Capítulo dois

55 11 3
                                    

Irritada, era assim que eu me encontrava. Ele não tinha o menor direito de fazer aquilo, aquele gravador poderia ser alguma pista do que ouve com a Stella.

Essa idéia de que ela morreu por causa das drogas não entra na minha cabeça.

— Idiota, estúpido.. — Ia resmungando vez ou outra enquanto caminhava pelas ruas de NYC, com destino a minha casa, que não era muito longe de onde eu estava.

Ainda não estava acreditando que passamos duas semanas sem nos vermos, e quando finalmente podemos, isso acontece. E o pior, minha calça favorita estava toda suja de barro. Mereço.

Chego em casa gritando pela minha mãe ou pelo meu irmão, e depois de não receber resposta subo para o quarto tirando os sapatos.

— Meu Deus, eu preciso de um longo banho.

Tomo um banho o mais demorado que consigo, e ao sair do banheiro entro no quarto vestindo uma roupa qualquer que estava no chão. Solto meu cabelo do coque e pego em meu celular vendo que havia duas mensagens da minha mãe.

"Fui levar o seu irmão no médico e só volto amanhã, deixei dinheiro para você pedir algo para comer."

Não era tão ruim. Até ler a outra.

"Você só me desobedece garota, quando chegar em casa vamos ter uma conversinha."

Puta merda. Será que ela descobriu que eu vi eles dois?

— Merda! — Reviro os olhos pelo meu dia estar sendo terrível e desço as escadas indo em direção a cozinha.

Pego o número que estava grudado na geladeira e o dinheiro que estava na mesa, disco o número da pizzaria e quando atendem peço uma pizza de mussarela. Depois de pedir, corro para me sentar em frente a minha casa.

Enquanto estava sentada na escadinha minúscula da mesma meus pensamentos viajaram para Stella, minha melhor amiga, eu amava aquela garota droga, por que ela se drogou? Por que nós nos drogamos?

Quando percebo algumas lágrimas descem pelo meu rosto e eu não faço o mínimo esforço para as limparem, fecho os olhos por uns segundos e quando os abro novamente uma luz forte me faz colocar as mãos em frente ao rosto. Era o farol de uma moto, vejo quando o entregador levanta da moto, pega a pizza e começa a caminhar lentamente até mim. Rapidamente passo a mão pelo meu rosto limpando os vestígios das lágrimas secas em minhas bochechas.

— Pizza de mussarela? — Ele pergunta com uma voz melodiosa. Eu não conseguia ver muito de seu rosto, pelo capacete e sinceramente não me importava sua aparência.

— Sim. — Solto um sorriso forçado e ele me entrega a caixa quentinha com a pizza. Rapidamente me sento novamente na escada colocando ela de lado, abrindo e pegando uma fatia.

Começo a comer a mesma sentindo a maciez da massa e o queijo derretido, faço uma expressão satisfeita e sinto o olhar do garoto em mim.

— Quer um pedaço? — Pergunto de boca cheia e consigo ouvir uma risada bonita vindo do garoto.

Assim que ele tira o capacete, eu quase deixo minha fatia de pizza cair no chão. Dizer que ele era lindo era um eufemismo, os olhos azuis quase me deixaram sem ar

Depois de passar a mão pela boca – para ver se não havia baba – eu lhe dou a caixa e ele pega um pedaço. Começamos a comer em silêncio e eu viro meu rosto para o olhar e sinto minhas bochechas avermelharem ao ver que ele também me encarava.

— Posso te fazer uma pergunta? — Ele pergunta, e antes que eu diga sim ele continua; — Por que estava chorando quando eu cheguei aqui?

Prendo a respiração por um momento, e olho para cima.

O silêncio dos inocentesOnde histórias criam vida. Descubra agora