Capítulo 1 - Gabe

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E Vai me dizer que você nunca viu isso? É tão óbvio que eu posso narrar os acontecimentos de olhos fechados. Presta atenção!

A nerd que só pensa nos livros e desconhece o uso da pinça está lá, observando o cara dos sonhos que, em sã consciência, jamais olharia para ela. A coitada não consegue nem disfarçar.

Ela vive suspirando pelos cantos da escola, achando que é invisível a tal ponto que, por tanto, ninguém vai reparar que ela tá babando pelo cara.

Presta atenção, visualiza. Um dia, ele está andando e, sem querer esbarra nela. Óbvio que ele não a viu. Seus livros caem e seus olhares se encontram. Pronto, dali surge um romance que, até então, era impossível. Clichês são clichês. E toda garota deseja o seu.

É tão comum que chega a ser ridículo. Não basta ver em filmes e ler nos livros, eu tive que presenciar esta cena fatídica bem no início do meu dia. E não consegui nem segurar o riso, o que chamou a atenção deles, e fez meu melhor amigo, o tal cara, me olhar com raiva. E a nerd revirar seus olhos.

Ele, na verdade, não é o cara popular, rico, bonito, com senso de humor e uma inteligência não descoberta. Este sou eu, óbvio. Mas ele é o meu melhor amigo e isso faz dele o segundo cara mais cobiçado da escola.

Mas, para meu profundo alívio, não fui eu o alvo da Nerd. Como ela costuma dizer por aí: Eu não faço seu tipo. Como se ela tivesse um.

Meu amigo, coitado, realmente é o tipo perfeito pra cair nas garras de uma frígida como a Charlotte. Mas, se eu puder ajudá-lo, este clichê não vai acontecer por aqui. Eu sou o cara que vai atrapalhar os doces sonhos da garotinha virgem.

Que me desculpem as menininhas que adoram romances clichês, mas eu vou fugir deste padrão. A última coisa que você verá aqui é um romance entre a nerd e o cara dos sonhos.

Quer dizer, se ela seguisse os padrões das "feias" dos livros, que de feias não tem nada, eu seria o primeiro a olhar seu interior. Mas, mano, a garota é esquisita. Não daquele jeito romantizado, mas do jeito esquisito mesmo.

Não que eu faça disso um objetivo de vida. Mas, logicamente, irrita-lá é um passatempo divertido. Até porque vou provar um questão este ano: clichês são apenas clichês e eles não tem nenhuma chance quando se trata de mim.

E, mais uma vez, na hora do intervalo, a pobrezinha está lá, quase secando o cara com o olhar. É a minha deixa.

— Tá babando aí, nerd! - Dou um tapa em seu armário, a assustando.

— Imbecil. - Ela sussurra, mas eu ouvi.

O ódio que ela sente por mim é palpável. E eu nem sei quando isso começou. Não nos falamos, não temos aulas juntos, não fazemos parte dos mesmos grupos sociais. E, para falar a verdade, hoje é a primeira vez que a noto de fato. Mas, quem viu uma nerd já viu todas.

Minha história com elas vem de muito tempo. Sim, acredite, eu já vivi o meu clichê. Mas, a parte que omitem nos livros é que as santinhas são as mais perigosas, e elas podem pisotear seu coração sem dó nem piedade.

Minha nerd se chamava Greta. Invisível, aparentemente sem graça, mas muito linda. Tivemos nosso clichê e eu jurava que era a mulher da minha vida. Mas a garota foi pra faculdade mais cedo e lá começou a namorar o irmão da melhor amiga, que era, também, seu professor. Isso soa familiar pra você? Pois é, mais um clichê. Então passei a odiar essas histórias típicas.

Prepara que lá vem clichê!Onde histórias criam vida. Descubra agora