Prólogo

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-B

Quando acordei hoje não achei que o dia seria tão atribulado e louco como foi. Só conseguia pensar na merda que está acontecendo nesse país. Para variar quem vai ter que salvar sou eu, vendendo a minha vida. Já não bastava ser obrigado a herdar o trono, ainda tinha que comprometer minha vida pessoal. Somente 21 anos e o futuro de um país em minhas mãos. Edelvais era um país com grande potencial. Sua economia focada na agricultura e exportação de soja foram suficiente durante toda a sua antes de uma praga praticamente dizimar todo o nosso patrimônio. Poucos hectares de plantações puderam ser salvos depois que a praga destruiu toda a colheita. Nossa cultura nunca conheceu outra forma de movimentar a economia, algo que o reinado de meu pai enfrenta agora. Além disso, com a mudança tardia de um sistema de trabalho abusivo, nós sofremos uma grande queda econômica, não haviam muitos parceiros comerciais por não concordarem com a cultura praticamente escravista de Edelvais. Foi difícil tentar trazer meu pai para esse século e incentivá-lo a acabar com essa era de sofrimento e desrespeito com os cidadãos. A cartada final que o fez decidir foi quando perdemos uma pessoa próxima por conta disso, Jenna. Todos nós a assistimos crescer. Seu pai ficou arrasado.

Meu pai, Oto, rei da metade de uma grande ilha ao lado da Europa, me chamou hoje em seu escritório e me deu a pior notícia que eu ouvi até hoje. O ambiente totalmente em decoração branca e dourada não foi suficiente para me acalmar quando ele disse o que tinha em mente para salvar o reino da ruína e a nossa família do caos que seria um golpe contra a coroa.

CASAMENTO!

Entre os três filhos que ele tem, eu fui o escolhido para me casar com a princesa festeira e inconsequente do país vizinho. Aparentemente, nossos pais fizeram um acordo em função da grande crise de Edelvais. O Rei da Cravina, Dario, dará apoio financeiro ao meu país se eu aceitasse me casar com sua filha, Princesa Charlotte. Eu não ligaria se fosse a filha mais nova, Princesa Emma -embora nossas idades não permitam - mas a outra é descontrolada, sempre sai alguma fofoca chocante dela em baladas, em quase todas as suas fotos de paparazzi ela tem uma garrafa de bebida na mão. A menina não tem limites, muito menos age como uma princesa.

- Pai, como pôde aceitar isso sem me consultar? Serei Rei um dia, também tenho voz nas decisões do conselho. – disse me levantando bruscamente da cadeira acolchoada com veludo azul.

Normalmente não sou tão descontrolado, na verdade sou um cara bem centrado, mas isso foi como um gatilho. Eu tenho uma vida pessoal, eu estava planejando cortejar Diana, da maneira que era feita antigamente, ela é tão bela, de família nobre - não que eu importe com isso - e tão exemplar. Seria a rainha perfeita.

- Não há nenhuma outra escolha, filho. É claro que você também deve opinar, mas a proposta foi tentadora. Além disso, vai se casar com uma bela mulher. Charlotte é linda, com uma beleza digna da sua.

Disse-me o homem alto, de cabelos parcialmente grisalhos, barba quase totalmente grisalha, rosto anguloso e traços finos. Seus olhos castanhos me passavam insegurança. Eu entendo a crise financeira, entendo que temos de tomar medidas drásticas, mas é a minha vida também. 

- Ela só presta na aparência mesmo. Já pensou na péssima imagem que ela daria à Coroa Edelvariana? Como isso pode resolver nossos problemas? – disse.

- Dessa parte, o Rei Dario me garantiu que cuidaria. – respondeu em sua voz grave e profunda.

- Não existe outro modo? – perguntei em minha última gota de esperança de sair dessa furada.

- Não, meu filho. Se não fizermos nada rapidamente, podemos presenciar revoltas ou coisa pior, como um golpe. - Sua voz pesou no fim da frase.

Não digo nada, apenas o abraço e deixo a ampla sala.

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