Capítulo 8

24 11 0
                                    

Camilli narrando...

A Luísa acordou super estranha, e fiquei ainda mais assustada quando a Heloisa mostrou as horas.

Fomos o mais rápido possível para a casa da Cleusa, mas não pudemos andar quase correndo, pois a Luh ainda não estava muito bem.

Nossos corações só faltavam sair pela boca.

As ruas pareciam ainda mais escuras, mesmo tendo as luzes da cidade acesas, nós sabíamos que a escuridão nos observava.

Olhos escuros, palavras escuras, e medos incansáveis.

Chegamos na casa da Cleusa já era mais de duas da manhã, e nunca foi tão complicado abrir um portão com a chave.

A Duda tremia tanto que acabou derrubando a chave, peguei ela no chão e abri.

Entramos todas ofegantes na varanda da casa, usamos uma cadeira que estava embaixo da janela para entrar dentro da casa.

A Maria Eduarda foi direto no quarto da senhora para ver se ela tinha acordado, mas acho que ela exagerou um pouquinho no calmante, pois a Cleusa nem havia se mexido.

Fomos para a cozinha e colocamos nossas bebidas que sobraram na geladeira.

O que eu achei interessante, é que onde uma ia, as outras estavam juntas.

Pelo visto não é somente eu que estou assustada com tudo o que houve hoje.

- Gente, vocês viram uma moça de cabelos escuros e olhos negros? - a Luísa perguntou.

- Não. - respondemos em uníssono.

Ela nos olhou incrédula, como se isso fosse impossível de ser verdade, e falou:

- Tive sonhos horríveis em quanto fiquei desacordada.

- Você ainda nem limpou a sua testa miga. - a Heloisa apontou para a escrita em sangue.

O que será que significa a frase: "Obrigado por me libertarem"?

Será que, por algum acaso, tinha algum demônio lá dentro e ele saiu quando abrimos o alçapão?

Isso pode até soar estranho, mas o ar lá dentro não é normal, e eu vi um vulto, e ossos...

Medo, simplesmente medo.

- Nossa, é mesmo. - a Luh falou passando a mão no sangue seco.

Fomos todas juntas no banheiro, já aproveitamos que estávamos ali para escovar os dentes e fazer xixi.

Voltamos para o quarto e jogamos o colchão de casal que estava na cama junto com o que estava no chão.

Colocamos nossas roupas de dormir e deitamos uma pertinho da outra, apesar do calor infernal que estávamos sentindo.

- Sobre hoje, alguém entendeu alguma coisa? - perguntei visivelmente confusa.

- Viro tudo uma porcaria, entendi nada. - a Duda respondeu.

- Eu tô é com medo. - a Helo falou.

- Se fosse só você, seria fácil de resolver, mas todas nós estamos com medo. - respondi.

- Mas, tem algo que pode nos fazer ficar melhor... - a Luísa começou a dizer e foi interrompida.

- O que? - perguntamos nos três juntas.

- Suruba. - ela respondeu se levantando e fazendo uma dancinha que era para ser sensual.

- Aí santo Zeus, socorro. - bati em minha testa devagar.

As outras sorriram e escutamos um barulho, algo bateu na janela.

Rapidamente, nós quatro olhamos, e eu preferia ser cega nesse momento.

Um vulto negro de cabelos escuros e olhos ainda mais escuros, não tem palavras para descrever aquela cor, acho que um abismo do mundo inferior deve ser assim.

Aqueles olhos parecem que vão te puxar para dentro, te matar lentamente, dolorosamente.

Me levantei e fechei a janela na cara daquela assombração, ou seja lá o que aquilo é.

As meninas me olharam incrédulas, como se eu tivesse feito a maior loucura da minha vida.

- Helllooouu, vocês nunca assistiram filme não? Os espíritos não entram dentro de casas de religiosos, a força benigna não deixa. - falei.

E, eu não menti, afinal, a Cleusa é super religiosa, acredita muito em Deus, e tem imagens de santos espalhadas pela casa toda.

- Meninas, precisamos nos proteger. - a Maria Eduarda falou.

Sinceramente, foi a melhor coisa que ela podia ter dito.

- Precisamos todas andar com crusifixos, não sei se resolve, mas vamos pelo menos tentar. - respondi.

- Mas eu sou evangélica. - a Luh protestou.

- Usa no bolso. - falei fuzilando ela. - É para nosso bem, eu já uso o meu no pulso direito, a Duda e a Heloisa usam o escapulario, e somente você foi atacada por aquele vulto feminino.

- Verdade. - ela disse derrotada.

Peguei o escapulario que estava dentro da minha bolsa e coloquei no pescoço dela.

- Só não deixa seus pais verem. - a Helo comentou.

Se isso vai funcionar?

Eu realmente não sei.

Mas, qualquer coisa que talvez sirva é lucro, e precisamos descobrir como acabar com essa coisa maligna.

As nossas aventuras não acabam, infelizmente, com a nossa entrada no porão, e pelo visto, todas nós chegamos a mesma conclusão, pois os rostos das meninas refletem o que eu estou pensando.

____________________________

Que Zeus, o deus que não deixa o zíper da calça fechado, nos proteja, amém.
E aí gente, o que estão achando? Nos contem tudo.

Beijos de CaLuiz. ❤

O Porão Da Biblioteca Onde histórias criam vida. Descubra agora