Capítulo 2: Mariko

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Três semanas se passaram desde que a casa da família Son fora invadida por Myoui Haru e seus homens, e desde então a pequena Chaeyoung estava sendo levada de um lado para outro, e agora ela se encontrava muito distante de sua vila, muito distante de sua Coreia.

Dentro do carro de Haru, ela observava temerosa os prédios e casas da cidade de Osaka, no Japão.

Após uma longa viagem ela finalmente chegou ao seu destino: a casa da família Myoui.

Haru desceu do carro e puxou a menina com violência, arracando-a do veículo e e fazendo-a cair sentada no chão. Antes que ela pudesse pensar em se levantar, ela já pegara em seu braço e a levantou sem nenhum cuidado e a levou para dentro de sua casa. As pernas pequenas de Chaeyoung eram incapazes de acompanhar os passos largos do alto Haru, e ela foi tropeçando nos próprios pés durante todo o caminho.

Logo que entraram na casa, ele a levou para um quarto onde haviam outras duas pessoas: uma mulher de meia idade e um menino poucos anos mais velho que Chaeyoung.

Haru jogou a menina no chão, mais uma vez fazendo-a cair sentada. Em seguida ele chamou pela mulher, que prontamente se aproximou dele. Ele falou rapidamente com ele, e saiu do quarto.

A mulher era Park Somi, uma coreana que servia a família Myouihá quatro anos. Haru e seus homens haviam invadido a casa de sua família e matado seu marido Daejong e seus dois filhos adolescentes: Yunho, que tinha dezessete anos e Kinam com catorze. O único poupado foi o caçula Inbok, que tinha apenas sete anos quando tudo aconteceu, e junto de sua mãe ele foi arrancado de sua terra e levado para o Japão.

Muito assustada, Chaeyoung engatinhou até o canto do quarto, e se encolheu, enrolando os braços em suas pernas, enquanto era observada pela mulher e o menino.

A mulher baixa e com os cabelos negros com alguns fios brancos vagarosamente se aproximou da menina assustada que tremia de medo e se encolhia cada vez mais.

"Não precisa ter medo de mim" Ela disse em coreano, com uma voz doce e amigável, bem diferente de tudo o que a menina ouvira nas últimas semanas. Ela sorriu timidamente para Chaeyoung, que conseguiu sentir um pouquinho de conforto. Nas últimas semanas a única pessoa com quem ela tinha algum tipo de contato era Haru, mas só de ouvir seus passos se aproximando ela tremia inteira e mal conseguia olhar para o rosto daquele homem odioso. "Como é o seu nome?"

A menina hesitou por alguns instantes, antes de responder bem baixinho.

"Chaeyoung"

"Que lindo nome, assim como você. Você é muito bonita, Chaeyoung" a menina não conseguiu sorrir diante daquele simpático elogio, mas ela sentiu seu coração um pouco mais leve diante daquele gesto de ternura depois de tanta coisa ruim. "Eu sou Park Somi, e aquele é meu filho Inbok" a mulher apontou para o menino bem magro e de cabelos bem ralos que sorriu timidamente. Apesar de seu olhar sofrido, seu sorriso era doce. "Nós já vivemos aqui há algum tempo, o Comandante Myoui nos pegou quando invadiu nossa cidade, e agora nós trabalhamos para ele e sua família. Quando chegamos ele nos deu novos nomes, eu sou Izumi e Inbok é Toru, e ele acabou de me dizer que agora você se chama Mariko."

Chaeyoung não podia acreditar no que estava acontecendo: ela perdeu toda a sua família, fora arrancada de seu país e agora nem mesmo tinha direito ao seu próprio nome. Era coisa demais para uma criança de apenas oito anos lidar.

Ela se encolheu novamente e começou a chorar. Somi se aproximou um pouco mais da menina e carinhosamente começou a acariciar sua cabeça, tentando inutilmente consolar a menina.

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