Capítulo II - A Última Pétala

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 Max acordou se sentindo diferente esta manhã. Sentou-se na cama, jogou a coberta de lado e coçou os olhos enquanto bocejava como de costume, mas um pensamento interrompeu sua rotina matinal. A lembrança do beijo de Klahan lhe trouxe um sorriso largo ao rosto. Seus olhos brilhavam e uma disposição apossou-se dele. Max não se lembrava da última vez em que se sentira dessa forma.
  O menino se levantou, vestiu-se e desceu para tomar café.

— Oi, filho. Acordou tão cedo hoje. — Disse sua mãe parecendo animada.

  Seu pai ainda não havia saído para o trabalho e estava sentado a mesa lendo seu jornal, com uma grande e fumegante caneca de café a sua frente. Ele dobrou a metade de cima das páginas para olhar para seu filho.

— Está com uma cara ótima, o que aconteceu?

— Klahan voltou para casa! Conseguem acreditar? Depois de 10 longos anos ele se mudou de volta para o bairro. — gorjeou Max.

  O senhor e a senhora Bordeux pararam imediatamente o que estavam fazendo na hora e encararam o filho, estupefatos.
  Depois de todo esse tempo os Nox voltaram, sem avisar nada, para a rua que abandonaram anos atrás?

  A Sra. Bordeux largou um copo dentro da pia e se aproximou do filho cautelosamente.

— Você tem certeza disso?

— Tenho. Eu não sou louco! Encontrei com ele ontem depois da aula.

  Seu pai arrumou os cadernos do jornal, dobrou-o cuidadosamente e o colocou sobre a mesa. Pegou a caneca, tomou um gole do café e deu de ombros.

— Algumas pessoas são esquisitas, amor. Às vezes precisam sentir saudade para dar valor ao que tinham. De repente ele só queria respirar novos ares, se cansou, e então voltou para cá.

— Mas ele precisava de 10 anos para isso?

— Cada um tem seu tempo, filho. — O Sr. Bordeux respondeu tomando outra golada de seu café.

— É mesmo. Eu me sinto tão feliz de vê-lo novamente, mãe. Agora que esta de volta parece que ele nunca se foi. — Disse Max de forma corrida.

  A mãe piscou algumas vezes tentando organizar seus pensamentos, então decidiu que estava tudo certo. Achou melhor não perguntar muito, pois estava contente em ver seu filho animado e sorridente outra vez. Ela olhou o relógio pendurado na parede e se espantou com a hora.

— Anda, amor. Você vai se atrasar para o trabalho!

— Não se preocupe, querida. Hoje estou com tempo, vou levar o Maxwell para a escola de carro.

  Max sentiu-se extasiado ao ouvir aquilo. Mesmo estando alegre ele ainda era preguiçoso demais para andar até a escola.

— Obrigado, pai. — Respondeu com um sorriso.

  O carro do Sr. Bordeux estacionou na esquina da escola.

— Tenha um bom dia hoje, filhão. — falou alegre ao abrir a porta do carona.

— Valeu! — Max disse enquanto saía do carro desviando a cabeça do teto.
Ele pegou sua mochila no banco traseiro e jogou-a sobre os ombros. Fechou a porta e olhou para dentro do carro para se despedir mais uma vez de seu pai com um aceno.

  O menino virou a esquina, atravessou o estacionamento da escola e passou pelas portas duplas. Outro dia estava começando.

*

  Max andava distraído pelo corredor em direção ao seu armário. Ao se aproximar dele notou muitas pessoas o olhando com as mais diversas expressões. Max, então, conseguiu enxergar, através da multidão, a porta riscada de seu armário.

One of a KindOnde histórias criam vida. Descubra agora