Prólogo

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Era uma segunda feira, mas ninguém ali parecia ligar para isso. As férias de verão estavam a todo vapor, o calendário já marcava a segunda semana de janeiro, mas isso não diminuia a felicidade das poucas pessoas presentes. Naquele lugar, em uma praia distante e pouco conhecida, uma família em especial se destacava: a família Andrade. As irmãs Cássia e Débora sorriam bobas ao observar suas filhas se atrapalharem nas diversas viagens de ida e volta do mar para a construção de um castelo de areia, cada uma com um balde em mãos, os pezinhos rechonchudos se enroscavam e elas demoravam o dobro do tempo necessário para concluir o percurso do mar ao local da construção por conta da quantidade de água em cada baldinho. A garotinha morena de cabelos longos liderava o caminho até o castelinho toda espoleta enquanto a loira de cabelos nos ombros exibia um sorriso angelical no rosto, andando logo atrás dela, mantendo o ritmo.
Saiu então da única barraca daquele pedaço de praia um garotinho com cabelos encaracolados loiros e queimados devido a exposição recorrente do sol. Levava um risco de cada lado do pequeno rosto com protetor solar, bem nos seios da face, e carregava consigo uma prancha de isopor desgastada. Correu afobadamente em direção ao mar e quando alcançou a distância desejada da areia, repousou sua cabeça no objeto que levara consigo, para então começar a observar as pessoas que por ali passavam naquele dia.
O menino não percebeu quando a garotinha loira, que havia deixado sua prima sozinha com o castelo, se aproximou para lavar as mãos no mar. Uma vez na água, ela submergiu e voltou à superfície perto do garoto, que a olhou curioso. Os dois sustentaram os olhares até que uma voz de fora fez com que eles redirecionassem sua atenção em direção à outra garota que se aproximava:
- Oi! Quem é você?
- Meu nome é Guto. E o seu? – Ele então perguntou àquela que conhecera primeiro, sem conseguir conter a curiosidade.
- Eu sou a Lica. E ela é minha prima, a Babi. – Ela respondeu, dando à ele um sorriso tímido.
As meninas então o convidaram para ajudar na construção de seu castelinho de areia, e Guto prontificamente se juntou a elas, infincando sua prancha roxa na areia assim que decidiram voltar ao trabalho. Passaram o resto da tarde juntos, levando a atividade à sério e se dedicando ao máximo para que o resultado agradasse a todos, e foi quando Babi encontrou a  concha perfeita para colocar no topo do castelo, que as irmãs decidiram que era hora de ir embora da praia. As crianças se despediram e as primas partiram com suas mães de volta para o apartamento de veraneio da família, enquanto Guto voltava para sua casa, atrás da barraca de seus pais.

Quando a Maré SubirOnde histórias criam vida. Descubra agora