LAUREN
Assim que o elevador chega, entramos nele. O seu interior é todo revestido de espelhos, nos refletindo em suas quatro laterais. Aperto os botões para que nos leve ao 34º andar, no qual, somos acompanhadas pelo som de um piano que toca ao fundo como música ambiente. Discretamente eu a observo pelo reflexo. Ela parece estar abatida, seu olhos estão fundos, a postura já não é tão ereta, não é de menos, depois de tudo o que ela vem passando nos últimos anos, ela está sendo forte. Eu estou puta de saber que ela teve que passar por tanta coisa, inclusive hoje, que era para ser um recomeço em sua vida, mas, sabe, eu estou feliz que ocasionou em ela estar aqui. Eu sei que é egoísta pensar assim, mas, ela vai ficar comigo durante um bom tempo, ela precisa que alguém tome conta dela, pelo menos para variar.
Nossos olhos se encontram. Em poucos segundos o ar entre nós muda, parece haver uma eletricidade aqui dentro, por alguma razão inexplicada, a atmosfera se carrega de forma excitante. Deve se dar ao fato de estarmos em um lugar tão pequeno e estarmos tão perto uma da outra. E sozinhas. Ela também percebe isso. Ela olha fixamente para mim e eu para a sua boca. De imediato, a minha respiração acelera e o meu coração dispara. Inconscientemente vou me aproximando dela perdida em seus lábios. Minha mente dá um branco e meu corpo entra em necessidade.
Doce ilusão. Não há tempo para acontecer qualquer coisa, pois, logo em seguida o elevador se detém e a porta se abre, obrigando a me afastar dela rapidamente. Um casal com três crianças entram sorridentes no elevador parecendo não notar a eletricidade que antes estávamos sentindo.
Eu preciso logo chegar ao meu apartamento. Sinto como se tivesse subido 10 lances de escadas correndo. Assim que vi a Camila na recepção, meu coração foi a mil, achei que ele fosse sair pela boca, mas isso aqui, nem se compara. Meu coração bate toda a pressa e estou excitada demais para pensar em qualquer outra coisa. Eu a olho de canto de olho, e seu rosto todo está vermelho.
- Tem certeza de que não irei incomodar? - Camila me pergunta meio sem graça, assim que nota que eu a estou observando, na tentativa de mudar o clima.
- Claro que não. Será um prazer imenso ter você por perto. - Digo esboçando um meio sorriso.
Ops, direção errada.
- Wow! Que laço bonito na sua cabeça, moça! - Exclamou uma das crianças apontando para a cabeça da Camila.
- Me deixa ver também! - a outra gritou.
- Olha, mãe! - a terceira estava quase subindo na Camila.
Ela teve que se agachar para que as crianças pudessem ver. Não era nada de mais, mas as crianças se sentiam atraídas por essas coisas.
- Muito bonito mesmo. - Disse a mãe, não se importando com o barulho que as crianças estavam fazendo.
- Obrigada. - Camila falou sorridente e claramente feliz do assunto ter mudado.
- É que hoje ela chegou embrulhada para presente. - Digo e as crianças acham graça, mas para mim é a mais pura verdade.
Não demorou muito para chegarmos. As portas do elevador se abrem e nos despedimos dos novos amigos.
Eu preciso me sentar logo. Todas minha forças ou pensamentos lógicos ficaram naquele elevador que em breve deve chegar no térreo. Minha vontade é de correr e recupera-los, se isso fosse possível. Acelero meus passos em direção a porta, mas Camila parece não conseguir acompanha-los. Diminuo para que ela possa me alcançar, não quero que ela pense que estou fugindo dela, muito pelo contrário, estou apenas fugindo da situação embaraçada que acabamos de passar.
- Sinta-se em casa! - Passo o cartão na porta e dou passagem para que ela entre primeiro.
- Bela casa... - Abruptamente Camila para no meio da sala, seu rosto se torna um vermelho intenso e ela olha fixamente para a cozinha.
Passo por ela para ver o que está acontecendo, e lá esta o problema. Como eu pude ser tão descuidada?! A garota da noite anterior, a "linda asiática", está pelada em frente a geladeira da cozinha com ovos em uma das mãos e a garrafa de leite na outra.
- Érr... Olá? - a "linda asiática" falou mais para si mesma, confusa. - Eu estava indo preparar o café da manhã, eu pensei que você poderia estar "cansada" da noite passada...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Poucas Milhas de Distância
FanfictionLauren, aos 09 anos de idade, sempre esteve sozinha. Seus pais nunca estão em casa, estão sempre em viagens a trabalho. Quem toma conta dela é a governanta da residência. Ela não frequenta a escola, seu ensino é feito em casa com os melhores profess...