A lembrança

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Acordei, minha cabeça doía, meus olhos se recusavam a abrir. Quando finalmente abri os olhos, o raio de sol me cegou, consegui levantar. O quarto onde me encontrava estava de cabeça para baixo, a cama estava toda bagunçada, com livros, travesseiros e lençóis; a lâmpada estava quebrada e um taco de baseball se encontrava ao lado do computador com a tela quebrada, em cima de uma mesa e escritório, a cortina estava vagamente solta.

Olhava ao redor, cacos de vidro, roupas, malas. Um porta-retrato. Meu porta-retrato, meu e da minha noiva. Algo aconteceu? Não me lembro. Fui até o guarda-roupa, estava fechado, porém quando abri não estava muito diferente do quarto, as roupas todas jogadas. Mas somente as minhas, não as roupas da minha noiva. Comecei a ficar preocupado, não lembrava de nada e sentia que algo estava acontecendo.

Saí do guarda-roupas e então percebi, ao lado do criado-mudo, não 1 nem 2, mas 7 garrafas de cerveja vazias, 1 de vodca vazia, ½ de whisky. Saí do quarto tentando não cortar meu pé com os cacos de vidro, no chão. Peguei uma camiseta ao lado da porta, e então saí tentando entender o que aconteceu na noite anterior. Houve uma briga? Não sabia dizer.

O corredor estava todo sujo e molhado de bebida. Garrafas de cerveja e vodca estavam nos cantos. Cheguei na sala e todos estavam caídos no chão, bêbados, um por cima dos outros.

Uma leve lembrança me veio à cabeça quando olhei para meu cunhado no canto oposto ao que eu estava.

- Hey, Dan. Nós poderíamos fazer uma festa, o que você acha? – disse Josh, meu cunhado, seus longos cabelos caia nos olhos e ele ajeitava.

- Cara, eu acho que a Lizzy, não vai gostar muito disso. – disse meio incerto.

- Desde que você começou a namorar minha irmã, você ficou muito careta, meu amigo. – ele disse – Vamos, cara. Ela não fara nada demais.

- Tudo bem. Mas não podemos dizer nada à Elizabeth e nem mesmo à Caroline.

- Carol não ligaria muito para isso, mas tudo bem. – ele disse quase saltitando de tanta felicidade.

Passei por todos e quase não consegui ir até a cozinha, quando cheguei lá menos pessoas se encontravam no chão. Abri a geladeira, peguei o leite e coloquei na leiteira para esquentar. Fiz um chocolate quente, coloquei uns marshmellos. O dia nasceu mais frio que a noite anterior.

A festa estava bombando, as pessoas chegavam cada vez mais, estava tudo fora de controle. Um medo crescia dentro de mim e todos os meus ossos pareciam que iriam quebrar de tanto que eu sentia que estavam tremendo.

Comecei a beber de nervoso, todas as pessoas estavam dançando e a música estava cada vez mais alta, não sabia se era verdade, ou meus ouvidos estavam ficando mais sensíveis.

Já estava começando a ficar mais alto quando meu celular tocou. Não consegui ler quem ligava.

Alô? – disse, minha voz já estava ficando grogue.

Dan? É você? – disse a voz do outro lado da linha.

Sim. Quem é? – disse sem saber quem era.

Daniel Carter Sheridan! Que música é essa? Aonde você está? Por que sua voz está assim? – ferrou!

Lizzy, meu amor. Como você está?

Não tente mudar de assunto. Aonde você está?

Em casa. – disse sem dar muitas explicações.

E que barulho é esse?

O som.

Então desliga. – ela disse e eu comecei a soar frio, fui para meu quarto e o tranquei.

Pronto.

Tudo bem, estou indo para casa. Tchau. – ela disse e eu deitei a cabeça na cama voltando a beber. Fiquei bebendo cada vez mais até cair no sono.

Estava olhando pro nada quando uma jovem apareceu, seus olhos negros estavam sendo rodeados por uma maquiagem borrada, seus cabelos negros desgrenhados, os quais ela tentava inutilmente ajeitar. Seus olhos e cabelos contrastavam com a palidez da moça.

Ela me olhou, deu um leve sorriso.

- Fico feliz de não ser a única acordada. – ela disse chegando perto de mim – Tem algum remédio de dor de cabeça aqui?

- Na segunda gaveta. – disse apontando para a estante. Ela sorriu e abriu, pegando o remédio e tomando um.

- Você me levaria para casa? Não sei como chegar. Vim com meu ex.

- Vocês terminaram ontem?

- Não, mas continuamos amigos de festa. – ela disse rindo. Belo sorriso.

- Vamos? – perguntei pegando a chave do carro e saindo da casa sendo acompanhado por ela.

- Você sabe de quem era a festa de ontem? – ela disse e eu ri, ela me olhou sem entender.

- Era para ser minha. – disse e ela começou a rir constrangida.

- Ah, ok. – ela disse terminando de rir – Qual seu nome?

- Daniel. E o seu?

- Dan. Pode ser Dan? – ela perguntou e eu assenti – Prazer Dan, meu nome é Nathalie. Pode me chamar de Nat.

Estávamos no carro sem dizer nada, ela somente dizia aonde ela mora e eu fui. O caminho silencio me deu tempo de pensar um pouco.

Fui acordado por uma almofada no meu rosto. Olhei para onde vinha e vi Elizabeth. Depois disso as coisas ficaram turvas, eu bati com o taco de baseball na lâmpada e computador. As coisas aconteceram muito rápido, só lembro de voltar a beber até cair no sono. Sozinho.

- A moça que foi embora ontem com uma mala era alguma coisa sua? – Nathalie perguntou.

- Minha noiva. – respondi saindo do meu devaneio.

Meu celular estava apitando e só então percebi.

Lizzy <3: Não voltarei. Precisarei de um tempo para pensar. Vou viajar amanhã. Quem sabe o que acontecerá? No momento estamos acabados. Só relembrando caso você não lembre da discussão de ontem.

- Ex noiva. – disse olhando para Nathalie.

- Sinto muito. – ela disse cabisbaixa olhando para fora do carro.

Quando chegamos a casa dela, ela veio me abraçar e quase nos beijamos, ela ficou ainda mais inibida. Ela saiu do carro, fechou a porta e se escorou na janela do carro.

- Você, por acaso, poderia me mostrar a cidade? Sou nova aqui. – ela disse com as bochechas vermelhas.

- Claro. Me passa seu celular que marcamos uma data. – disse sorrindo e passando meu celular para ela anotar seu número. Estava tentando amenizar o clima que ficou.

- Obrigada. Até mais. – ela disse se virando para trás e entrando na casa.

Voltei para casa e quando cheguei lá todos já haviam ido embora, ficando somente Josh, Caroline, sua esposa, e eu.

- Sinto muito, Dan. Eu soube. – Carol disse me abraçando quando me sentei no sofá. Naquele momento comecei a chorar. Eu a amava e não queria que tivesse acontecido daquela maneira.

Uma noite pode mudar tudoWhere stories live. Discover now