Meu olhar oscilava entre a porta e o relógio de parede em cima da cabeça do meu professor mais gordo.
Eu estava impaciente, eu precisava sair da sala, correr até a praça e ver as meninas porque eu tinha certeza de que uma delas haviam mandado o tal bilhete. Se bem que metade de mim duvidava, pois se a Kylie tivesse mandado o bilhete seria algo escandaloso e com todas as letras maiúsculas. E se a Mary tivesse mandado o bilhete seria algo como "Me encontra na pizzaria, me agradeça pelo lanche depois" Porque ela só pensa em comida.
E metade de mim acreditava que uma delas pudessem ter mandado e escrito de um jeito simples para não desconfiarem.
Meus pensamentos são interrompidos por uma figura pequena pulando do outro lado da porta de madeira, eu conseguia vê-la pelo espelho na porta. Ela balançava um papel na mão, e tentava ser silenciosa. Vi quando ela puxou alguém, e a Kylie entrou no meu campo de visão.
Foi impossível não rir, eu estava morrendo de saudade delas. Olho mais uma vez para o relógio e faltava vinte e cinco minutos para o sinal bater mas eu estava impaciente demais, e precisava sair da sala agora.
- PROFESSOR. - Gritei sem querer. Eu juro que para mim ia sair baixo mas pelo jeito que a sala toda se virou para mim e pelos olhos arregalados de Mary e Kylie aposto que até na diretoria ouviram minha voz.
Carlos, o professor gordinho me olhou com os olhos arregalados e uma das mãos no seu peito, os óculos de grau quadrados quase caíram de seu rosto e eu me segurei para não rir feito um idiota.
- Algum problema Simons? - Ele perguntou visivelmente incomodado.
Olhei da porta para ele, dele para o relógio e do relógio para o bilhete. Suspirei e fiz uma careta de dor.
- Na verdade há um problema sim. - Ponho as mãos no meu abdômen. - Estou com muita dor de..barriga.
Ele revira os olhos e cruza os braços.
- Faltam vinte e cinco minutos para o fim da minha aula. - Ele arrumou os óculos e se virou para a lousa - Sei que consegue aguentar até lá.
- Não na verdade não. - Sai do meu lugar e parei em frente a mesa dele. - Eu vou morrer tenho certeza, meu estômago está revirando e eu posso vomitar bem aqui na sua mesa. Com esses papéis importantíssimos.
Senhor Carlos virou para mim com uma rapidez invejável, e me mandou sair da sala - não sem antes me lançar um olhar de aviso.
Peguei minhas coisas sorrindo e ao passar por ele fiz a pior expressão de dor, abri a porta o mais rápido que consegui e não encontrei nenhuma das meninas.
- Ué elas estavam..
- Alexxxxx!! - Ouvi alguém sussurrar e me virei para o armário do zelador.
A porta estava meio aberta e Kylie colocava e tirava a cabeça para fora do armário. Corri para lá, e elas deram espaço para eu entrar.
- QUE SAUDADE! AI ALEX. - Mary gritou e eu lhe dei um tapa na cabeça.
- Fica quieta cogumelo falante. - Digo é a puxo para um abraço. - Vem aqui Kylie.
Ela vem até mim saltitante e se envolve no abraço. Quando nos soltamos eu olho para elas duas esperando alguém falar sobre o bilhete. E depois de alguns segundos calados, Mary balança novamente um papel em frente ao rosto, puxo e vejo que é o bilhete.
- Para que nos mandou isso Alex? - Kylie pergunta e eu arqueio uma sombrancelha.
- Eu não mandei isso. - Respondo e olho para um vidro de sabão em pó. - Pensei que tinha sido vocês.
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O silêncio dos inocentes
RandomMúsica, dança, bebida e muito beijo na boca, tudo que um grupo de adolescentes precisava em uma noite de sábado, tudo para se divertirem, tudo para esquecerem os problemas. Mas ao se esquecerem de tudo, coisas aconteceram. Morte, culpa, raiva e drog...