Capitulo um - Parte 2

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Meu olhar oscilava entre a porta e o relógio de parede em cima da cabeça do meu professor mais gordo.

Eu estava impaciente, eu precisava sair da sala, correr até a praça e ver as meninas porque eu tinha certeza de que uma delas haviam mandado o tal bilhete. Se bem que metade de mim duvidava, pois se a Kylie tivesse mandado o bilhete seria algo escandaloso e com todas as letras maiúsculas. E se a Mary tivesse mandado o bilhete seria algo como "Me encontra na pizzaria, me agradeça pelo lanche depois" Porque ela só pensa em comida.

E metade de mim acreditava que uma delas pudessem ter mandado e escrito de um jeito simples para não desconfiarem.

Meus pensamentos são interrompidos por uma figura pequena pulando do outro lado da porta de madeira, eu conseguia vê-la pelo espelho na porta. Ela balançava um papel na mão, e tentava ser silenciosa. Vi quando ela puxou alguém, e a Kylie entrou no meu campo de visão.

Foi impossível não rir, eu estava morrendo de saudade delas. Olho mais uma vez para o relógio e faltava vinte e cinco minutos para o sinal bater mas eu estava impaciente demais, e precisava sair da sala agora.

- PROFESSOR. - Gritei sem querer. Eu juro que para mim ia sair baixo mas pelo jeito que a sala toda se virou para mim e pelos olhos arregalados de Mary e Kylie aposto que até na diretoria ouviram minha voz.

Carlos, o professor gordinho me olhou com os olhos arregalados e uma das mãos no seu peito, os óculos de grau quadrados quase caíram de seu rosto e eu me segurei para não rir feito um idiota.

- Algum problema Simons? - Ele perguntou visivelmente incomodado.

Olhei da porta para ele, dele para o relógio e do relógio para o bilhete. Suspirei e fiz uma careta de dor.

- Na verdade há um problema sim. - Ponho as mãos no meu abdômen. - Estou com muita dor de..barriga.

Ele revira os olhos e cruza os braços.

- Faltam vinte e cinco minutos para o fim da minha aula. - Ele arrumou os óculos e se virou para a lousa - Sei que consegue aguentar até lá.

- Não na verdade não. - Sai do meu lugar e parei em frente a mesa dele. - Eu vou morrer tenho certeza, meu estômago está revirando e eu posso vomitar bem aqui na sua mesa. Com esses papéis importantíssimos.

Senhor Carlos virou para mim com uma rapidez invejável, e me mandou sair da sala - não sem antes me lançar um olhar de aviso.

Peguei minhas coisas sorrindo e ao passar por ele fiz a pior expressão de dor, abri a porta o mais rápido que consegui e não encontrei nenhuma das meninas.

- Ué elas estavam..

- Alexxxxx!! - Ouvi alguém sussurrar e me virei para o armário do zelador.

A porta estava meio aberta e Kylie colocava e tirava a cabeça para fora do armário. Corri para lá, e elas deram espaço para eu entrar.

- QUE SAUDADE! AI ALEX. - Mary gritou e eu lhe dei um tapa na cabeça.

- Fica quieta cogumelo falante. - Digo é a puxo para um abraço. - Vem aqui Kylie.

Ela vem até mim saltitante e se envolve no abraço. Quando nos soltamos eu olho para elas duas esperando alguém falar sobre o bilhete. E depois de alguns segundos calados, Mary balança novamente um papel em frente ao rosto, puxo e vejo que é o bilhete.

- Para que nos mandou isso Alex? - Kylie pergunta e eu arqueio uma sombrancelha.

- Eu não mandei isso. - Respondo e olho para um vidro de sabão em pó. - Pensei que tinha sido vocês.

O silêncio dos inocentesOnde histórias criam vida. Descubra agora