Acompanhante.

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Eu corri o máximo que pude, entrei na área da represa e pulei de ponta pra dentro da água.

A garota não fazia nenhum esforço para sair dali, ela estava mesmo se afogando e indo cada vez mais fundo. Eu tentava a pegar por trás e a levantar ou pelos braços, mas quando ela viu que tinha outra pessoa para a ajudar, ela começou a me puxar junto pra baixo.

Ela se debatia, enquanto eu tentava segurar as mãos dela. Eu estava começando a ficar com pouco fôlego, pois várias vezes eu era puxada pra dentro e me fazia engolir muita água.

Levantei acima da água rapidamente, tomei mais ar e tentei novamente. Dessa vez consegui a puxar pela cintura e fui mais rápida, conseguindo a imobilizar.

Ela estava em meus braços, parecia que havia desmaiado. A coloquei em meu colo e com muito esforço fui tentando subir de costas, arrastando, até pra parte mais rasa, onde tinha mais areia. Era difícil, eu tinha que aguentar o meu peso e o dela também, sendo que ambas as roupas estavam molhadas. E ainda tinha a preocupação de não a deixar bater a cabeça.

Eu tremia ao vê-la desacordada ali comigo, sabia que ela tinha engolido muita água também. Minhas mãos estavam geladas e eu continua suando frio, meu coração batia freneticamente.

Eu a deitei ali no chão mesmo, e coloquei uma mão na suas costas para ela levantar um pouco, caso reagisse. Senti se ela ainda respirava, me aproximando perto do seu nariz e da sua boca. Agradeci aos céus quando vi que ela estava, por mais que era com a respiração bem fraca.

Inclinei a cabeça dela para trás e levantei seu queixo. Coloquei uma mão à frente e apertei seu nariz, com a outra mão, a fiz abrir a boca. 

Tomei fôlego e pelo menos mais uns cinco minutos de coragem e me abaixei sobre a garota e cubri sua boca com a minha. Num movimento constante, fui soprando ar para dentro da boca dela, até que eu visse o  seu peito inflar novamente.

- Vamos garota, vai você consegue, por favor... - eu praticamente implorava, porque se algo acontecesse, eu de certa forma, me sentiria culpada. Estava ficando louca já naquela situação.

Fiz isso umas duas vezes, que foi o tempo suficiente dela reagir, que tossiu um pouco e logo começou a soltar água pela boca. Eu levantei sua cabeça, pra ela não engasgar.

Fiz o mesmo processo para ver se ela respirava e naquele momento sim, parecia que já estava voltando ao normal, ela manteve os olhos fechados o tempo todo.

Eu finalmente consegui a soltar e a deixar deitada um pouco, enquanto eu sentei ao seu lado. Fiquei tão ocupada vendo se ela estava bem, que quase esqueci de eu mesma respirar. Estava ofegante e meus olhos ardiam. Meu cabelo pingava água e o vento que passou de repente, me fez arrepiar. Olhei para meus braços e havia marcas vermelhas, deve ter sido ela que tinha feito, quando tentava me puxar pra baixo, eu estava exausta. Mas ela ainda precisava de socorro.

- Sofi! - Falei assim que lembrei da pequena por um instante e onde ela estaria.

Fiquei de pé e comecei a olhar pra trás da represa.

- Sofi! Sofi! Shophie, onde você tá? - gritei.

- Camila?! Eu tô aqui! - Virei pro outro lado e vi minha irmã. Ela tava encolhidinha e parecia ter visto tudo o que tinha acontecido, mas parecia também estar com medo de chegar perto.

Fui correndo até ela, que até não estava muito longe e fiquei de joelhos, na altura dela e a abracei, sem dizer nada.

- Olha, eu preciso que você chame o papai e a mamãe pra cá, agora. Você pode fazer isso pra mim? - Ela acenou a cabeça em positivo. - Que bom, então vai, mas eu preciso que você vai correndo. Rapidinho.

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