Eu despertei um pouco zonza e percebi que estava escuro. Fui pegar o celular para ver o horário, era três horas da madrugada. Escutei um barulho, imaginei que fosse meus pais chegando. Deixei meu celular no lugar, levantei da cama e sai do quarto para encontrá-los.
- Mãe? Pai? Como foi lá? Tava legal? - fui andando na sala, onde havia luz, mas não vi ninguém. Surgiu um pressentimento, eles não deram um sinal de vida. Escutei barulho de vento, fui na entrada da casa e a porta estava aberta. Vi que ela estava arrombada. Senti uma mão com pano tapando na minha boca e um braço laçando o meu pescoço.
-Olha só, a filhinha dos merdinhas está aqui. - congelei na hora, conhecia essa voz de algum lugar. Não deu muito tempo que tentei lutar, pois o clorofórmio do pano estava dando efeito. Minha visão estava turva, meu corpo enfraqueceu.
Acordei, com as mãos e os pés amarrados, sentindo um calor enorme no meu corpo todo. Chamas estava em todo lugar, tentei desprender a corda que estava nos pés. "Vai logo, preciso sair daqui!" - o desespero tomou conta da minha mente, fazendo com que eu tremesse e me atrapalhasse toda. Eu não estava aguentando, sentia a fumaça ocupando meu pulmão, mal conseguia respirar. Achava que aquele momento seria o último, pensava nos meus pais, nos meus amigos e no Yugyeom...
Quando eu estava prestes a fechar meus olhos, uma sombra apareceu na minha frente. Eu não sei se era a mesma pessoa, mas estava rezando pra que não fosse. Senti o seu braço envolvendo embaixo dos meus e sob os joelhos. Eu olhei para o rosto, tentando descobrir a identidade, mas acabei apagando.
- Eu não devia ter deixado ela em casa, sozinha. - dizia minha mãe parando a cada palavra dita, soluçando ao mesmo tempo.
- Calma amor, não foi sua culpa. Eu devia ter reforçado a segurança da nossa casa, sabia que aquele desgraçado ia atrás da gente. - pela voz, senti que meu pai estava furioso. Nesse momento, eu abri meus olhos, um pouco embaçado mas eu vi eles.
- Mãe! Pai! - só consegui falar isso, eu desabei nos braços deles.
- Meu bebê, o que seria da gente sem você? - chorei mais ainda quando ela me falou, naquele abraço quente, que senti como se fosse o primeiro e o último. Depois de um tempo conversando com os meus pais, uma pessoa apareceu na frente da minha porta. Quando abriu a porta, era ele.
- Nosso salvador! - dizia a minha mãe, chorando mais ainda. Mal ela sabe que é o mesmo garoto que me atormenta todos os dias. Jae bum se aproximou, parecia um pouco preocupado, mas eu não liguei na hora.
- Ah, você. - falei seca. Sabia que meus pais iriam olhar com uma cara feia pra mim, já estou lendo a mente deles, pensando o quão grossa e mal agradecida eu fui. - Muito obrigada por salvar a minha vida.
- Tudo bem. Fiz o que qualquer um poderia fazer... - dizia ele, desviando o seu olhar para o chão. Sua expressão dizia que ele estava aliviado, por quê? - bom, agora que você acordou, vou voltar para casa. Meus pais deram abraços nele e ele deu um aceno de despedida. Como ainda era cedo, descansei um pouco até chegar a hora do almoço. Mark e Eunha visitaram, com um buquê de gérberas e vários docinhos gostosos. No começo tivemos uma conversa um pouco desanimada, mas um tempinho depois já estávamos dando risadas. Depois de comer e jogar o papo pra fora, alguém lentamente estava entrando no quarto.
- Parece que está bem animado por aqui. - dizia Yugyeom, com o seu sorriso destruidor. Ele entrega as margaridas, minha favorita. Eu sabia que ele tinha vacilado, mas esse gesto já me fez sorrir. - você está melhor? Quando vai dar alta?
- Amanhã já posso ir para casa. - falei, tentando fingir que estava pouco brava. Por que é tão lindo assim?
-Que bom... Então, sobre o que aconteceu ontem... - a enfermeira abriu a porta, com o meu almoço. - ah, vou deixar você comer. A gente se vê na escola.
Ele saiu da porta, com aquele cheiro maravilhoso.. Espera, eu não tava brava com Yugyeom?
Enquanto eu comia, via a paisagem pela janela. De repente eu avistei uma presença estranha atrás da árvore. Será que era o mesmo cara que incendiou a minha casa?
