Dante entre Demôniooooos

Capítulo 1- Flores

Estava preste a entrar em sua casa. É por volta das 7 horas da noite. Devido ao por do sol, o céu continha uma miscelânea de cores que encantava meus olhos. Ao lado do caminho que levava até a porta, continha um imenso jardim com as mais variadas espécies de flores que proporcionavam um maravilhoso cheiro no ar. A leve briza, fazia as flores dançarem, e refrescava meu corpo naquele quente dia de verão. Alguns pássaros que ainda estavam no jardim piavam, e os insetos que durante o ano estiveram ausentes, voltaram e já produziam seus sons. Apesar de estar em um ambiente urbano, um bairro cheio de residências, aquela pequena atmosfera natural se contrastava a todo o resto, gerando em mim memórias de minha infância onde brincava até o entardecer na casa de minha vó. Isso me trouxe um sentimento de paz e acolhimento.

Na minha mão direita, envoltas em um papel de embrulho estava um buquê de rosas vermelhas, que escolhi cuidadosamente a algumas horas atrás. Já na mão esquerda, carregava uma caixa de chocolates vermelha com um laço da mesma cor. A caixa em forma de coração pode não cair muito bem por não sermos namorados. Mas é um risco que estou disposto a correr, pois eu, Dante, almejo está mulher com todas as minhas forças. E mesmo estando um pouco nervoso, e ansioso por levar esses presentes. Tenho confiança que tudo ocorrerá bem. Afinal já tivemos vários encontros nesses últimos meses, assim somos muito próximos.

Quem sabe, ela sente os mesmos sintomas apaixonantes que eu sinto, em relação a mim.

Nos conhecemos durante uma festa de aniversário de um amigo. Eu estava perdido, não conhecia ninguém que estava lá. Os convidados conversavam em pequenos grupos ou dançavam freneticamente enquanto bebiam cerveja, vodka, pinga como loucos. A música alta, e as gargalhadas irritavam meus ouvidos. As pessoas alcoolizadas exalavam odores terríveis e agiam como idiotas, aquilo também me incomodava. Constantemente sujeitos que mal conseguiam ficar de pé me abordavam insistindo para que também bebesse; entretanto, não gostava de beber, então recusava educadamente por mais que fosse difícil suportar suas persistências. Pareciam dispostos a me ver desmaiar bebendo. 

Nunca fui muito fãn de barulho e muita gente junta, os dois juntos então, nem pensar. Fui me deprimindo conforme o tempo passava, a solidão misturada com desgosto pelo que via encheu o meu peito. Isso fez com que calmamente me afastasse de todos aos poucos, e fosse para o quintal, onde poderia por minhas ideias em ordem e ter um pouco de tranquilidade. Por que estava lá? Por que não me divertia com os outros? Por que não bebia uma boa gelada enquanto derramava-na de tanto dançar? Eram questões as quais eu levantava. Havia algo de errado comigo?

Não, é lógico que alguns preferem curtir a noite sozinho lendo um bom livro em sua cama, em meio a lençóis e cobertas a encher a cara até não poder mais, acordando no dia seguinte com uma dor de cabeça insuportável.  

Naquele quintal estava frio e escuro. Podia-se enxergar somente a silhuetas de árvores, plantas e objetos, com exceção de um banco abaixo de uma árvore iluminado pela lâmpada de um poste de decoração. Decidi ir lá. Caminhei pelas lajotas sobre a grama molhada para não sujar meus sapatos, com cuidado para não escorregar ou tropeçar em algum possível obstáculo que aparecesse pelo caminho. Havia chovido no começo daquela tarde, dava para sentir o cheiro de chuva no ar. Aquele cheiro gostoso me relaxou aliviando meu estres.

Quando me aproximei do banco vi, sentado nele, uma bela jovem, a qual emanava uma aura brilhante, reluzente, algo que não sou capaz de descrever com precisão. Pensei até se não havia me enganado, se minha visão tinha se confundido, porque podia ser muito bem ela que clareava aquele pequeno banco em vez do poste de  luz. Fui hipnotizado instantaneamente pelo sua aparência. Seus acinzentados olhos azuis. Os alvos, lisos fios de cabelo. Seu rosto era realmente belo. Ela usava óculos vermelhos como maçãs. Basicamente seu visual era composto por preto, com o moletom e os calçados dessa cor. A unica exceção era sua saia azul escura.