Epílogo

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"Talvez a dor seja necessária, ela nos ensina sempre uma bela lição"

- Luísa? Onde você colocou meus sapatos pretos? - gritei do banheiro enquanto secava o cabelo.

- Se eu não me engano ele está embaixo da cama. - ela respondeu.

- Eu sou a aniversariante e vocês que estão quase morrendo para ficarem lindas. - Duda gargalhou.

- Eu já sou linda, estou me arrumando para ficar maravilhosa e deixar meu namorado de queixo caído. - respondi.

- Meu Deus, como essa garota é convencida. - Luh reclamou com um tom divertido na voz.

- Isso se chama amor próprio querida. - corrigi.

As meninas já tomaram banho, eu fiquei por último, e por esse motivo ainda estou secando o cabelo enquanto as profissionais de maquiagem e cabelereiro estão arrumando a Luísa e a Maria Eduarda.

Hoje a Duda completa seus dezoito anos, a festa é com o tema que a mais ama, CATUABA.

Ainda sentimos falta da Heloisa constantemente, não faz um ano que ela morreu.

Sua presença ainda é sentida quando estamos todas juntas aprontando algo, ou quando passamos em frente a biblioteca e sabemos que ela deu sua vida para nos salvar.

Ela foi a mais corajosa de nós com toda certeza.

O porão da biblioteca agora é aberto ao público, e com a luz do dia iluminando por algumas aberturas que existem no teto e a luz da lâmpada, nós pudemos ver a grandiosidade do local, a riqueza daqueles móveis antigos, os livros com as páginas frágeis quase se despedaçando e a arquitetura que nos remete aos tempos de reis e rainhas.

É tudo tão velho, tão antigo e mesmo assim me fascina completamente.

A sala onde Helo deu seu sangue para pegarmos os ossos da Manuela não foi achada pelos policiais e pelas bibliotecárias, mas nós sabemos que ela existe, e isso já basta.

- Vem fazer seu penteado logo, a Carol já terminou o meu. - Luísa chamou.

Entrei no quarto vestindo somente um roupão e me sentei na confortável cadeira de rodinha da mãe da Duda.

A moça fez pequenos cachos delicados em meu cabelo e depois o prendeu em uma trança, não sei o porquê dos cachos, já que eles nem apareceram depois.

A cor da roupa que a aniversariante escolheu para nós foi preto, nós três de vestidos longos e pretos.

É para representar que não esquecemos a quarta integrante do nosso grupo, e para mostrar que superamos e queremos arrasar, eles tem fendas e decotes.

O meu é o mais simples de todos, e por ser a mais alta, não quis usar salto, optei por uma rasteirinha.

Eu estava mesmo perguntando pelo salto porque minha mãe vai usá-lo, não eu, e eu acabei esquecendo ele na casa da Maria Eduarda.

Passei pela maquiadora e pedi para fazer uma maquiagem simples, nada chamativa e bonita.

Ela acabou não obedecendo muito bem as minhas palavras, pois a maquiagem ficou um pouco forte, nada com o que eu tinha em mente.

Com a ajuda da Luísa, eu coloquei o vestido e a sandália baixinha que escolhi para essa ocasião.

Ouvi alguém batendo na porta do quarto, antes que eu pudesse dizer para entrar, eu ouvi um "se estiverem peladas a culpa não é minha", e então, o Bruno, meu namorado, entrou todo sorridente com uma caixa de tamanho médio na cor branca.

Ele deu um selinho em mim e a abriu, revelando duas catuabas pequenas e duas taças.

- Você é a mulher da minha vida. - ele disse.

Sorri para ele e o beijei, eu não preciso dizer que ele é o homem da minha vida para ele saber disso, foi ele que me amparou e me ajudou a passar por esse momento complicado que foi a morte da Helo, a primeira vez que entrei na biblioteca depois de tudo isso foi segurando em sua mão.

Ele é meu porto seguro quando eu sinto tudo caindo a minha volta, é para ele que corro quando a dor em meu peito aumenta, e ele gosta muito das minhas amigas, e por isso, nos damos todos muito bem.

- Vamos gente, não quero chegar atrasada no meu próprio aniversário. - Duda chamou.

Olhei no relógio bem em cima de sua cama e vi que já estávamos cinco minutos atrasadas, e deve ser por esse motivo que o Bruno entrou no quarto.

Coloquei as catuabas na geladeira da Duda, com uma etiqueta escrita Camilli bem grande e fomos para o clube.

Meu namorado entrou por uma porta lateral e foi tomar seu lugar na mesa principal, a nossa música de entrada, Alan Walker-The spectre, começou a tocar e a porta foi aberta.

Demos dois passos para a frente, ficando bem na entrada e deixando o fotógrafo tirar as fotos.

Eu do lado esquerdo, Duda no meio e Luísa do lado direito, avançamos ao som de um jogo maravilhoso de luzes e fumaça colorida.

Os convidados pareciam vibrar quando passávamos perto deles, não sei dizer se isso é efeito da nossa presença ou do toque eletrônico.

No fim do enorme tapete roxo, paramos em frente a um telão grande que começou a passar um vídeo contendo fotos da Heloísa e nós quatro juntas, e no final, a seguinte frase:

"As vezes a perda de uma pessoa é necessária para aprendermos o quanto ela é importante, nós sabíamos que você é maravilhosa, e te amamos mesmo com todos os seus defeitos".

Fiz um esforço enorme para não chorar, quando fecho os olhos ainda posso ver o seu sangue espalhado pelo chão da praça e sua aparência serena, esperando o fim.

Ela era muito forte, nunca percebemos isso, mas ela era, e ela é maravilhosa e inesquecível.

Bruno se levantou, assim como os dois ficante das meninas, e os três caminharam até nós, nos estendendo seus braços e nos levando até a pista de dança.

A música que o DJ colocou era a favorita da Helo antes de morrer, Vai Embrazando - Mc Zaac part. Mc Vigary.

Nós seis descemos até o chão sim, isso porque não colocamos nenhum gole de álcool na boca ainda.

Essa é uma noite para celebrar a vida e lembrar que os mortos foram amados por alguém, apesar de tudo, temos que continuar vivendo mesmo depois que a pessoa amada foi embora, e o que estamos fazendo é isso, seguindo nossas vidas.

Essa é uma noite para celebrar a vida e lembrar que os mortos foram amados por alguém, apesar de tudo, temos que continuar vivendo mesmo depois que a pessoa amada foi embora, e o que estamos fazendo é isso, seguindo nossas vidas

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Então é isso amores, acabou por aqui.
Beijinhos de CaLuiz.❤


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