Quando era pequena eu adorava subir em árvores, brincar na rua de todos os tipos de piques que se podia imaginar: pique esconde, pique cola, pique alto e por ai vai. Eu amava a rua, principalmente pelo fato de que morei em casa por boa parte da minha infância e isso permitia que eu tivesse contato com todas as outras crianças dali. Saia de casa de manhã e só voltava a noite descabelada e bastante suja depois de um dia inteiro desbravando terrenos baldios, construção de casas nas árvores e tantas outras brincadeiras que já nem me lembro mais. Ali, antes dos meus 10 anos de idade eu já era livre. Não me importava se meus cabelos cacheados estavam desalinhados, se a roupa que estava usando era bonita o suficiente para agradar aos meus amigos e muito menos o meu peso ou forma física era de alguma importância. Eu era livre! Me sentia livre! E meus amigos me permitiam ser livre! Hoje em dia ainda procuro essa liberdade e esse amor pela rua que eu tinha nessa época. Tempo pra brincar então é algo bastante escasso e que tanta falta me faz. Parece que endureci e não tenho mais tempo para brincar. Enquanto escrevo essas palavras me pergunto: que diabos pode ser mais importante que brincar, ser feliz com meus amigos e acima de tudo ser livre? Qual foi o momento exato em que me adultizei e engessei meus quereres, meus ímpetos próprios e vontades em prol de corresponder ao que o restante do mundo começou a me cobrar? Sinto vontade de chorar, mas seguro o nó na garganta porque não é hora e nem o momento pra isso, exclama minha mente racional cagando regras que nem sei de onde vem. Mas elas vem e eu me calo...
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Às que vierem depois de mim...
PoetryDeixo esse grito, relato, manifesto, carta, mensagem, S.O.S, sinal de fumaça ou qualquer outro nome que se dê para a vontade de comunicar entre nós, mulheres. Trocas, vivências e votos para que possamos nos reencontrar e, de alguma forma, sabermos...