Blake Nicole Reid
O clima seco da Georgia era definitivamente a parte da qual eu não estava nem um pouco ansiosa de presenciar. Meu nariz pingava sangue por conta da secura, me fazendo assoa-lo a cada 5 minutos. Guardo mais um dos mil lenços com sangue em minha bolsa. Com certeza se alguém abri-la vai achar que cometi algum crime.
Maldito clima.
O ponto de ônibus estava cheio de jovens, o que me faz deduzir que todos estavam indo para o mesmo lugar que eu. Já faziam mais de meia hora que eu estava sentada naquele banco duro que fazia minha bunda latejar.
Como minha querida mãe não se dispôs a me levar pra universidade, tive que gastar das minhas economias e vir até aqui de ônibus. E mais uma vez, estou esperando outro ônibus imundo.
Eu preciso de um carro pra já.
Quando eu recebi a carta de aceitação em Emory, não consegui me conter de tanta felicidade. Minha bolsa é de 80%, o que já ajudava bastante. Claro que minha mãe não ficou nem um pouco feliz em ter a primeira e única filha que ela amava controlar, fora de casa. Mas como não teve muita escolha, cedeu a pagar os 20% que faltavam da universidade. Já o dormitório era por minha conta.
Me mudar do Alabama foi uma experiencia sensacional. Era bom finalmente me livrar dos males que aquela cidade pacata me trazia. Eu não tinha amigos pra me importar, e muito menos familia – tirando minha mãe. Sair de lá fora bem mais fácil do que eu pensei que seria.
Ao ouvir o barulho de ar saindo pela freada brusca do ônibus, me levanto do banco com rapidez. Massageio minha bunda, e encaro as pessoas eufóricas formando uma fila pra entrada no ônibus. Entro na fila, ficando entre duas garotas que falavam... digo, gritavam com suas respectivas amigas.
A conversa delas era basicamente formada sobre os homens no campus e o shopping que ficava perto da universidade. Balanço a cabeça em negação enquanto a fila andava.
— Aí meu deus! – Ouço uma voz estridente dizer. Me viro em direção a dona da voz, me deparando com uma garota magra, com traços asiáticos, carregando sete mil malas e sete mil sacolas. Sem exagero.
— A fila está enorme, Appa. Não vai ter espaço pra mim! – Ela choraminga, batendo os pés no chão como uma criança mimada.
O pai gesticula, falando uma lingua esquisita e complexa enquanto a menina o encara frustrada. Rio baixinho, e continuo seguindo a fila. Ao chegar minha vez de entrar, vejo que a tarifa era de três dólares, o que me faz fuzilar o motorista.
— Três dólares? Jura? – Pergunto ao velho magricela, erguendo uma de minhas sobrancelhas.
— É o preço, jovem. – Ele murmura me encarando dos pés a cabeça maliciosamente.
Aperto os punhos tentando ao máximo amenizar minha vontade de tacar um tijolo na cara desse velho nojento. Pego o dinheiro em minha carteira e praticamente jogo as notas na cara do homem, o que causa risadas pelo ônibus.
— Faça proveito dos seus três dólares. – Digo, e me direciono ao primeiro assento vago dos dois lados que vejo. Me sento no lado da janela e coloco minha mochila no assento vazio.
Pego meu celular e coloco meus fones. Solto um suspiro antes de finalmente fechar os olhos e descansar. Pelo que ví, daqui até a Emory leva uns quarenta minutos. Até lá vou tentar dormir um pouco.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Wicked Passion
FanfictionBlake é uma jovem bastante problemática. Seu estilo pessoal se resumia em roupas largadas e um sarcasmo insaciável. Mas após sair das garras controladoras de sua mãe e deixar seu passado tenebroso para trás, Reid decide cursar sua universidade longe...