Yes or No | Kryber

Beautiful Stranger

Krystal POV

Ao chegar no portão do campus que me dei conta, era definitivo: as férias haviam acabado e toda minha rotina cansativa estaria de volta. Mesmo com esse pensamento eu estava feliz, sentia que seria um período muito produtivo.

Meu celular tocou, atrapalhando meus pensamentos e logo comecei a procurá-lo em meio a bagunça de coisas que enfiei em minha bolsa. Não sei porque mas eu sempre carregava coisas demais. Após alguns minutos eu o encontrei e vi a palavra"mamãe" piscar na tela.

— Oi mãe. — Atendi com um sorriso no rosto. Fazia poucas horas que havia saído de casa mas imaginei que ela já queria saber de tudo.
— Oi querida! Já está na faculdade?
— Sim, já conheci o professor Tai. Tenho um novo quarto no mesmo dormitório.
— Por que mudou de quarto?
— Humm... Por que a Sulli tem problemas.
— Problemas? — Sua voz soou preocupada.
— Sim, muitos problemas. Mas é uma boa amiga, mamãe.
— Krystal, você está me escondendo algum segredo? Não estou gostando disso.
— Eu? Te escondendo um segredo? Você é tão esperta. Não posso te enganar. — Dei uma risada para tentar disfarçar, na realidade eu realmente estava escondendo os fatos. Sulli era lésbica e mamãe era muito preconceituosa e não aceitaria nossa amizade se soubesse. Eu até a entendo, também não sou favorável a isso mas Sulli era minha melhor amiga.
— Eu acho bom mesmo, filha. Sabe que odeio que me esconda algo ou minta pra mim.
Suspirei fundo. — Mas saiba que estou muito contente... Por mudar de quarto. — Expliquei pra ela enquanto andava pelos corredores rumo ao meu novo quarto.
Ao chegar próximo a porta do meu antigo quarto algo é atirado de lá me fazendo assustar e parar. Victoria sai correndo do quarto e se apoia na parede com cara de assustada.
— Só um minuto, mamãe. — Peço a ela e abafo o celular com a mão.
De repente Sulli sai do quarto chorando ao falar com alguém no telefone e se a ajoelha ao lado do objeto que havia sido arremessado para fora. Pude notar que era um porta retrato com uma foto dela e de sua namorada ou provavelmente agora, sua ex namorada. Ela me nota ali parada no corredor e corre para me abraçar. Retribuo o abraço e dou leves tapinhas em suas costas, tentando a consolar.
Passado alguns minutos, converso com ela para que se acalme, a levo de volta para o quarto e ainda falando com minha mãe entro no meu novo quarto e retiro os sapatos.
— Tem certeza que está tudo bem? Quer que eu vá aí te ajudar?
— Posso lidar com isso sozinha, sem problema. Não se preocupe. Te amo, mãe. Beijinhos, beijinhos. Mil beijinhos.
— Eu também te amo, querida. Mil beijinhos também.
Desliguei o celular e fui desfazer minhas malas mas acabei decidindo tomar um banho. Ao entrar no banheiro notei o espelho e resolvi deixar um recadinho pra minha nova colega de quarto, não custava nada fazer uma surpresa. Peguei meu batom e escrevi: "Prazer em conhecê-la. Ass: Krys!", sorrindo entrei no box e comecei a me banhar.

Amber POV

Havia andando bastante pelo campus para conseguir achar o dormitório, como era meu primeiro dia na faculdade eu estava totalmente perdida.
— Finalmente encontrei, estou exausta. — Disse para mim mesma quando destrancava a porta, tirava o tênis e adentrava no quarto.
Ouvi uma cantoria no banheiro e supus que fosse minha colega. Botei minhas coisas na mesa e observei ao redor, estava uma bagunça.
— Caramba, ela provavelmente não faz o tipo organizado. — Dei uma risada, me agachei para fechar sua mala, a retirando do caminho e me virei para a porta da varanda, queria observar a vista dali, se bateria sol de manhã até que ouvi passos atrás de mim e me virei sorrindo para conhecer minha nova acompanhante.

Krystal POV

Sai do banho sorridente enrolada apenas pela toalha mas minha expressão mudou quando vi um menino de pé próximo a porta da varanda. Ao ouvir meus passos ele se virou sorrindo pra mim. Foi então que uma barata apareceu e correu em direção aos pés dele. Fiquei assustada quando ele gritou e correu em minha direção, agarrando meu braço. Acabei o chutando e ele caiu no chão.
— Não se aproxime! — Gritei segurando fortemente minha toalha.
— Você me chutou! — Ele disse segurando a barriga. — Estou machucada.
Machucada? — Você é uma garota?
Ele ou ela se levantou e me encarou. — Quê? Sou uma garota. Não vai se desculpar?
Bufei. — Pelo que? Você apareceu de repente, pulou em cima de mim e me assustou.
Ela revirou os olhos. — Não viu a barata? E este é meu quarto.
— Seu quarto? — Perguntei incrédula. — Oh, eu fugi de uma lady para encontrar uma sapatão. — Choraminguei.
— Ei... Não, não, não! Eu não sou sapatão.
— Se não é sapatão, por que se veste assim?
— Não sou sapatão, sou uma garota. — Ela repetiu.
— Hmm, uma garota? Uma garota como essa? Oh, tão feminina... — Falei irônica. Ela realmente não se parecia nada com uma garota. Estava vestida com uma calça jeans rasgada nos joelhos, uma camiseta azul enorme e um boné com a aba virada para trás. Não tinha os cabelos longos, não usava maquiagem e ainda tinha várias tatuagens no braço.
— Olha a sua cara, seu cabelo, seu corpo, essas tatuagens... — Apontei para as tatuagens em seu braço. — Diga-me, em qual parte você é uma garota?
Ela olhou para seu corpo como se nunca tivesse o analisado antes e então rapidamente ergueu sua camiseta me mostrando seus seios.
Arregalei os olhos com sua atitude e acabei ficando muito envergonhada. Desviei o olhar rapidamente e fiquei irritada. Procurei por minhas roupas enquanto a ignorava e voltei pisando duro ao banheiro para me trocar.
— Com essa esquisitona eu não fico. Não mesmo. — Resmunguei enquanto me encarava no espelho.