Capítulo 5

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Eu apenas conseguia escutar a sua respiração calma mediante ao silêncio do beco. Fora um momento quase hipnotizador. Porém, eu logo despertei. Im Jaebum estava perto demais, e eu tinha medo do que poderia acontecer depois.

Com um pisão em seu pé, consegui fazê-lo se afastar de mim.

Aish. Por que fez isso? ― Perguntou incrédulo.

― E-Eu... o que importa, huh? Você mereceu! ― Cruzei meus braços. ― Porque você tinha que correr, hein? Porque não poderia lidar com aquela situação como homem? E ainda por cima... me trouxe junto com você! ― Vociferei as palavras. ― Agora eles estão atrás não só de você, como de mim também!

― Eu não sei quem são aqueles caras. E você deveria agradecer. Se eu não te trouxesse comigo, você poderia estar do outro lado de Seul agora.

― Eles não iriam fazer nada comigo!

― Você se acha esperta, mas na verdade não tem nada disso, não é? ― Riu debochador.

― Você não me conhece o suficiente para ter o direito de falar desta forma comigo!

― Você também não me conhece, mas foi capaz de me envergonhar na frente de uma pessoa!

― A culpa não é minha se você não sabe da existência de motéis! Seul é bem grande! Tenho certeza que não faltaria lugar para você ir.

― Responda-me isso você. Se não faltaria lugar para onde ir... porque foi para o meu apartamento?

― Eu já disse que o apartamento não é só seu!

― E eu já disse para não se meter comigo.

― Como se a culpa fosse só minha, não é, Im Jaebum. ― Satirizei a forma como pronunciei o seu nome. ― Se fosse por mim... eu nem olhava em sua cara.

― E por que não tenta fazer isso? ― Arqueou as sobrancelhas.

― Quer saber? ― Me aproximei mais dele. ― É o que eu vou fazer. Não há problema algum. Se é isso que você quer, posso encontrar um outro apartamento. Nem que eu tenha que passar o dia e a noite trabalhando. ― Digo. ― Tudo bem, Im Jaebum. Eu sairei daquele lugar e voltarei a deixá-lo apenas para você novamente, mas enquanto eu não sair... ― Abri um sorriso cínico. ― Tenha certeza que eu serei o seu maior tormento. ― Pisquei.

Sorri debochador pela última vez antes de sair do beco e observar cuidadosamente a região, tentando ter certeza de que aqueles homens não estavam rondando lá por perto.

(...)

Voltei ao apartamento. Jaebum sabia mesmo como me tirar do sério. Se bem que aquilo nem me afetava tanto. Não tanto quanto eu afetava ele. Agora eu tinha certeza de que a minha primeira impressão sobre ele não estava errada, pois ela continuava se mantendo firme até agora, e tinha certeza de que ela não iria mudar tão facilmente.

Me joguei no sofá e peguei o meu celular, começando por procurar por vagas de empregos e apartamentos para alugar que tivessem um preço bom e que... os proprietários aceitassem dar um desconto.

― Se é o que você quer, Im Jaebum... fique tranquilo. Eu farei o que pede. Até porque... desde o começo não fui muito com a cara desse lugarzinho... ― Dei de ombros. ― Desculpe, Jinyoung. Não pretendia ofender o lugar onde você morou por tanto tempo, mas... é isso. ― Senti minha barriga roncar. ― Aish... É verdade. Eu esqueci de comer. ― Levantei do sofá. ― Espero que aqui tenha ao menos macarrão. ― Me direcionei até a cozinha e remexi nos armários. ― Onde fica o macarrão? Ele não tem nem um pacotinho? ― Suspirei e peguei o banco do balcão, usando-o para subir e remexer nos armários que ficavam um pouco mais para o alto. ― Aqui! ― Abri um sorriso espontâneo. ― Há alguns pacotinhos. Dois serão suficientes...? Não. Três pode ser mais satisfatório. Ele talvez nem note...

― Três pacotes de macarrão? ― Jaebum apareceu na cozinha. ― Eu seria idiota o suficiente para não perceber? Pensei que quando você disse que não olharia mais na minha cara... também valia para qualquer coisa que fosse de meu domínio. E o macarrão também conta. ― Apontou.

― Isso é comida. ― Retruquei.

― Mas é a "minha" comida. ― Enfatizou com um sorriso irônico no rosto.

― Não se recusa comida a ninguém!

― Não estou recusando. Até porque... você pegou sem pedir.

Aish... você é sempre chato assim? ― Revirei os olhos. ― Depois eu posso repor o que eu peguei.

― E por que ao invés de pegar o que é dos outros... você não aproveita para "comprar" algo para você?

― Já está tarde...

― Há uma loja de conveniência no final da rua. ― Disse breve. ― Não vai demorar.

― E se aqueles homens voltarem?

― Não vão.

― Como tem certeza?

― Você só tem duas opções. Sentir fome ou... ir à loja no final da rua.

― Você será tão mau dessa forma?

― Olho por olho, dente por dente. ― Deu de ombros e sorriu cínico. Saiu da cozinha e encaminhou-se para algum dos outros cômodos do apartamento.

― Argh! ― Bufei. ― O que custava? Ele tem vários pacotes de macarrão. Três não faria falta. ― Devolvi os pacotes para dentro do armário e desci do banco. ― Você dormirá sem comer, Park Dara. Há pessoas em certos cômodos ― Digo com intensidade, com o objetivo de que ele escutasse. ― Que não são como a gente. Caridosos. Aish...

Me encaminhei de volta para a sala.

(...)

A minha barriga estava roncando. Eu deveria ir à tal loja, mas... eu não tinha dinheiro. O macarrão não sairia tão caro, mas eu havia gastado todo o dinheiro que eu tinha com a mudança. E só iria receber a pequena ajuda de minha tia, no dia seguinte. Eu teria de lidar com a fome de qualquer forma.

Bum! O que você está fazendo?

A voz da mesma garota de antes ressurgiu no apartamento.

― Ela ainda está aqui? ― Arquei as sobrancelhas. ― Ela vai viver aqui, agora? ― Comentei para mim mesma, incrédula. ― Se ele reclamava de que eu estava aqui... deveria reclamar dela também. ― Bufei. Revirei os olhos e logo senti o aroma de algo que rapidamente me chamou a atenção. Jaebum estava cozinhando. ― Ele está querendo esfregar em minha cara que eu terei que passar a noite de fome? Argh! De que espécie ele é? ― Tombei a minha cabeça para trás, choramingando no sofá. ― Minha barriga dói!

Sacudi minhas pernas para o alto, um pouco furiosa.

― Cuidado que suas pernas podem sair voando.

Ele adentrou a sala.

― Como se você se importasse... ― Murmurei. ― O que está fazendo aqui? Veio esfregar em minha cara que você comerá bem? Se for... ― Levantei do sofá, passando a encará-lo. Ele estava com uma tigela de macarrão. ― Que ousado! ― Vociferei. ― Ainda terá a coragem de comer em minha frente?

― Você que sabe. Se quiser comer, fique à vontade.

Jaebum colocara a tigela de macarrão sobre o pequeno centro próximo ao sofá e logo em seguida ele saiu da sala, voltando para cozinha.

― É para mim? ― Encarei a tigela. ― Por quê? ― Me aproximei do centro, inalando o delicioso aroma da comida. ― Parece tão saboroso... ― Umedeci os meus lábios. ― Espera! Por que ele está me dando isso? Foi ele mesmo quem recusou me dar os pacotes de macarrão... por que tão de repente ele decidiu me dar comida? ― Arregalei os olhos. ― Será que está envenenado?

Um alto barulho estrondeou pelo apartamento e logo as luzes apagaram-se. 

Apartment 12 ▶JB.Onde histórias criam vida. Descubra agora