CAPÍTULO 13: SEGREDOS

409 13 0
                                    

:Abby:

Camille estava sozinha em uma mesa para dois, um quadrado perfeito de madeira localizado ao lado da janela. O Sol da manhã estava batendo na mesa e conforme eu me aproximei, notei que minha futura cunhada estava torcendo um guardanapo entre seus dedos tatuados. Quando sentei na cadeira a sua frente, ela ainda estava tão agitada com qualquer que fosse o assunto que estava pensando que sua tentativa de sorriso saiu torta e carregada de dor.

"Oi, Abby", ela disse, sua voz soando baixa.

"Está tudo bem?"

Sua cabeça balançou para cima e para baixo num movimento rápido. "Obrigada por me encontrar."

"Como foram as consultas com os médicos?"

Ela olhou para baixo em direção das mãos, deixando na mesa o guardanapo quando percebeu que ele já estava em frangalhos. "Tudo está curando. Trenton terá que fazer fisioterapia por um tempo. Ele está nervoso sobre o fato de poder não tatuar mais ninguém de novo."

"Ele não quebrou a mão," eu disse.

"Seu punho. Muito do trabalho está no punho."

Eu franzi as sobrancelhas. "Ele vai conseguir. E você? Como está a cabeça?"

Ela tocou a cicatriz vermelho escura inflamada ao longo da raíz do cabelo. "Ainda tenho dores de cabeça. A visão embaça as vezes. Apesar disso, está tudo bem."

"Fico feliz que vocês dois estejam bem."

"Eu sei," ela começou, hesitante. Ela pegou novamente o guardanapo, torcendo-o como se fosse um inimigo. "Eu sei que você me culpa. Eu não posso defender isso, então não vou fazê-lo. Já pensei no acidente centenas de vezes e me sentiria do mesmo jeito que você. Ele já esteve em uma batida horrível uma vez com uma antiga namorada, e estava nervoso por estar num carro com qualquer outra pessoa. Então, naturalmente, quando ele entrou comigo no carro, não parei; eu não diminuí a velocidade ou estacionei o carro; eu continuei dirigindo - gritando, brava, e não dando a devida atenção à rua."

Suas palavras me pegaram de surpresa. É como se ela tivesse lido minha mente, e isso fez com que eu pegasse um pouco mais leve. "Trent disse que ninguém teria conseguido desviar do babaca que bateu em vocês."

"Trent diz um monte de coisas," Camille murmurou. Ela estava tocando uma das muitas tatuagens que Trenton desenhou nela. "Meu ponto é: eu digo tudo isso a mim mesma, mas não consigo voltar atrás. Não posso culpá-la por estar brava comigo, porque eu estou brava comigo mesmo. Mas eu posso prometer tomar mais cuidado e pensar mais calmamente, e aprender com meus erros."

"E Thomas?"

Camille estremeceu. "Uau, não me admira que Travis tenha casado com você. Você fala o que pensa também." Eu arqueei uma sobrancelha, e ela contorceu-se como se fosse uma formiga sob um microscópio num dia quente. "O que você quer que eu diga, Abby?"

"Você ainda é apaixonada por ele?"

"Sim." Um pequeno suspiro saiu de sua boca, como se não fosse isso o que ela realmente queria dizer. "Abby," ela disse, fechando os olhos. "Eu amo o Trent. Estou apaixonada pelo Trent, e só quero estar com o Trent. Thomas e eu acabamos."

"Você tem certeza."

Ela franziu a sobrancelha. "E se... e se Travis morresse?" Eu a encarei. Ela levantou a mão. "Só me escute. E se Travis morresse e anos depois, você cruzasse com alguém que fizesse você sentir coisas que achasse que não fosse sentir por mais ninguém além do Travis? Até mesmo mais forte?"

"Impossível."

"Certo, mas e se não fosse? É assim que eu me sinto com Thomas e Trenton. Thomas não está mais na minha vida nesse sentido, e nunca mais vai estar, mas eu vou sempre, sempre amá-lo. Quando Trenton apareceu, eu não poderia não me apaixonar por ele. Acredite em mim. Eu tentei."

Infinitamente BeloOnde histórias criam vida. Descubra agora