New Hair

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Mudança era tudo o que eu queria, sabe quando você se olha no espelho e fica se perguntando como achou aquilo bonito um dia? Essa era eu olhando para meus cabelos batendo acima da bunda, eu tive o cabelo grande minha vida toda então já era acostumada, mas a comodidade estava me irritando, eu já não era mais uma adolescente, esse cabelo só me deixava mais nova. Foi então que eu decidi cortar ele, e cá estou eu vendo meu cabelo cair no chão a cada corte da tesoura.

É no salão que sua auto estima cai, deveria ser ao contrário, mas não, eles precisam colocar você em frente a um espelho com o cabelo molhado partido ao meio e aquela manta preta grudada no seu pescoço, Deus, você fica horrível.

Minha cabeleireira finalmente finalizou meu cabelo apenas com o secador e eu me estiquei na cadeira para ver como ficou, sorri com o resultado, não estava tão curto, do tamanho que eu queria.

"Obrigada, Mani." Me levantei abraçando-a, eu só confiava em Normani para fazer algo em meu cabelo, além de ser uma das minhas melhores amigas com certeza era a melhor cabeleireira de Miami.

"Agora vai pagar porque eu não faço de graça." Ela me empurrou do abraço, coloquei a mão no coração.

"Rude." Fiz bico e ela sorriu, sorri de volta e me afastei indo até o balcão para pagar, me coloquei na fila pequena e peguei meu celular.

DJ: cadê a foto desse cabelo, branquela

DJ: tu tá me ignorando, vadia?

DJ: eu vou meter a mão nessa sua cara

DJ: vagabunda, vou mandar a Mani te deixar careca

Eu: quanto drama, eu não peguei no celular

Eu: espera, vou mandar a foto

Eu:

DJ: caralho bicho q gostosa

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DJ: caralho bicho q gostosa

Neguei com a cabeça rindo e guardei o celular novamente, Dinah era a minha melhor amiga desde que me entendo por gente, crescemos juntas e não consigo me separar dela até hoje, às vezes vivemos como cão e rato mas eu amo demais essa mulher. Ela é pessoa mais dramática que eu conheço, mas também, é canceriana. Tudo bem que eu também sou canceriana mas eu não sou nem um pouco dramática... talvez só um pouco.

"Por que você sentou ai?" Escutei uma voz arrogante e movida pela curiosidade me virei para olhar, a fila ainda não tinha andado mesmo. "Cadê a minha manicure?" Vi uma senhora olhar com nojo para a manicure, franzi o cenho.

"Eu sou sua manicure senhora." A voz baixa da manicure respondeu com educação.

"Não, você é uma latina suja que está ocupando meu tempo, dá pra você sair daí logo?" A senhora olhava-a com raiva, eu abri a boca incrédula, como alguém ainda tinha esse tipo de preconceito? Me sentia completamente ofendida por eu ter decência latina também, eu simplesmente odiava qualquer tipo de preconceito.

Savior (Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora