O dia de hoje fora sem dúvida alguma o mais cansativo da semana. Não tive só de frequentar as aulas, mas como percorri quase toda a faculdade para tentar encontrar um colega do clube de jornalismo de Julieta, para que esta pudesse resolver um problema que, de acordo com a ruiva, "era de extrema urgência e que podia sacrificar toda a reputação de um grupo".
Por isso, quando me deitei no sofá e pude sentir o meu corpo relaxar por fim, enquanto escolhia um canal na televisão, não estranhei que o meu telemóvel tocasse. Deixei um suspiro sair por entre os lábios e pensei seriamente em ignorá-lo.
E foi isso que fiz, até que a ideia de que a chamada poderia ser do Shawn surgiu. Ignorando as dores das bolhas que apareceram nos meus pés devido à horrível ideia que tive de manhã de calçar uns ténis novos, corri até à bancada da cozinha onde pousei o equipamento eletrónico e as chaves de casa.
"Rosemary?", a voz masculina pelo qual esperava ouvir novamente à pouco mais de dois dias, pergunta por mim após atender a chamada. Suspiro de alívio quando a sua voz expulsa todos os pensamentos negativos que possuí nestes últimos dias.
"Sou eu mesma!", digo numa mistura de entusiasmo e de cansaço. Há um momento de pausa, que embora pudesse ser constrangedora, não o foi pois aproveitei-a para me sentar novamente no sofá. "Pensava que te tinhas esquecido do projeto.", tal como na breve conversa passada, censuro-me. Porquê que eu tenho de dizer tudo como os malucos, quando estou nervosa?
"Desculpa, Rose.", fico em choque com a alcunha que provêm de Shawn Mendes. A minha mente diz-me que é a forma normal que o moreno trata as fãs e possíveis ofertas de trabalho, mesmo que eu não lhe esteja propriamente a oferecer-lhe o universo. Nem isso lhe estou a oferecer. Para ser honesta, não sei ao certo o que a Julieta negociou com o seu gestor para conseguir os momentos em que irei falar com ele e estar com ele para poder realizar o meu projeto. "Antes de ontem, quando me ligaste estava a conhecer algumas fãs e logo a seguir tive de me preparar para o concerto. A minha ideia seria ligar-te ontem, se não fosse o aparecimento de uma entrevista...", compreendo que ele não tem a mesma quantidade de tempo livre como eu, mesmo que tenhamos a mesma idade. Novamente, censuro as minhas palavras repentinas.
"Claro, claro. Eu compreendo e apenas posso fazer isso. Apenas tinha receio que voltasses atrás, já que durante as próximas semanas irei acrescentar mais trabalho ao teu dia a dia.", falo sinceramente enquanto vejo uma cena do King Kong.
"Não tenhas receio. Não sou pessoa de voltar com a palavra atrás. Se aceitei fazer parte do teu projeto, não irei desistir a meio.", ouve-se algum ruído através da chamada, e receio que a altura que Shawn achava apropriada para me ligar não seja bem assim. Pergunto se a altura é a melhor e que posso esperar mais um pouco. "É apenas a minha equipa a entrar no autocarro da tour. Vamos iniciar a viagem agora."
"Não te cansas de estar sempre preso em transportes que te levam para um novo local a todo o momento?", decido que é uma pergunta pertinente e que pode ser incluída em alguma parte do trabalho, no entanto também lhe pergunto por ser algo que me desperta a curiosidade.
Embora tenha uma paixão enorme por viagens e o facto de haver a oportunidade de conhecer novos locais com tanta facilidade nos dias de hoje, não me imaginaria com capacidade suficiente para estar sempre a realizá-lo. Lembro-me que, quando fui para Austrália, para o outro lado do mundo, tive de fazer escalada e nunca cheguei tão cansada a um quarto de hotel. Por isso, apenas imagino a quantidade de cansaço que por vezes o rapaz sente pois este acrescenta o desgaste de um concerto a todos esses sentimentos.
"Já começamos com as perguntas?", o seu riso é contagiante. É uma leve gargalhada rouca que, mesmo que a pessoa ao seu lado esteja no pior dia da sua vida, irá fazê-la rir-se. "Estou a brincar. É cansativo, não vou negar. Mas foi isto que sempre quis fazer e lutei para ter. Há dias que o cansaço é demais e que me dá vontade de desistir, mas sei que toda a gente alguma vez se sentiu assim. Além disso, não me posso queixar. Posso conhecer o mundo enquanto faço aquilo que mais amo fazer: Cantar e estabelecer uma ligação com as pessoas que ouvem as minhas músicas.", não consigo olhar a sua face, mas tenho quase a certeza que, do outro lado da linha, Shawn encontra-se com um sorriso enorme capaz de demonstrar o seu amor por tudo o que faz. "E então e tu? Nunca pensaste desistir em algum ponto?"
Por uns momentos penso na sua pergunta. Será que alguma vez senti uma vontade enorme de desistir de alguma coisa? A resposta seria não. Nunca tive a necessidade extrema de o fazer. Sou teimosa, portanto quando alguém me põe algum desafio quer a nível pessoal ou académico irei até ao fim à luta.
No entanto, houve alguém que mereceu que eu desistisse dela. "Sim. Pensei e fiz-lo. Acho que essa pessoa mereceu que eu desistisse dela. Não sei se ela pensa o mesmo, mas foi como que uma corrente de ar fresco num dia de extremo calor quando lhe disse que nunca mais queria relacionar-me com ele.", recordo-me de toda uma situação que ocorreu numa fase inicial da minha adolescência e, à medida que falo disso, a minha garganta ganha um nó.
"Sinto muito.", foi a única coisa que Shawn conseguiu pronunciar após o meu discurso. Embora esteja farta que as pessoas o digam quando faço divulgação desta situação, sinto que com o Shawn é diferente. Ele não mo está apenas a dizer porque fica bem na fotografia, mas porque realmente o sente.
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Unknown To Him || shawn mendes
FanfictionRosemary Harris é a típica adolescente. A sua rotina consiste em ir assistir às aulas do curso de psicologia, voltar para casa e tentar aproveitar ao máximo o pouco tempo livre que a faculdade lhe proporciona. Shawn Mendes é o atípico adolescente. A...