Parte 2
Fernanda, sem mais delongas, foi em direção ao quarto da mãe, arrumar suas coisas, com o cenho franzido abriu os roupeiros e começava a jogar as roupas da mãe com certa força:
ㅡ O que está fazendo Fernanda? ㅡ Perguntou Márcia, detendo a moça.
A menina parou colocando as mãos na cintura, olhando para o teto bufou, se remexeu desconfortável, até olhar para o chão, depois para a mãe:
ㅡ Mãe, irão te levar para uma clinica, pra você ficar melhor, poder descansar, você anda muito estressada, sabe...
ㅡ Pra onde vão me levar?
ㅡ Já disse, pra uma clínica...
ㅡ Que clínica Fernanda? ㅡ Praticamente berrou a mulher de olhar cansado e arregalados.
ㅡ Uma clínica psiquiátrica. ㅡ Sussurrou a menina, depois de encarar a mãe por alguns minutos.
ㅡ Eu não vou. ㅡ Dizendo isso a mulher se sentou na cama, aparentando calmaria.
ㅡ O que? Olha mãe... ㅡ A menina coçava a testa em um gesto de frustração e não conseguia parar de suspirar. ㅡ Você sabe que não temos escolhas, quer dizer, não mais... Amanhã virão pra te buscar... Pense pelo lado positivo...
ㅡ Não adianta, eu não vou!
ㅡ Por que não?
ㅡ Como assim por que não? ㅡ Murmurou a mulher encarando a filha que estava em pé a sua frente. ㅡ Tenho que estar aqui quando seu irmão voltar.
Os olhos de Fernanda se encheram de lágrimas, a mesma colocou a mão na boca, a pele pálida ganhou um tom avermelhado, deixou a mão cair de lado e olhou na direção oposta a sua mãe:
ㅡ Vai ser melhor mesmo você ir, já está difícil o bastante sem o Ricardo aqui.
Dizendo isso a moça sai do cômodo a passos duros, em seu quarto chorou até não ter mais lágrimas para derramar. Marcia permaneceu no cômodo sem se mexer, encarava a porta, às vezes sorri afetuosamente e rapidamente fechava a expressão. Nenhuma das duas conseguiram adormecer. As sete da manhã, em ponto, fora tocada a campainha do pequeno duplex. Fernanda correu para que fosse atendida:
ㅡ Viemos buscar a senhora Márcia Tessari. ㅡ Disse um homem jovem, de expressão cética e de aparentar ter pressa.
ㅡ Claro, entre por favor, talvez ela possa resistir...
ㅡ Sem problemas. ㅡ Disse o jovem, fazendo sinal com a cabeça e outro homem rechonchudo sair do carro.
ㅡ O que farão com ela?
ㅡ Caso ela mostre resistência, teremos que sedá-la.
ㅡ Mas, creio que isso não será necessário... ㅡ Sem deixar que a moça terminasse, os dois homens adentraram a casa.
Encontraram Márcia na sala de estar, que havia descido para saber quem havia chegado em sua casa aquela hora da manhã:
ㅡ Senhora Marcia Tessari. ㅡ Perguntou o gorducho.
ㅡ Sou eu. ㅡ Respondeu a mulher de aparente cansaço.
ㅡ A senhora terá de nos acompanhar. ㅡ Disse o jovem.
ㅡ Eu não vou! ㅡ Berrou a mulher virando-se para tentar correr, mas foi impedida pelos dois homens que com agilidade agarram a mulher que se debatia com todas as suas forças. Com certa habilidade o homem corpulento aplicou no braço da mulher com certa força uma seringa e injetou o conteúdo.
Marcia, em poucos segundos parava de se debater, ficando mole e desacordada. Ambos os homens ignoraram os gritos de Fernanda, como se a mesma fosse apenas um verme insignificante. Os homens colocaram Márcia no carro:
ㅡ Precisamos que assine aqui. ㅡ Disse o mais jovem a Fernanda.
ㅡ O que fizeram com a minha mãe?
ㅡ Apenas a tranquilizamos para facilitar o trabalho, assine logo, não temos o dia todo.
Fernanda lê o documento rapidamente, focou apenas nos dias de visita e assinou o documento.
ㅡ Não consegui fazer as malas de minha mãe ainda, as levarei no horário de visita.
O rapaz apenas afirmou com a cabeça, sem qualquer interesse. Fernanda permaneceu fora da casa, até o veículo desaparecer de vista, entrou na casa de cabeça baixa, abraçando o próprio corpo, sentou-se no sofá e ficou encarando os retratos de rostos sorridentes até a campainha a assustar. Quando atendeu a porta tentou fechar a mesma, mas o homem que havia chegado a impediu entrando mesmo assim:
ㅡ O que está fazendo aqui? ㅡ Disse Fernanda vociferando.
ㅡ Eu já disse, tenho que ficar com você, sua mãe está em um clínica psiquiátrica, agora eu sou o responsável.
ㅡ E eu disse pra não vir!
ㅡ E vai fazer o que? Morar na rua?
ㅡ Esta casa é da minha mãe! Eu vou ficar aqui!
ㅡ Não vai!
ㅡ Me impeça!
ㅡ De acordo com a nova lei que o estado proclamou, todos os bens da mulher durante o casamento, passa a pertencer ao marido, esta casa é minha e eu preciso de dinheiro.
Fernanda permaneceu paralisada encarando o senhor a sua frente, de cabelos grisalhos, barba por fazer e o mesmo tom de azul dos olhos de Fernanda tinham os olhos do homem:
ㅡ Se não vai pertencer a minha mãe, também não pertencerá a você. ㅡ Murmurou Fernanda com certa calma.
O senhor a sua frente levantou a mão para lhe acertar, com expressão de raiva e maxilar trincado, a menina a sua frente não vacilou nem mesmo um segundo, permaneceu o encarando:
ㅡ Que se dane então, não aguento mais essa sua rebeldia, pega suas malas e rua! Não sou obrigado a cuidar de você. Tem até amanhã.
Dizendo isso o homem deixa a casa a passos firmes. Fernanda desaba no chão chorando, batia sem parar no chão, só parando quando a mão estava completamente machucada, limpou as lágrimas rudemente e subiu para arrumar as roupas da mãe e suas roupas.
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Bom, mais um capítulo, espero que tenham gostado. Votem, compartilhem e comentem bastante, isso me motiva a continuar e melhorar.
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NULLA
General FictionUma nova ordem mundial foi instaurada, agora as regras são diferentes. A narrativa acompanha a vida de Fernanda, que era apenas uma garota comum, até que seu irmão foi morto, acusado de terrorismo contra o Estado. Após esse infeliz acontecimento, re...