Gone ➣ One Shot

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As ruas já estavam escuras, sendo apenas iluminadas por postes de luzes que ofuscavam o brilho das estrelas no céu, quando Karlie saiu do hospital localizado nos subúrbios da cidade. Kloss havia deixado o local mais cedo do que esperava, mas da mesma forma só conseguiu estacionar seu carro na garagem depois de uma hora, o caminho de volta era sempre cansativo e turbulento, com as ruas entupidas de pessoas que nem ela, só querendo acabar logo com o dia.

Quando seus pés entraram na casa, se prontificou em tirar seu sobretudo e colocá-lo na primeira cadeira que encontrará. Era um grande apartamento para só um morador, mas se sentia bem ali, mesmo com toda a bagunça que fingia não existir, quase não parava em casa de qualquer forma. Com sua mente atordoada depois das cirurgias performadas, tentou se distrair ao ligar a televisão, não conseguiria relaxar e dormir com o estado que seus pensamentos se encontravam.

O apartamento previamente silencioso ganhou certa vida quando a televisão se acendeu. Enquanto passava pelos canais se encontrava mais perdida do que nunca, nada a satisfazia, então apenas deixou o canal de notícias inundar a atmosfera. Todavia, apenas a atmosfera do local mudou, não a instalada em sua mente. O número sete a rondava, e após o erro cometido pela manhã, tudo pesava mais. Para piorar a situação, ela não saia de sua mente. Os pensamentos se misturavam e criavam uma nuvem pesada encima da mulher.

Queria um colo para deitar, um ombro para chorar, alguém para a ouvir. A verdade é que não queria alguém... Queria ela, Taylor, a mulher que não deixava seus pensamentos, que tirava seu sono, que - mesmo depois de anos - ainda a deixava com borboletas no estômago. Mas não podia a ter. Não depois do erro que cometeu, não depois de tudo que viveram.

A médica trocou o canal pela segunda vez, tentando tirar Taylor de sua mente e todos os problemas explodindo sua sanidade. Era complicado explicar o que sentia. Medo? Remorso? Culpa? Impotência? Tudo isso junto? Queria gritar até perder todo o ar de seus pulmões. Chorar até sentir seu corpo se desidratar. Desistir.

Desligou o aparelho que lhe fazia companhia e se rendeu ao silencio, se questionando sobre seu próximo ato: Telefonar, ou não? Seu coração vazio pedia por aquilo, seria como reacender um pouco a chama que a mantinha ali. Entretanto, sua - quase inexistente - consciência gritava com toda força que encontrava: Não.

Pela primeira vez em um ano, deixou seu coração ganhar. Correu até sua bolsa que descansava na mesa lotada de papeis e documentos já sem importância e procurou, como se sua vida dependesse daquilo, seu celular. Quando encontrou o aparelho preto e já quase sem bateria, o desbloqueou e digitou na barra de busca dos seus contatos o nome que a assombrava. Se abismava por nunca ter deletado o contato da mulher, o guardava com certo carinho e apego. Tocou na tecla para telefonar e pós o aparelho na orelha, esperando que mesmo com o horário passando das dez da noite, ela atendesse.

- Boa noite - A voz temida por Karlie surgiu após alguns toques. Ela entendia o tom confuso de Swift, como se não soubesse quem a ligava: Era óbvio que não teria mais o seu número salvo.

- Oi, Taylor? - Questionou a mulher fingindo não ter total certeza de quem havia atendido a sua ligação, quando, na verdade, tinha total noção de quem era a voz que a respondia. O tom carregado de certo sono amolecia o coração de Kloss.

- Sim... - Soou cansada. - É a Karlie? - Perguntou e seu coração errou a batida. Ela se lembrava do meu número? Ainda tinha ele salvo? Ou talvez lembrasse da minha voz? Várias perguntas a distraíram por alguns segundos.

- Oi, Tayz - Respondeu com o apelido antigo, deixando, de certa maneira, as duas ex-esposas desestruturadas. Karlie não tinha certeza se precisava falar algo a mais, então o silencio se fez presente na linha telefônica.

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