessantes...

— Tudo se vai resolver. — ela abraçou o meu corpo de lado e deixou um beijo na minha testa.

Eu vivia com os meus tios, a casa ao lado da Cathy. Nunca conheci os meus pais, segundo a minha tia eles não tinham condições para me sustentar, e ela não deixou que eles me dessem para adoção. Ficando então com mais uma filha a seu cuidado. Eu lhe devo tudo...

Cathy apertou o abraço quando percebeu o que eu estava a pensar.

Todos os meses ela me ajudava a viver a 1100 km dela para seguir o meu sonho.
Mas o último mês foi diferente, as chuvas distruiram completamente a sua casa, deixando a sem nada. Todas as memórias, todo o suor investido em cada peça de decoração.

Dei todo o dinheiro que tinha junto para ela, não queria aceitar como é claro. Mas não tinha outro jeito. E eu não me arrependo.
Era uma mãe para mim.

— Amiga, já comeu? — falei para a pessoa ao meu lado.
— Sim e vou ter que sair para tratar de uma papelada.

Ela começou a apressar o passo em direção ao seu quarto.

— Está bem, eu vou voltar a mandar meu currículo para todo o lado.

Ri e tentei suar entusiasmada.

— Muita sorte meu amor.

Ela desapareceu por entre os corredores e eu busquei o seu computador.

Mais um dia tentando a minha sorte.

_______________

— Boa tarde, Angel.

Cathy falou assim que entrou em casa.

— Tenho uma proposta para ti meu amor!

— Como assim? — falei indireitando o meu corpo no sofá.

— Eu fui a empresa tratar de imensa papelada como sabes. E as tuas semanas a frente desse computador a pedir trabalho acabaram.

— Mulher explica-te!

O entusiasmo surgiu como uma festa surpresa.

—  Achas que consegues ser babá de uma criança de 8 anos?

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⏰ Última atualização: Jun 15, 2022 ⏰

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