A maldição dos Quatro - Livro 1

Cap.6 - Lute ou Morra

( David narrando )

Puxei a Lilian para o centro do baile onde estavam todos dançando e ela não parava de me perguntar o que estava acontecendo e onde estavam os outros.

— Dance comigo por favor senhorita. - eu digo disfarçando minhas preocupações. Ela faz cara feia e segura minha nuca e começa a dançar comigo. — A única coisa que precisa saber é que os meus irmãos foram envenenados com algum tipo de magia.. estão tentando resolver. - eu digo sussurrando em seu ouvido e sorrindo para ninguém perceber nada.

— O que ??! Isso é.. - ela fica pasma, e eu a rodo e a puxo para mais perto ainda sorrindo.

— Haja normalmente.. A bruxa que fez isso pode estar entre nós, ela deve ter feito isso na intenção de deixa-la sozinha e lhe raptar. Porém, prometo que nada lhe acontecerá, ok? - eu retruco, ela sorri e começa a procurar alguém que pareça suspeito.

Comecei a me distrair com Lia, ela conseguia tirar todo o meu foco, a minha atenção estava nela nesse momento. Meu olhar se esfria, odeio ficar assim, odeio.. ela.

— Dav.. - Lia tentou falar meu nome e desmaiou em meus braços. Fiquei surpreso e preocupado, a peguei nos braços fortemente e comecei a correr para fora do castelo com ela.

Será que ela tomou alguma coisa ?? Maldita bruxa, eu a matarei com minhas próprias mãos. O que faço com Lia ? Droga !.. Uso minhas habilidades para se mover rapidamente para outro canto, logo estávamos fora do castelo, corri para dentro de uma aldeia. Nós temos uma casa abandonada por lá, onde eu poderei cuidar da Lia.

Era uma pequena cabana, logo achei e entrei com ela nos meus braços. Haviam quatro quartos, entrei no maior e o mais aconchegante possível para que ela acorde bem, e ela acordará !

A deitei numa cama alta coberta de seda e com um colchão fofo o suficiente para livra-la do frio desse inverno tremendo. Deito do seu lado e lhe dou um copo de água na boca e forço minha audição de vampiro para escutar seu coração. Tudo em mim gela mais do que o normal ao ouvir que seu coração pulsa fraco e devagar, bastante devagar. Mordo forte meu pulso fazendo escorrer meu sangue e dou na boca dela para que ela se cure.

— Droga Lilian, acorda ! - fico revoltado ao sangue demorar para fazer efeito e ao mesmo tempo preocupado que ele não faça efeito algum. — P-por favor Lia.. não morra.. não pode fazer isso comigo !

E ela acorda tossindo muito pelo sangue que logo eu limpei um resto que estava escorrendo pelo canto de sua linda boca. Fiquei aliviado e me levantei da cama limpando minhas mãos e deixando o copo de água ao lado da cama dela e me viro para ir para outro quarto e deixa-la dormir um pouco.

— Espere.. - fala ela ainda tossindo muito.

— Sim ? - pergunto.

— O-onde estamos ? - Lilian pergunta confusa olhando ao seu redor tentando reconhecer o lugar em que estava.

— Está protegida, é só o que importa. Agora durma senhorita. - eu respondo e abro a porta rapidamente e num piscar de olhos eu sumo.

***

A noite foi curta. O céu já estava claro e decidi ir ver como ela estava. Ao abrir a porta e sentar numa poltrona ao lado de onde ela estava dormindo, olhei para seu rosto e tive um flash de mémoria de quando Caitlyn dormiu comigo pela última vez, a mulher da minha vida parada ali, do meu lado, era como um ser de luz. Podia ouvir sua respiração a centímetros de distânc...

- David, você está.. está aí ? Eu... - escuto a voz de Lia e acordo dos meus devaneios, rapidamente me aproximo dela e sento na cama, afim de examina-la para ver como está sentindo, se está machucada.

- Sim eu estou, não precisa se preocupar. - instantaneamente minhas mãos correm pelos seus cabelos alisando-os, coisa que fazia parte das minhas manias enquanto estava com Caitlyn.

- Onde estão os outros ? Estão bem ?? - ela pergunta se levantando e parecendo preocupada. Tiro minhas mãos dela.

- Sim, estão a caminho. Por enquanto, venha comer alguma coisa, precisa se levantar. - tento ajuda-la a sair da cama e logo estávamos na cozinha. Ela observa o ambiente cuidadosamente e sorri, fico extasiado com a forma que suas covinhas surgem no seu sorriso formando um desenho excitante nas curvas do seu rosto.

Ela sentou numa cadeira em frente  balcão. Tudo era madeira, casas rústicas são as minhas favoritas. Gosto do som, do cheiro, de tudo que emana desta cabana. Há muito tempo atrás foi um lar para mim e meus irmãos, nossos pais nos criaram por um curto período e ao começarmos a mostrar sinais de vampiros e após eles saberem da maldição, foram embora, nos abandonando para sempre.

- Porque está sorrindo ? Desculpe a intromissão. - pergunto curioso. Ela me faz querer entede-la.

- Bom, eu gosto do ambiente. Acho que me trás um pouco de paz, não sei se compreende o que quero dizer. - retruca ela e eu fico surpreso, mas não demonstro. Ela também gosta daqui.

Antes que eu possa falar algo vejo a porta abrir, estava tão distraído que não escutei meus irmãos chegarem. Poderia ser qualquer pessoa. Eu deveria estar atento e me enfureço com isso.

Lia põe de pé e segue em direção a eles, observando-os devagar. A forma como cuidava deles me deixava enjoado.

- Estamos bem lindinha. - disse Minael. Ela cruzou os braços chateada.

- Que cara é essa em ? Deveria agradecer que não lhe matamos.. ainda. - Kai diz e começa a rir, tocando o rosto dela com a ponta dos dedos e dando as costas.

- Não escute-o. Está mal humorado devido os efeitos colaterais das ervas. Como se sente ? Nosso irmão cuidou bem de você eu imagino. - Arthur pisca para Lilian e se senta onde ela estava sentada.

- Não entendo, se devo salvar vocês porque vocês se afastam ? - é, ela está muito chateada. Aposto que estava esperando para dizer isso a noite toda.

- Porque devemos salvar você, coisinha. Não entende ? - Minael responde primeiro e a deixa ainda mais irritada.

- Pode parar de me chamar de apelidinhos idiotas ? Vou agradecer. 

- Temos que nos preocupar com o que está lá fora. A espreita. Esperando um segundo em que deixemos ela sozinha para atacar. O que faremos ? - diz Arthur coçando a cabeça.Todos começaram a andar para um lado e para o outro. Nunca estivemos tão preocupados, porém preparados. Há anos esperávamos por este momento.

- Lilian precisa treinar, isso é fato, alguma hora ela vai precisar se defender e tem que estar pronta. Se queremos protege-la devemos ensina-la a se proteger. - informo e me aproximo deles.

- Está bem. Quem vai ensinar então ? Sou muito bom com uns golpes. - Kai pergunta já se voluntariando e mostrando movimentos de luta.

- Que seja. Só não nos cause problemas. - falo com a mão na testa, cansado das últimas encrencas em que eles nos colocaram.

Lia se aproxima de Kai com o olhar mais alegre. Sabia que estava pronta.

- Podemos começar ? - ela diz para ele e, em seguida, ele a acompanha até o rio. Era onde brincavamos de quem sabia lutar mais quando pequenos. Nem acredito que já faz tanto tempo.

Todos começamos a observar. Minael estava emburrado com a maneira que Lia se divertia com a situação. Pegaram cada um uma espada e começaram a brigar, ela parece ser muito boa nisso, ou melhor, parece que sabe muito bem o que fazer. As espadas ecoavam e ela estaava começando a perder, cada vez que ele se aproximava ela ia afastando até cair de costas no chão.

- Se machucou ? Espero que não, porque ainda precisa melhorar. - Kai estendeu sua mão para ajuda-la a levantar mas ela recusou e levantou sozinha, pegou a espada e começou a lutar novamente. É muito determinada.

- Não sou tão frágil como pensa, querido. - estava com raiva, ela conseguiu vence-lo ao fazer um movimento de luta inacreditável girando e acertando-o bem no peito, mas ele cai ao desviar e ela cai em cima dele devido a força do golpe, fazendo com que soltassem os dois suas espadas.