message twelve

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Sexta
[16/04, 10:38]

Junmyeon suava como se tivesse corrido uma maratona, o que, tecnicamente, foi o que ele fez.

Suas mãos tremiam, os olhos estavam vermelhos e as bochechas infladas. A dor que sentia no peito desde que brigou com Yixing aumentou gradativamente, sendo quase impossível respirar normalmente.

Ele parou de correr quando avistou a casa do chinês. Andou apressadamente até a porta e tocou a campainha várias vezes. A porta foi aberta por Yixing, e, ah, se Junmyeon achava que estava horrível, o Zhang nem se comparava.

Olheiras enormes, olhos inchados assim como o rosto, esse que estava úmido por um possível choro. Ele o encarou por longos segundos, antes de voltar a chorar, silencioso, e sorrir triste.

– Myeon... – sussurrou, fungando. – Você veio.

– Claro que vim! – adentrou a casa quando o mais novo deu-lhe uma brecha. – O que aconteceu?

Os dois se sentaram no sofá, uma distância grande entre eles, mas o Kim encarava o rosto do outro sem nem piscar, prestando atenção em todas as suas ações, enquanto o chinês fixava seus olhos em seus próprios dedos.

– E-eu... – respirou fundo. – Eu estava me arrumando para ir à escola, e ele ficava me seguindo pra todo lugar que eu ia, só que ele sempre fazia isso, você sabe, então não liguei. – ele se virou ao mais baixo. – Eu não pensei que ele fosse me seguir quando sai de casa, nem quando atravessei a rua correndo, juro que n-não pensei.

Ele começou a chorar compulsivamente, murmurando o quanto era um pai horrível, seus ombros chacoalhando agressivamente. Era lágrima atrás de lágrima, e Junmyeon não soube o que fazer – na verdade, ele nunca sabia.

O Kim chegou mais perto do maior, puxando-o pelos ombros e abraçando-o forte. Sabia o quanto Dowoonie era importante para ele, não imaginava o quanto deveria estar doendo. Junmyeon era bastante apegado ao cachorro também, vivia mimando-o e enchendo-o de ração, mas não chegava ao ponto de Zhang.

Doía muito saber que não havia o visto antes dele morrer.

— Eu tô feliz por você estar aqui... — Yixing sussurrou, o rosto escondido na curvatura do pescoço do Kim.

— Eu também. — Junmyeon suspirou e engoliu seco, o lábio inferior sendo maltratado pelos dentes.

De forma repentina, Yixing se soltou do aperto do menor e segurou sua mão, puxando-o para que se levantasse e o levando até o quintal. De primeira, Jun não entendeu, mas ao visualizar a plaquinha improvisada com uma foto de Dowoonie presa no meio das flores da senhora Zhang, o Kim soluçou e não segurou o choro.

— Yixing... — murmurou, como se dissesse que não queria ir até lá.

— Eu enterrei ele aqui, e pus a melhor foto dele no túmulo. A coleira e a ração preferida dele também.

Junmyeon viu Yixing se sentar em frente ao túmulo improvisado, as pernas dobradas e a cabeça baixa. Se aproximou e sentou ao lado do outro, limpando o nariz que escorria na manga de seu moletom.

— Sabe, Myeon, ele tava bem agitado esses dias. — o mais alto começou, fugando. Jun encarou o perfil alheio, mas seu olhar não foi correspondido. — Talvez seja porque ele sabia que amanhã tinha veterinário, ou porque a mamãe disse que o levaria para passear no parque no domingo. Mas eu não acho que seja isso. Eu acho que ele sabia que algo... Que algo tinha acontecido com a gente.

— Yixing, para... — suplicou, já sabendo qual o rumo que aquela conversa tomaria.

— E-e... Eu acho que ele também sabia que você não iria aparecer tão cedo aqui em casa. Dowoonie nunca me seguiu pra fora de casa, Myeon. Nunca. — os olhos dolorosos do Zhang se encontraram com os marejados do ex-namorado, e mais um sorriso sem vida enfeitou seu rosto bonito. — Myeon, ele queria ver você.

— Xing...

O nariz do mais velho estava entupido e ele não conseguia respirar direito. Puxou o ar pela boca e desviou os olhos dos do outro, fixando-os no túmulo de Dowoonie. Do seu filho.

Junmyeon escutava o choro de Yixing, mas não conseguia encará-lo. Seu coração doía muito, e saber que o maior sentia o mesmo era a pior parte.

— Eu não tô te culpando, você sabe. Mas... Mas quando os pais se separam, não quer dizer que os filhos não existem mais. — murmurou. — Ele sentia saudades de você, Junma. Eu sei disso porque eu também sinto.

— Para com isso! Para! — Junmyeon puxou os próprios cabelos e se engasgou com o choro compulsivo. Era horrível, torturante ouvir aquilo. — E-e-eu...

— Junmyeon — Yixing cortou sua fala, trazendo sua atenção a ele. — Você quer um abraço?

O choro do Kim se intensificou mais quando a frase saiu dos lábios ressecados do mais novo, o rosto já totalmente molhado e vermelho de tanto chorar. Yixing ao menos esperou uma resposta e apenas puxou o menor para si, envolvendo o corpo miúdo entre seus braços.

M-me des-culpa... — sussurrou com dificuldade, a voz saindo mais fraca ainda por seu rosto estar enterrado no peito alheio.

— Mas você não fez nada de errado — Zhang afagou os fios macios do mais velho, sussurrando milhares e milhares de vezes aquelas malditas quatro palavrinhas.

"Está tudo bem, Myeon."

[...]


Sexta
[16/04, 15:57]

Yixing: oq eu faço com as coisas dele?

You: o quê?

Yixing: as coisas do dowoonie, oq eu faço com elas?

You: nada, oras. Guarde-as.

Yixing: tipo como lembranças?

You: é...

Yixing: okay então

You: é...

Yixing: :/

You: ...
Tchau.

Yixing: ... tchau, eu acho.
parece que nada mudou mesmo.


NOTAS DA AUTORA:

JÁ FAZ 84 ANOS!!!!!! e talvez demore mais que isso pro próximo sair k

(ps: o que acharam da nova capa LIXO?)

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⏰ Última atualização: Mar 07, 2018 ⏰

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