Rosé
Quando nos conhecemos eu senti as famosas borboletas no estômago. Jennie me fazia tão bem. Sua alegria contagiante deixava qualquer pessoa próxima à ela feliz. Tudo nela era incrível. Foi inevitável não se apaixonar.
Cada momento com ela foi marcante. Os passeios à casa do lago da sua família que ela tanto adorava, ir à praça perto da sua casa tomar sorvete, os finais de semana na minha casa vendo filmes até de madrugada. A presença dela deixava tudo mais especial. E eu a amava tanto.
Mas tudo tem um fim. E o nosso fim chegou.
Talvez eu devesse ter sido mais delicada quando terminei com ela. Eu sabia da sua fobia. Só que fui idiota demais em pensar que ela ficaria bem com aquilo. Eu fui egoísta com ela. Fui egoísta com a gente.
Eu deveria ter lhe explicado da minha doença. Se tivesse feito isso quem sabe ela não se envolvesse tanto. Poderíamos ter sido só colegas. Então ela ainda estaria viva.
Eu a matei. Eu fiz aquilo com ela. Eu.
Sempre acho que vai ser diferente contudo a mesma coisa se repete. Eu amo alguém para depois não manter quaisquer sentimentos pela pessoa. Eu sou um monstro. As pessoas deveriam se distanciar de mim. Eu só sei machucá-las.
Me pergunto como tive a coragem de aparecer aqui. Sua família me odeia. Seus amigos me odeiam. Todos me odeiam. Mesmo assim eu vim, é o máximo que eu posso fazer. Me despedir dela de forma certa.
O cemitério esbanja um ar melancólico e depressivo assim como as pessoas que rodeiam o caixão dela. O local não está tão cheio, mas tem um bom número de familiares e amigos - todos com a tradicional roupa preta demonstrando o seu luto. Os guarda-chuvas escondem os seus rostos cobertos de lágrimas. A mãe está sentada próxima ao corpo da filha, com o marido do seu lado lhe consolando tentando conter o próprio choro.
Eu observo tudo de longe. Debaixo de uma árvore. Sentindo meu cabelo ruivo molhar com as pequenas gotículas da chuva. Ninguém havia me visto ainda.
Quando soube tudo o que tinha acontecido. Como ela tinha tirado sua vida por minha causa. Pensei em não vim ao velório. A culpa me consumia. Os olhares que me lançavam fazia-me pensar que era eu quem devia estar no lugar dela. E eles estavam certos. Jennie teria várias oportunidades pela frente, ela era uma garota inteligente e dedicada com certeza seu futuro seria promissor.
Quanto à mim. Totalmente o oposto. Eu fazia mal as pessoas mesmo sem querer.
O tempo foi passando e com isso a chuva aumentou. Fazendo as pessoas saírem correndo rapidamente para dentro da igreja, incluindo seus pais. Deixando o caixão coberto na tempestade fria.
A passos lentos fui me aproximando. Sem me importar com a chuva. Cada vez que chegava mais perto meu peito se apertava.
Quando finalmente me aproximei os meus joelhos cederam e eu caí sobre o caixão. A pequena grade de vidro me fez ver seu rosto pálido e sem vida. A culpa me invadiu ainda mais.
E foi ali, sobre a chuva gelada e abraçada naquele caixão, que eu chorei. Chorei de culpa, de arrependimento, de tristeza. Chorei até que não me restassem mais lágrimas.
- Oh, Jennie, por favor me perdoe. - disse entre soluços - Eu nunca quis que isso acontecesse, isso tudo foi minha culpa, eu quem deveria estar morta não você. Por favor volte, sua família sente sua falta, eu sinto sua falta. Por favor volte e seja aquela menina alegre novamente.
Fiquei mais algum tempo lá. Sem me importar se estivessem me vendo ou do que estariam pensando. Eu só queria abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem.
Quando o choro cessou eu me levantei. E a olhei uma última vez. E quando percebi já era tarde.
Eu ainda a amava.

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anagapesis ➵ chaennie
Fanfictioneu a amei, mas não amei o suficiente. [kim jennie + park chaeyoung | one shot | yuri] © plot da jiminieunicorn aviso: essa é a segunda parte, a primeira parte se chama "Thantophobia" e está no meu perfil.