Capítulo 01-Elizabeth Mathias

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Acabei de despir-me de qualquer expectativa para não vestir nenhuma decepção.

Camila Ramos


Raios de sol invadem o quarto pela fresta da janela, iluminando-o em pequenos pontos. Observo o teto, onde alguns raios fazem desenhos coloridos e brilhantes.

Viro-me na cama, observando a porta escancarada, deixando à mostra o corredor vazio e silencioso da manhã. Diferente do exterior da casa, pela fenda da janela, observa-se o movimento das folhas ao vento.

Nenhum... nenhum barulho.

Suspiro, mesmo sabendo que isso nunca irá mudar. Meus olhos se enchem de lágrimas em plena manhã. Saber que não poderei ouvir as risadas e panelas caindo quando Eduardo tentava fazer o café da manhã. Até agora, sinto um aperto tão grande quando penso nele. Daqueles que te tiram o chão e te jogam dentro de um mar em plena tempestade.

Por um simples acidente de trânsito há alguns anos, minha vida está sentenciada ao puro e mórbido silêncio.

Não poderei mais ouvi-lo dizer que me amava, suas reclamações sobre o trânsito. Aquele desprezível homem bêbado tirou toda a minha felicidade. Nem tive a chance de me despedir do meu amor.

Levanto-me da cama com a consciência de que o dia será longo e torturante. Não consigo lembrar do último dia que foi agradável e divertido.

Em passos desleixados, vou em direção ao banheiro para fazer minha higiene pessoal. Olhando para esse aspecto desprezível do meu rosto no espelho e esse mau humor, sei por que fui abandonada pela minha irmã. Ela não aguentou o peso do meu sofrimento e preferiu voltar para sua casa.

Mas essas são apenas mais algumas das barreiras que preciso ultrapassar para vencer. Já que as mais exaustivas e melancólicas serão a falta do meu marido e a obesidade. O resto será fácil, espero.

Ainda vestida de pijama, vou para a cozinha preparar o café e panquecas para o café da manhã, já que são oito horas da manhã.

Com o café em uma mão e o prato de panquecas na outra, dirijo-me à sala de estar.

Sento-me no sofá, colocando os objetos na mesa de centro, pegando meu notebook e ajeitando-o no colo para começar a escrever os novos capítulos do meu livro de romance medieval. Afasto qualquer pensamento desprezível para me concentrar nas teclas e me absorver na história.

Como sou uma escritora de romances, preciso mudar esse ânimo e começar a produzir esses capítulos antes que meu editor volte aqui brigando comigo.

Ele é divertido e meigo, mas quando se irrita, é complicado. Já ficou bravo comigo algumas vezes nesses dois anos de convivência. Mas vejo seu olhar carinhoso para mim sempre que nos encontramos.

E sem contar que já rolaram alguns climas entre nós. Até houve uma declaração de amor, que rejeitei, pedindo que fôssemos apenas escritora e editor. Sei que fui má com ele, mas sempre me lembrava do meu marido.

(...)

Ah, cansei.

Oito horas de puro trabalho. Estou totalmente esgotada, mas fiz um trabalho eficiente hoje. Só espero que o editor goste e não peça para mudar nada.

Aproveitando o término, vou me dirigir ao banheiro e tomar um banho relaxante.

Despida do pijama, me encaminho para o chuveiro. Sinto as gotas quentes caírem em meus ombros, dando-me alguns arrepios. Essas gotas tentam levar todo o cansaço do dia e as tristezas que me abateram em alguns momentos. Deixando-me relaxada e serena.

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