Flora ficou acordada à noite toda pensando em Galeb e em como falaria que estava apaixonada por ele. Quando o relógio marcou aproximadamente 6 horas da manhã ela foi até os aposentos da princesa, como sempre fazia. Os empregados não desconfiaram de nada, afinal, tudo aquilo fazia parte da rotina.
- Melissa - sussurrou - estou indo. Me deseje boa sorte!
A resposta foi algum tipo de murmúrio inteligível. Flora entendeu que a princesa ainda estava dormindo e saiu de fininho pela porta.
*****
Quando teve certeza que sua amiga saíra, Melissa levantou da cama. Estava cansada de fingir que dormia. Ela já tinha passado à noite inteira acordada, temendo que Flora não fosse visitá-la antes de partir ou que não a acordasse de manhã. Melissa tinha que aproveitar o máximo hoje, afinal, sua amiga não aprovava mais suas saídas, e como tomava conta da princesa todos os dias, seria quase impossível sair sem ser vista noutra ocasião.
Colocou a mão embaixo da cama, receosa por não saber se Flora levara, ou não, o manto. Nesse momento sentiu um tecido áspero roçar-lhe os dedos, sorriu aliviada. Melissa pegou a capa e saiu, mais sorrateira quanto pôde, pela porta de emergência da criadagem que dava para seu quarto.
*****
- Galeb!!! - ouviu antes de ver a garota que o abraçou, quase o derrubando.
- Florinha! Quanto tempo! - disse, finalmente olhando para ela - Ei! Suas bochechas estão vermelhas, está com frio? - Galeb disse, sem entender o real motivo da pele rosada da garota, oferecendo seu agasalho para ela. Mesmo não aceitando, ele o colocou em volta do corpo de Flora. Quando olhou de novo para o rosto dela, percebeu que, de algum jeito ela tinha conseguido corar mais do que estava antes.
Agora que tinha dado o agasalho para Flora, o seu frio aumentara. Depois de um tempo de conversa, estava quase regredindo a decisão de vir até o poço a essa hora da manhã.
Mesmo que contrariado ele resolveu ficar, afinal, tinha escolhido esse local por um motivo específico. O Poço Central se localizava um pouco mais perto Centro do que a taberna de seu tio. Mas era um dos únicos lugares em que podia-se observar o pequeno bar de Hugo à distância, sem aparentar suspeita. Então, Galeb olhava de tempos em tempos para ver se identificava a garota do capuz em meio a pequeno grupo de pessoas que frequentava a taberna. Ele não sabia o por quê estava tão obcecado por essa menina, mas sentia que precisava saber mais sobre ela.
- Galeb! Você está me ouvindo? - disse Flora, já irritada com o número de vezes que ele olhara para o lado enquanto ela falava. O grito o tirou do transe, e rapidamente ele estava com a sua atenção voltada para ela.
- Desculpe... é que eu... bom continue.
- Eu acho que eu já falei muito sobre as minhas coisas. Então... Como foi a academia?
- É... foi cansativo, mas valeu a pena... eu acho.
- Galeb - disse colocando a mão sobre seu ombro - você fez a coisa certa! - ele apenas assentiu. Depois de um longo momento de silêncio, falou, seus dedos enrolando o cabelo, nervosamente - É... Hmm... Galeb, eu tenho um negócio para te contar...
- Diga.
- Eu... Eu... Eu te amo... - disse incerta.
- Eu também te amo!
- S-Sério?! - Flora mal podia acreditar no que ouviu, ela estava quase explodindo de tanta felicidade.
- Mas é claro que sim! Você é muito especial para mim... Considero você como um membro da família, uma irmã que nunca tive! - Nesse momento Galeb avistou uma figura encapuzada adentrando a taberna. Com isso, acabou não prestando atenção na reação que Flora teve ao seu comentário, nem na cara que ela fez quando ele usou o termo irmã. "Tem que ser ela", pensou consigo mesmo, ainda observando a garota coberta pelo manto.
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Os pretendentes
RomansHavia uma tradição em Grimélia, que dizia que as princesas só deveriam aparecer em público quando completassem 17 anos. Por isso as únicas pessoas que sabiam a aparência dela eram sua família, as criadas mais próximas e o capitão da guarda real. Mas...