〜five〜

28 3 2
                                    

- Suzy? Hey, garota esquisita? - acordei com Shownu me chamando e me sacudindo com uma certa brutalidade. Esse ogro.  - acorda! - me sentei na "cama", que na verdade eram dois cobertores forrados no chão, esfregando o rosto. - você dorme muito, hein? Já são meio dia! Não vai sair do meu quarto?

- Ahm... Tá. OI? Meio dia? Eu dormi tanto assim? - exclamei, indignada. - Não acredito. Ai, não seja tão impaciente! Estamos falando sobre uma sem-teto, tá legal? Hum - Levantei da cama um pouco irritada.

- Tá, que seja. Sai logo! Eu consegui abrir a porta do seu quarto... - ele sorriu ao ver minha felicidade. Pensei em abraça-lo como agradecimento, mas ele parecia não gostar muito de afeto, então nem tentei.

Saí do quarto dele e fui até o meu, concluindo ser verdade. Mas espera.... CADÊ MINHA PORTA?

- YA, SHOWNU. - ele apareceu, já ciente da bronca que iria levar, com aquela carinha de "tenha piedade". - O que você fez com a minha porta? - perguntei em um tom de raiva, com aquele sorrisinho forçado.

- Eu arrombei. - ele deu dois passos pra trás. - O que você esperava? Eu avisei que não era nenhum tipo de super guerreiro ninja! Arrombar era a melhor opção e... é. - Respirei fundo e contei até duzentos e vinte para manter a calma.

- E agora eu vou ficar sem porta? Aish, agora nem privacidade eu vou ter mais... Me sinto no big brother. - Bufei. Ele ficou me encarando como se carregasse culpa, mas não tivesse intenção de pedir desculpas. - Cadê sua educação? Nem um "foi mal aí"? Ah, nem sei porque eu ainda tento...- revirei os olhos e entrei no quarto, tentando colocar a porta no arco de madeira, pelo menos para parecer que está fechada. Pra disfarçar o estrago, sabe?

Se o Shownu ajudou? Mas é claro que não. Ele saiu andando como quem acabou de ter a memória apagada por alienígenas que destruíram o mundo. Pelo jeito, ele não queria pronunciar a palavra "perdão", então apenas saiu de fininho.

Eu logo desci as escadas para tomar meu café/ almoço, mas fui surpreendida por um cara. Será que é um novo morador? Não faço ideia. Ele bloqueou a passagem, como se tivesse focado em mim, entre todos os outros que estavam passando por perto.

-Err.. Oi?- O cumprimentei em tom de pergunta, desconfiada. Ninguém dessa casa costuma falar comigo... Tio, cê tá suspeito. Não é demônio, tenho certeza.

- Olá, gracinha! Finalmente um ser digno de minha presença, as outras pragas nem direcionaram o olhar à mim- Ele soltou uma risada abafada.

-Ah, eles não são de socializar mesmo... - Ri de nervoso assim que percebi que ele era um humano.- então, eu vou indo, acho que estão me chamando ali, sabe? - Assim que eu ameacei sair, fui prensada na parede pelo tal moço psicopata.

- Não, não, não, coisa linda! Como ousa pensar em sair e deixar alguém como eu falando sozinho? - ele voltou a rir, de forma assustadora. Deu dois passos pra trás e me segurou com força pelo braço. - Já notei que você não tem força... Coisa boa essa! Você é o tipo de vítima que todo assassino deseja ter, sabia disso? Mas não tenha medo, só quero observar sua beleza de perto...- engoli à seco.

-O que é isso? Ficou maluco? Me solta, tá machucando. - ele não ligou. - YA já disse pra me soltar. Eu vou gritar, não tô brincando! Olha que eu grito alto, hein?- As autoridades não chegariam aqui em cerca de segundos, até porque, não somos nem humanos. Mas alguém naquele "necrotério" infestado de seres pecadores me notaria. E quem sabe, por um milagre de deus, um deles decida me salvar? Tá, eu tava ferrada.

- Calma, meu anjo, eu não sou nenhum assassino... Pelo menos ainda não rs.- eu continuei tentando me soltar, mesmo com a  ausência de força  em meus braços.- OU, se está querendo impor alguma coisa aqui, é melhor você parar agora, se não quiser ganhar uma cicatriz nesse seu belo rostinho. Se bem que seria um charme, não acha? - ele disse passando a mão direita com delicadeza em meu rosto. Eu continuava mandando ele parar, insistentemente. Acabei levando um tapa, por estressar o opressor. Mas, por sorte, dois hóspedes estavam subindo a escada no momento, fazendo ele recuar. Milagre, senhor.- Poxa, delicinha, vamos deixar a tortura pra mais tarde então... Vai vir com juros, okay?- ele piscou e saiu andando.

Entendi aquilo como uma ameaça. Ele tinha um olhar de maluco e características humanas. Um humano doente que conseguiu de alguma forma entrar na mansão. Claramente um psicopata, masoquista, esquizofrênico, mal amado, perdido na vida, estuprador.

O medo me consumiu naquele momento e preferi guardar pra mim o que aconteceu. As marcas avermelhadas de suas mãos em minha pele branca não demorariam muito pra sumir. Eu espero.

Eu já não sentia mais fome e resolvi ir para o telhado -o melhor lugar daquele inferno mobiliado- , pois queria ficar sozinha. Com sozinha eu quero dizer: Sem o maluco do corredor.

{...}

Não demorou muito para Shownu subir no meu cantinho  do pensamento. Mas que merda, já tirou toda a privacidade que eu tinha ao arrancar minha porta, agora tem que aparecer justo no lugar que eu escolhi pra me isolar. Isso é praga, não é possível.

-Ah, qual é? Sai daqui!- Eu  disse em um tom de raiva.

-Ainda com raiva de mim pela sua porta? Olha, eu te fiz um favor- ele se defendeu

-Ah, pode ser.. - menti. Eu já estava tanto tempo convivendo com monstros, que meu juramento de "nunca mentir", foi quebrado.- Não,  você se fez um favor. Até parece que me ajudaria se eu não estivesse infiltrada no seu lindo e aconchegante quarto- revirei os olhos

-Tá, isso pode sim ter uma certa influência... Mas eu fiz porque realmente me importava, ok? - Ele proferiu de forma convincente, depois me encarou semi cerrando os olhos. - Eu não acho que toda essa fúria seja por conta da porta.  Fala, o que fizeram com você? - puta merda, ele descobriu.  Tá, tá, a melhor saída é a saída da omissão.

-Ahm, que? Não..  Nada. Tá imaginando coisas - disse forçando a risada- Não houve absolutamente nada.

- Espera mesmo que eu acredite?  Ai, tão ingênua... - fui surpreendida.- tudo  bem, seus sentimentos  são completamente irrelevantes pra mim. -SEU FRIO, iceberg. Certeza que vive em chamas no submundo?

E ele saiu andando. Poxa, que falta de consideração.. Depois dessa vou até procurar o psicopata e pedir pra morrer... Mentira, não vou não. Tô bem aqui no meu cantinho.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 04, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Suicide Angel Onde histórias criam vida. Descubra agora