Yes or No | Kryber

My Style

Krystal POV

Cheguei na diretoria pisando alto, estava muito irritada com a ideia de ter que dividir o quarto com uma sapatão e obviamente eu iria me mudar, não ia aturar aquela esquista.

— Irene. Acabou minha paciência. Vou mudar de quarto. — Fechei a cara enquanto me apoiava no balcão para pegar a ficha de solicitação de mudança.

— Por que? Acabou de mudar. — Irene ergueu os olhos da revista que estava lendo e me encarou confusa.

— Não suporto sapatão. — Expliquei enquanto começava a preencher. — Não digo que é desagradável ou algo assim, mas é muito difícil conviver com elas. Parece que estou com um homem. Não me sinto bem com um sapatão.

— Como assim?

Ao ouvir a voz ergui o olhar e notei que a diretora Tina estava de pé me encarando. Ela é exatamente como a menina que seria minha colega de quarto, é uma sapatão daquelas bem masculinas, se quer saber.

Senti minhas bochechas esquentarem — É muito macha, senhora. Simplesmente não posso manter a compostura.

— Se acostumará. — Ela suspirou, tomou o formulário das minhas mãos e me encarou. — Sapatão ou não é só não dar importância. Não é nada demais.

— Mas não tenho direito de mudar? — Fechei a cara e cruzei os braços.

— Sim, mas já fez isso. Não vou aprovar.

Abaixei a cabeça e voltei para o dormitório. Eu posso aguentar ela por um semestre, não é tão ruim assim. Me apeguei nesse pensamento e entrei no quarto. Fui logo procurar a fita adesiva que havia comprado, estiquei ela chão e demarquei o quarto, o dividindo em duas partes, o lado dela e o meu.

— Como estava antes de você gostaria de ter meus direitos. — Peguei a mochila dela que estava do meu lado e joguei nela com certa violencia. — Ouça. Ficarei de um lado e você de outro. — Apontei para a fita no chão. — Esta é a linha divisória, não ultrapasse. Gosto de silêncio porque meu peixe se assusta facilmente. É melhor ficar calada se puder.

Dei as costas pra ela e fui arrumar minha cama.

— E cantar?

Revirei os olhos com a pergunta dela.

— Se você acha que é uma boa cantora, vá em frente.

Ela começou a cantarolar uma música esquisita, totalmente desafinada junto de uma dancinha besta.

— O silêncio é melhor que cantar assim. — Respondi mau humorada e voltei a arrumar minhas coisas.

— Posso usar o banheiro com essa linha separatória? — Ela deu uma risada irônica.

— Passa por cima.

— Valeu.

A observei pelo canto do olho passar por cima da fita pulando como uma criança de 5 anos. Estúpida. Dei um breve sorriso com o novo apelido que havia dado pra ela.

Amber POV

Acordei ao sentir a luz do sol bater no meu rosto e sorri com a sensação, abri os olhos e olhei em volta procurando pela rabugenta da minha colega de quarto.

— A dona da casa não está. — Empurrei meu edredom, me levantei e ajeitei minha cama. Olhei para o lado dela e vi a cama toda desarrumada.

— Ela realmente é uma bagunceira. — Revirei os olhos e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal.

Ao voltar encarei novamente a cama bagunçada. — Argh! Eu odeio isso. — Fui até lá e a arrumei. Não suportava bagunças, sempre fui organizada e gostava de ver tudo em seu lugar.