Young Blood

Capítulo 3

O dia foi longo, como previ.

Minha mãe ficou conosco na cozinha a manhã toda. Era perceptível sua melhora de humor, e eu estava feliz por vê-la feliz.

Cozinhamos e limpamos a cozinha. Logo após ajudei Zuca a arrumar a mesa do almoço enfeitando a mesma com flores coloridas do nosso jardim. Em três meses não me senti mais aquecida por dentro como agora.

~Miranda P.O.V Off~

[16 de Dezembro, 2010; 13:21]

Quando os últimos pratos foram adicionados à mesa, Sr. Poirot adentrou a enorme cozinha, ele vestia roupas casuais para um dia que não estava muito frio nem muito quente. Atrás dele vinha uma mulher loira que aparentava estar nos seus trintas e pouco, ela vestia calça e blusa social e uma bota que se escondia dentro da calça. Ela carregava uma expressão séria de quem tinha muito trabalho a fazer e que não daria tempo almoçar. Ao lado dela estava um homem vestido de calça social, blusa social que estava arrumadamente passada por dentro da calça e um paletó enganchado no seu braço esquerdo na qual segurava um celular. O homem aparentava estar nos seus vinte e quatro a vinte e seis. Seus ombros tensos e largos e seus olhos em alertas mostravam que ele não era o tipo de pessoa na qual gostava de ouvir piadas e sorrir. Apesar de sua pose profissional e seus olhos sem emoção, o homem não deixava de ser fisicamente bonito. Seus cabelos levemente bagunçados que desciam por seu pescoço e seus músculos ressaltados pela camisa social chamaria atenção de qualquer pessoa. Ao lado do Sr. Poirot se encontrava outro homem que já estava nos seus quarenta. Ele tinha expressões no rostos que mostravam o quanto estava cansado. Ele vestia roupas iguais a do colega, porém seu paletó continuava intacto no seu corpo cobrindo a camisa social azul. Seus poucos cabelos que restara na cabeça eram grisalhos, e a marca de aliança no seu dedo mostrava que até recentemente ali possuía uma história de amor.

Sr. Poirot sentou-se na cadeira do centro, ao seu lado esquerdo estava sua esposa, Olivia, no direito, Miranda. Zuca estava em pé no canto esperando ordens sobre o que deveria fazer enquanto os convidados se acomodavam em seus lugares.

– Então, minha querida. - falou Sr. Poirot dirigindo-se a Miranda – Ontem comentei com você que iria contratar uma nova equipe de detetives. Eles chegaram enquanto você ainda dormia, por isso não fiz as apresentações. - ele explicou-se. – Aproveitei e convidei-os para almoçarem aqui e comentarmos sobre nossas suspeitas e também porque eles queriam conversar com você. - o homem carregava um olhar cheio de medo pela reação da unica filha, mas não deixou-se abalar. -

– Papai, é um almoço! Não vou falar de morte nem reviver o pior dia da minha vida. Perdoe-me mas não me peça isso. - a garota disse enquanto tentava não levantar a voz na frente dos convidados. – Além do mais, já falei tudo para as últimas sete equipes que você contratou. - ela concluiu enquanto levava o garfo cheio de frango a boca. -

– Tudo bem, tudo bem! Eu fui um tolo em lhe pressionar, me perdoe, querida. - ele disse com a voz falha. – Às vezes me esqueço que você também sente o mesmo que nós. - falou enquanto segurava a mão de Olivia que até então mantinha-se calada comendo. -

Os convidados assistiam a conversa compenetrados tentando capturar qualquer sinal ou pista que envolvesse o caso. O problema e a virtude de ser um detetive e trabalhar com pistas é que qualquer pessoa, aparentemente boa ou não, se torna um suspeito. Seus hábitos passam a serem razões, e suas emoções passam a serem pistas.

E no caso de Rachel Poirot, onde somente seus pais, Rubens e Olivia Poirot, os pais de Olivia e Miranda estavam na casa, qualquer um poderia ser o assassino.

[16 de Dezembro, 2010; 13:48]

~Miranda P.O.V On~

Eu não estava mais aguentando permanecer naquele lugar onde os olhares daqueles desconhecidos pesavam sobre mim como chumbo. Não aguentava mais os olhares daqueles que suspeitavam de mim, como se eu fosse capaz de planejar e tirar a vida da minha própria irmã.