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"Sim, mãe, está tudo certo, você não precisa se preocupar." eu dizia a mulher histérica do outro lado da ligação.

"Então, Jimin, faça o favor de dar notícias frequentes. Você ta achando que já manda no seu próprio nariz? Pois está achando errado." ela grita.

"Eu sei, mãe. Desculpa." falo sinceramente. Realmente me sentia culpado por ter ficado tanto tempo sem contatar a minha mãe.

A primeira semana de aula havia passado tão rápido e eu estava tão cansado que simplesmente esqueci que existia uma mãe muito preocupada comigo em Busan. Anotei mentalmente para mandar pelo menos uma mensagem para ela todos os dias.

"E posso saber por que não está na aula?" ela pergunta ainda muito séria.

"Não tenho aula terça a tarde, mãe." respondo.

"E o que está fazendo?"

Olho para o jogo aberto na tela do meu computador e para o pacote de salgadinho aberto ao meu lado.

"Nada demais, apenas dando uma revisada na matéria." minto de leve.

"Juny está com saudade de você." ela diz fazendo meu coração apertar.

"Eu também estou morrendo de saudade. Por favor, cuide bem dela." meus olhos se fecham.

Juny era minha cachorra sem raça definida que eu havia pego de um canil quando Taehyung foi embora. Ela era a minha distração do vazio que a ida do meu melhor amigo causava. E com o tempo havia se tornado uma das partes mais importantes da minha vida.

"Eu sempre cuido dela, Jimin." minha mãe diz impaciente. "Quando você vai poder vir nos visitar?"

"Visitar já? Mãe, eu estava aí não faz nem duas semanas."

"Uma mãe não pode mais querer ver seu filho?" ela diz dramatizando.

"É claro que sim, ok, irei ver o próximo feriado ou algo assim." dou um leve suspiro.

"Está certo, então. Ah, Jimin, Juny não é a única, eu também sinto saudade." e sinto na sua voz a tristeza que aquelas palavras carregavam.

"Eu sei, mãe. Eu também sinto. Por favor, fique bem."

E depois de uma série de conselhos sobre como me cuidar, desligamos.

Entendiado, joguei o celular longe e fechei a tela do computador, decidindo subitamente que deveria fazer outra coisa. Segundos depois, meu celular toca novamente.

Suspirando achando que fosse minha mãe retornando a chamada, me estico para pegar o celular na ponta da cama.

"O que você quer?" pergunto.

"É assim que atende ligações?" a voz na linha me questiona. Alguns segundos de silêncio se passam até que a escuto acrescentar "É o Taeyang."

"Oh, Taeyang, me desculpe, pensei que fosse a minha mãe."

"Que jeito péssimo de tratar sua mãe, Jimin."

Rio de seu comentário.

"Taeyang, sem querer ser grosso mas por que está me ligando?"

"Eu tenho uma novidade que acho que você vai gostar. E uma proposta." ele fala cauteloso.

"Bom, você tem toda minha atenção. Pode falar."

"Hyung, eu não posso ficar parado, você me entende? Em relação a dança. Eu preciso continuar. Então, achei um curso no centro, foque em dança contemporânea, aos sábados de manhã." ele pausa. "E gostaria de saber se você não gostaria de ir comigo lá, se informar mais. E quem sabe podíamos começar juntos."

"Eu adoraria!" digo animado percebendo como eu sentia falta de dançar. "Quando pretende ir lá?"

"Hum, agora."

"Agora?!" pergunto olhando para o estado em que me encontrava, desde a calça do pijama até o cabelo que eu não havia lavado na noite anterior. "Ok, só preciso me arrumar."

"Em meia hora passo aí." ele diz finalizando a chamada.

-

Eu andava ao lado de Taeyang enquanto procurávamos pelo local do curso. Havíamos decidido que descer do carro e procurar a pé seria mais fácil, tendo em vista a quantidade de trânsito e pessoas que circulavam neste horário pelo centro. Taeyang mantia uma postura séria, ele era mais alto que eu, eu não sabia sua altura, mas ele alcançava um metro e oitenta facilmente.

Essa era a primeira vez que eu andava pelo centro de Seoul e não poderia estar mais perdido. Sentia que Taeyang estava também, mas não se permitia admitir. Depois de algumas voltas em círculos, decidi perguntar a uma senhora que passava pela gente e descobri que passamos pela rua do nosso destino duas vezes, a ignorando e seguindo para a próxima.

O lugar era grande, a pintura da faixada em tons azuis trazia uma harmonia legal para o ambiente, grandes letras pretas indicavam o nome do estabelecimento "Seo Companhia de Dança".

Entramos nos dirigindo para o balcão da recepcionista, onde uma mulher, não muito mais velha que nós dois, se encontrava ao telefone. Ela fez um rápido sinal com a mão para que esperássemos, onde Taeyang mexeu levemente a cabeça concordando.

"Olá, meninos, desculpe a demora." ela disse após desligar o telefone. "Meu nome é Kim Yangmi, como posso ajudá-los?"

"Oi, eu sou Taeyang, e esse é meu amigo Park Jimin..." Taeyang começa nos apresentando. "Estamos interessados no curso de dança contemporânea."

"Vocês estão com sorte, então, porque estamos com inscrições abertas." Ela diz checando o computador. "Vocês já praticaram algum tipo de dança antes ou são novatos?"

"Ahn, já praticamos." Taeyang responde meio tímido.

"Nós temos três turmas, principiante, intermediário e avançado. O curso é basicamente você passar pelos três níveis. Na turma principiante são novatos que entram aqui sem ideia nenhuma de dança querendo aprender desde o início, já na turma avançada se encontram nossos melhores dançarinos e aqueles que tem mais oportunidades de participar do nosso grupo de dança em competições com outras escolas." ela começa seu monólogo. "Temos uma prova de nivelamento, é claro. A prova vai definir em que nível vocês estão. Se vocês já tiverem prática mesmo, acho difícil ficarem no principiante."

"Entendo." Taeyang murmura. "E quanto aos preços?"

Yangmi estica um folder para Taeyang, que o pega e o analiza.

"Aí você vai encontrar todos os preços de todos os nossos cursos."

Eu espio por cima do ombro de Taeyang, de olhos arregalados. Era com certeza muito mais caro do que eu poderia pagar.

"Vamos ter a prova de nivelamento este sábado." Yangmi continua digitando algo no seu computador. "Todo novo ano oferecemos uma bolsa para o melhor dançarino do teste, vocês podem tentar também."

"E como fazemos para nos inscrever nesse teste?" Taeyang pergunta.

"Eu posso inscrevê-los agora mesmo."

Depois de darmos nossos dados para Yangmi que digitava tudo muito rapidamente no computador, fizemos uma tour pelo estabelecimento, com a recepcionista nos guiando. Algumas salas estavam em aula, então não pudemos entrar, mas eu pude ouvir o som da música em sincronia com os sapatos tocando o chão e subitamente me senti totalmente em paz naquele lugar.

Sentia vontade de pular no pescoço de Taeyang e o agradecer por ter me tirado de casa naquela terça a tarde e me trazer ali. Eu não deveria ter privado meu corpo por tanto tempo de sua maior paixão. Eu estava determinado, iria ganhar aquela bolsa.

a thousand stars | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora