único;

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O dia estava tão belo; seria uma quarta-feira costumeira e chata como as outras sempre eram, se não fosse pela simples companhia de Jungkook, pensava Yoongi.

Ah, aquele riso e aquele sorriso podia lhe alterar o humor para o mais agradável possível em míseros segundos. Este era o poder que o jovem de cabelos negros exercia sobre o mais velho, que andava tão taciturno nesses últimos dias. Mas Yoongi mesmo não sabia o porquê de estar assim; ele tinha Jungkook, este era tudo que precisava. Para qualquer situação, Jungkook o deixava bem, ajudava.

- Duas limonadas, por favor - pediu o esverdeado à uma garçonete que passava ao lado deles. Ela olhou meio torto para Yoongi, mas pôs-se a executar seu trabalho sem pestanejar. - Vem, o ar fresco nos espera.

Dito isso puxou o mais novo entrelaçando seus dedos para que pudessem se acomodar numa mesa lá fora à companhia da brisa fresca trazida pela natureza num dia típico de verão. Min odiava verão, mas ele tinha Jungkook consigo, este era tudo que precisava.

- Essa brisa é boa, não é, hyung? - os cabelos negros e sedosos dançavam numa sincronia que o vento criava. - Ai! Entrou cabelo no meu olho.

Yoongi riu. Só Jungkook mesmo para o fazer rir em tempos como este.

A garçonete logo chegou com as duas limonadas em copos grandes decorados em desenhos excêntricos no vidro. Depositou os dois copos na frente de Yoongi, junto com o canudo dobrável e saiu.

- Ela me parece antipática - disse com os olhos postos a perscrutar a trilha que a mulher fazia ao voltar para o estabelecimento, desviando das mesas e cadeiras que haviam pelo local. - Mas eu não posso julgar ela, porque quando lhe conheci, também parecia muito antipático, hyung. E eu estava tão errado ao pensar isto.

- É... - de repente Yoongi sentiu como se seu coração estivesse preso em milhares de cordas que o impediam de fazer o trabalho de bombear sangue. Estava doendo. Por quê? Ele estava com Jungkook, não havia sentido.

- Você se lembra, não é? Foi aqui que tivemos nosso primeiro encontro. Jantamos lá dentro, eu nunca esqueci - o jovem apontou agora para dentro do estabelecimento. - Comemos comida japonesa...

- Está doendo - Yoongi disse abruptamente.

- O quê?

- Meu coração. Ele dói.

- Por que dói? - inclinou a cabeça como um animalzinho que tentava entender o que o dono dizia.

- Eu não sei. Eu estou com você, é tudo que eu preciso. Você me faz feliz, mas agora dói.

Yoongi esperou uma resposta do companheiro, mas não a obteve. Jungkook continuou calado, agora observava atentamente o gerente do restaurante que vinha caminhando em direção à eles; eram amigos, ele e Yoongi. O mesmo dito se lembrava de quando teve o apoio do amigo para o preparo do primeiro encontro entre ele e Jungkook, bons tempos.

O homem tinha uma expressão de consolação no rosto, parecia penoso por algo. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e seu olhar visivelmente triste.

- Boa tarde, Yoongi. Como estás?

Nesta hora em que o tal amigo pousou a mão no ombro do esverdeado, Yoongi abriu a boca para responder... mas Jungkook se levantou de ímpeto da cadeira e tomou voz.

- Yoongi, vamos embora, por favor.

Yoongi sentiu os olhos nublados. Não entendeu, todavia ignorou o chamado de Jungkook.

- Me sinto ruim agora. Meu coração está apertado, e dói - respondeu ao homem.

O homem sentou na cadeira que Jungkook anteriormente ocupava, já que agora o jovem se encontrava de pé, observando os dois com uma certa cólera no olhar.

- Eu entendo, sinceramente. Tragédias assim acontecem todo santo dia, à toda hora, porém nunca estamos preparados para que aconteça com a gente. Não que devemos esperar... Ah, eu realmente sinto muito pela sua perda.

Uma lágrima desceu sorrateira e desenfreada pelo rosto que nesses últimos dias estavam mais pálidos que o normal. Mais lágrimas tomaram liberdade sobre a face de Yoongi, como um pássaro preso dentro da gaiola que ansiava para o dia em que fosse liberto. As lágrimas estavam presas e Yoongi sabia que era desde o dia em que tudo ocorrera, mas por que sua mente insistia em enganá-lo? Era tão cruel.

- Só quero dizer que estarei sempre ao seu lado seja para que precisar - continuou o homem.

- Yoongi! - a voz de doce de Jungkook o chamou novamente, ele não queria que seu namorado escutasse àquele homem. - Min Yoongi!

O de cabelos verdes tapou os ouvidos, não queria escutar Jungkook o chamando, não, estava doendo demais. As lágrimas corriam sem freio fazendo um longos caminhos curvos até despencarem do queixo até a perna coberta pelo jeans.

Mas não chorava apenas porque doía, não, ele percebeu a que nível chegara, estava delirando novamente. Chorava pela dor, chorava por se sentir sufocado, chorava por tudo estar sendo uma ilusão, um ludíbrio; agora chorava mais ainda por recordar da morte do namorado que fora assassinado à exatamente dois dias atrás por bandidos sangue frio, ao reagir um assalto. Jungkook nunca fora uma pessoa que deixaria uma situação como essa passar, ele sempre achava que poderia dar um jeito, melhorar a situação. Dessa vez falhara. Um tiro na cabeça não causou dor em Jungkook por sua morte ter sido instantânea, mas Yoongi estava com dor, estava sofrendo tanto.

Jungkook tinha um grande apreço por sua coragem, dizia e repetia que era sua melhor qualidade, porém fora isso que o matara, Yoongi achava.

Tirou as mãos trêmulas que abafavam os sons encaminhados aos ouvidos e ergueu o olhar; Jungkook não estava mais lá. Yoongi soluçou e tornou a mergulhar-se em suas profundas lamentações.

Yoongi sentiu a tristeza e a infelicidade perfurando sua pele como uma adaga, sem dó nem piedade, ele estava sendo perfurado. Foi assim que tornara-se infeliz, perdera Jungkook, que era tudo que precisava.

Jungkook era tudo para ele, mas infelizmente tudo não era Jungkook. Aquele era um adeus.

~

isso saiu enquanto eu escutava o cover 2u do jk

espero não ter ficado muito confuso
enfim, obrigada pra quem leu até aqui sz

everything; yoon.kookOnde histórias criam vida. Descubra agora