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Devo admitir que ainda estou um pouco atordoado com tudo que vem acontecendo ultimamente. Além de ter que ver meu país sofrer, eu ainda tenho que sacrificar a única parte da minha vida que eu pensei que pudesse controlar.
Fui direto ao meu quarto, depois de toda aquela conversa me senti meio desconfortável. Comecei a pensar em todas as coisas que eu sonhei e que nunca terei. Uma família feliz e unida como a minha. Eu sempre quis ser um ótimo chefe de família, como meu pai sempre foi, mas essa é a única decisão dele que eu não apoio. Eu costumava pensar que teria uma mulher maravilhosa e que me amasse tanto quanto eu a amaria, mas parece que vai ser só um casamento de aparências. Como vai ser isso? Como vou viver com uma pessoa que não planeja nada e só faz burradas? O pior de tudo vai ser tentar domar aquela fera.
Não me julguem mal, mas ela não é meu tipo de mulher. Meu tipo é a que combina comigo. Eu sei, devo estar parecendo um babaca. Ela aparenta ser completamente o oposto, enquanto minha Diana é tudo que eu sempre sonhei. Ela é linda, com seus cabelos castanhos e olhos azuis. Além de ser filha de um dos nobres do país, ela também é uma mulher exemplar, está sempre presente em serviços comunitários e qualquer tipo de evento que beneficie qualquer um menos ela. Sempre me coloquei em todos os lugares que ela estava, de propósito é claro, mas não somos tão próximos quanto eu gostaria. Eu já estava decidido a cortejá-la, cafona eu sei, mas sou assim. Parece que o meu interesse vai ter que acabar.
Ouvi batidas na porta e fui responder. Mamãe me encarava com seus olhos profundamente azuis. Minha mãe, Laura, é a mulher mais bela que já vi. Tem os olhos azuis como o mar em um dia de sol, a pele impecável, apesar de seus 45 anos. Seus cabelos loiros acobreados médios e macios. Me lembro de como papai sempre a chamou de 'minha rainha', de como ele olha para ela. É o mesmo olhar desde que me conheço por gente. Algo que nunca terei.
- Como você está, meu doce? – perguntou.
- Nada bem, mamãe. Papai já te contou?
- Sim, querido. Não se preocupe, vocês vão aprender a conviver. Eu e seu pai fomos prometidos desde o nascimento e mesmo assim conseguimos encontrar o amor um no outro. – Ela me lembra de que seu casamento com papai também é arranjado.
- É fácil falar quando se tem a vida toda para se ajustar. Já eu, tenho um mês. – Me sentei na cama - Sem contar que ela não é a mulher ideal para se tornar rainha, não como Diana é.
Ela me olhou seriamente.
- A Madame Diana pode ser boa nos jornais e sites de fofoca, mas aquela família é podre, seu pai nunca permitiria que vocês se casassem. – explicou.
É estranho o pensamento de que no século XXI e com a minha idade eu precise da aprovação do meu pai para me casas.
- Pelo menos eu deveria ter o direito de escolher. – Reclamei em voz baixa, mas acho que ela ouviu.
- Chega de reclamar. Você será rei um dia, não poder ser um que reclama de tudo. Aceite as circunstâncias e desça para pegar o anel de noivado da família. – Ela encerrou a conversa com um beijo na minha testa e saiu sem dizer mais nada.
Não me atrevi a responder, mamãe pode ser bem ríspida quando quer.
Desci e fui até o salão de monumentos. Meus pais estavam lá abraçados, sorrindo e sendo felizes de uma maneira que eu nunca serei. Quando percebem que estou lá, chamam o empregado para ajudar.
O salão é enorme, com quadros dos reis antepassados, monumentos históricos e objetos valiosíssimos. As cortinas em azul Royal com detalhes em dourado, as cores do brasão da família, que está prostrado no chão de madeira, e em bandeiras penduradas nas paredes. Tudo que tem aqui é muito bem guardado por três guardas, dia e noite.
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Entre Reinos
Storie d'amoreCharlotte Iakhow, princesa herdeira do trono da Cravina. Benjamin Hornath, príncipe herdeiro do trono de Edelvais. Em um momento de crise no Reino de Edelvais, o Rei Oto foi obrigado a tomar uma decisão drástica: uma parceria com o Rei Dario do Rein...