Dia 1

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    Eu não aguentava mais, não tinha amigos e minha família estava sempre ocupada de mais pra me escutar "mãe eu posso falar com a senhora?" E a resposta vinha sempre ensaiada "desculpe filha tenho muita coisa do trabalho hoje, pode ser outra hora?", "Pai estou com problemas...", "Você é uma adolescente eu me preocuparia se não tivesse, pegue dinheiro em minha carteira e vá fazer compras com suas amigas".
    Como se eu tivesse amigas, como se alguém quisesse se aproximar de mim... Minha vida não se passava de uma rotina trágica e horrível.
    Eu acordava, escovava os dentes, ia para a escola, ficava sozinha, voltava pra casa e continuava sozinha... Eu tenho uma irmã, mas ela não vai aparecer muito nessa história então... Já estou enrolando não é? Vamos lá!

    Eram mais ou menos uma hora da manhã, minha vontade era de pegar a lâmina novamente mas não havia mais espaço em meus braços... Então eu decidi compartilhar minha dor com alguém...mesmo sabendo que jamais receberia uma resposta eu peguei meu celular e enviei uma mensagem para um número que eu inventei...

    "Quantos cortes são necessários para que alguém perceba sua dor? Quantas lágrimas? O que é necessário para que percebam que você precisa de ajuda? Desculpe te incomodar senhor anônimo, mas eu gostaria que você me respondesse, por que os pais esquecem que tem filhos e só se dedicam ao trabalho? por que tudo é sempre um drama adolescente? Eles só precisam olhar pra mim, todos só precisam olhar pra mim para ver que eu preciso de ajuda... você deve estar se perguntando...(por que vc não pede ajuda?) Mas aí está, eu pesso, mas as pessoas ignoram porque só se importam em quantas notas A eles tiraram, quanto dinheiro elas perderam em uma Ação, quantas jóias se pode comprar com seus recursos, enquanto tudo que eu queria senhor anônimo é ajuda... só ajuda...."

    E com a certeza de que não receberia uma resposta eu decidi dormir, eu dormi com a esperança de não acordar. Porém para o meu desespero eu acordei, mas naquela manhã havia algo errado comigo, estava sentindo algo que a muito não sentia, eu estava sentindo vontade de viver, de ver o sol, de me arrumar... Eu virei para o lado e peguei meu celular, dizer que me espantei ao ver o que estava na tela seria pouco, uma mensagem, uma notificação de que alguém falou comigo e por alguns segundos eu cheguei a sorrir, o sorriso que logo sumiu ao lembrar que de tempos em tempos os alunos de minha sala me mandavam mensagens de ódio, como se eu os fizesse mal por ser quieta e sozinha, com receio do que iria ler e já com a lâmina fazendo fortes em minha mão eu abri a mensagem e ao ver de quem era eu me senti enjoada e tonta, não sei se era pela mensagem ali escrita ou pelos cortes ardendo em meus braços e mãos...

    "Ninguém nunca me chamou de senhor anônimo... Sabe que eu gostei? Eu sinto por não ter as respostas que você procura, mas você disse que queria ajuda...bom...aki estou eu, o grande super herói SENHOR ANÔNIMO ao seu dispor."



Me desculpem qualquer erro bjos

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