II

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"No que fui me meter?"

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"No que fui me meter?"

A cabeça de Lisa fervia enquanto pensava na noite anterior, no aceno de despedida de Olivier e seu "volte logo". Ele não fazia ideia, mas ela voltaria logo, voltaria sim. Ou não?! Com a cabeça fervilhando em dúvidas Lisa andava de um lado para o outro do apartamento questionando a própria coragem. 

Era tentador não só pelo prêmio, mas para provar a si mesma que conseguia agir como suas personagens. Era também tentador por causa de Olivier. Ela o observou tanto quanto pôde e ele parecia bem diferente de suas poucas experiências ruins, mas o fantasma da rejeição parecia sussurrar em seu ouvido que ele também a rejeitaria, a trataria como um pedaço de carne, como um objeto sexual... Até que se deu conta que era ela que estaria fazendo isso ao envolvê-lo naquela aposta e se sentiu mal. Estava em conflito.

À noite chegou e Laila ligou confirmando que já estava no Merci com as meninas e só faltava ela. Lisa estava em pânico. Pegou a bicicleta e fez o caminho mais longo até o bar. "Ele vai me rejeitar antes mesmo de eu começar a cena...", "Não vou conseguir", "Ah, o que é que tem?! Ele não precisa saber!", eram tantos pensamentos confusos que Lisa quase desistiu de passar pela porta iluminada do bistrô.

— E aí, preparada?! – Bia sorriu e perguntou em tom de desafio.

Lisa quase bebeu toda a cerveja da garrafa em um único gole tentando transformar a bebida em coragem. Já estava ali há horas, enrolando a irmã e as amigas, já impacientes. Ela precisava focar em Olivier e seduzi-lo, assim como sua personagem. Ela teria que ser Hannah Thomas, uma mulher muito autossuficiente, muito sedutora, com muitos "muitos" antes de cada adjetivo que ela conseguia lembrar.

Lisa esperou até a banda parar o show, despedir-se, e o DJ começar a tocar aquelas músicas legais, mas que indicam que já é hora de os clientes tomarem o rumo de casa... Com o bar já quase vazio, levantou-se, atraindo a atenção de Olivier. Assim que se certificou de que ele a estava acompanhando com os olhos, aproximou-se do balcão do bar.

— Preciso de uma bebida mais forte. – Lisa quase fez um beicinho, mas desistiu de uma estratégia tão baixa e mordeu os lábios.

Un drinque? – Olivier sorriu.

— Uísque.

— Hmmm... Droit! Un uísque... Mas por que algo fort?

— Para criar coragem... – Lisa sentiu o rosto esquentar.

Courage não vem em doses líquidas, cher...

O movimento no balcão estava quase normal, com os últimos coquetéis e doses sendo servidas. Lisa aguardou, controlando a respiração e lembrando-se de cada palavra que escreveu naquele capítulo do livro. "Hannah fazia sinal para que o desconhecido se aproximasse e sussurrava a proposta de irem ao banheiro e aproveitarem a noite, bem perto do ouvido daquele homem... Como eu vou fazer isso?!? Tem um balcão entre nós! Pense... Pense, Lisa!"

Aposta Ousada (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora