Taxi cab

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'' Às vezes nós vamos morrer e às vezes vamos voar para longe''

- Precisam de ajuda? Eu estou indo ao centro da cidade, e posso levar o paciente ao hospital sem nenhum problema – diz o taxista

Os paramédicos ficam com um pé atrás, mas, por alguma razão, sentem que podem confiar nesse taxista. Os olhos azuis dele, seu cabelo longo e liso, sua voz delicada e doce encantam qualquer um que a escute.

- O senhor será de grande ajuda, com certeza - exclama um dos paramédicos.

Eles se juntam e carregam a maca de Tyler em direção ao taxi. Um pequeno taxi, tão amarelo quanto o sol, com um banco de cor branca e de janelas pretas. O taxista se assusta ao ver Tyler, fica perplexo ao ver a situação em que o garoto se encontra. Seus olhos azuis se enchem de lágrimas ao encararem Tyler, como se os dois já se conhecessem.

Ele volta ao controle do taxi e segue o caminho em direção ao hospital. Os pulsos de Tyler logo começam a manchar o estofado branco do carro, transformando-os em um mar vermelho escuro e profundo. Durante o caminho, o taxista abre a porta para mais dois senhores embarcarem no taxi. Os três se olham como se fossem velhos amigos, os dois homens que acabaram de entrar no taxi encaram Tyler da mesma forma que o taxista o encarou, e seus olhos se enchem de lágrimas também.

O taxi continua seguindo o seu caminho, com os três homens na parte da frente. De repente, eles sentem algo vindo do banco de trás tremer. E é Tyler, que mexe devagar seus pulsos cortados e abre lentamente seus olhos, confuso sobre o que está acontecendo e aonde está. Tudo que ele consegue ver é a nuca desses três homens. Sua força parece estar voltando, sua boca treme, e ele vê novamente o garoto de cabelos vermelhos, que sussurra em seu ouvido:

- Aguente firme, você consegue, fique vivo, fique vivo por mim.

Tyler escuta o garoto e também escuta atentamente a conversa dos três homens no banco da frente:

- A noite se tornará cinza e as estrelas vão começar a desaparecer- diz um dos homens

- Tivemos que rouba-lo de seu destino para que ele pudesse ver outro dia- diz o outro homem.

Tyler começa a se sentir melhor, se sente cada vez mais forte e finalmente encontra o fôlego que procurava.

Ele se senta no banco e logo pergunta:

- Eu estou vivo e bem ou eu estou morto e sonhando?

Um dos homens se vira e diz:

- Nós estamos dirigindo em direção ao sol do amanhã, onde todo o seu sangue será lavado e tudo o que você fez será desfeito.

Dito isso, um fecho de luz atravessa a janela do taxi, iluminando todo o caminho. O banco do carro que antes se encontrava em um mar vermelho por conta do sangue finalmente volta a sua cor original, branco.

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