Monstro de estimação

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  Clarice era a primeira filha de um casal recém formado, a casa em que moravam foi ganhada como herança, antiga mas bastante espaçosa. Devido ao tamanho existiam correntes de vento frio pelos corredores, as janelas entreabertas emitiam ruídos quando o vento passava, o que as vezes assustava a menina e depois de um tempo as janelas foram mantidas sempre fechadas. A vizinhança era calma, na maioria casas de casais já idosos, não haviam outras crianças para Clarice brincar. Todas as manhãs Clarice dizia que durante a noite um bichinho tinha ido visitá-la em seu quarto e que ela havia feito carinho nele.

Daniel, pai de Clarice conversou com Isabela a mãe da menina, e decidiram que era hora de ela ter um animal de estimação, pelo menos ela iria se divertir um pouco mais e já cresceria com alguma noção de responsabilidade e talvez parasse de fantasiar sobre ter um animalzinho.

Compraram um cachorrinho Bob, obviamente Clarice se apegou rápido a ele, e mesmo com sete anos ela já sabia tratá-lo bem, alimentava, deixava-o passear no quintal, realmente ela estava mais alegre por estes dias. Até que logo cedo os pais acordaram com o choro de Clarice, desceram as escadas para saber porque a menina chorava tanto na sala, chegando lá, o cachorro estava morto deitado no meio da sala, em sua boca havia algo parecido com uma saliva em forma de espuma, parecia que ele havia ingerido veneno. Daniel entendeu que como ele já havia escutado sons de ratos andando pelo assoalho era provável que Bob poderia ter entrado em contato com as fezes ou urina de rato e se envenenado. Mas ao virar o corpo do cachorro, havia nele um corte por baixo do corpo do pescoço até o estômago, profundo, de onde vazaram seu intestino e suas tripas, nesse momento formou-se uma poça de sangue que sujou todo o tapete. Assustado, Daniel, enterrou-o num terreno alí perto e limpou tudo.

Clarice agora estava muito triste, não comia direito, não sorria, estava muito pensativa e nos dias seguintes à morte de Bob dizia sempre que havia sonhado com ele. Certa vez, pela manhã, Clarice acordou feliz e veio correndo sorrindo ao quarto dos pais, eles estavam sem entender o que estava acontecendo e então a menina conta, que o antigo bichinho voltou a visitá-la, no escuro ela não pode vê-lo, mas conseguiu sentir suas lambidas nas mãos, conseguiu acariciá-lo ele não tinha pelos e sua pele era gelada, disse que ele tinha ainda os olhos vermelhos e sem cauda. Mas que logo sumiu quando ela acendeu a luz.

Daniel pensou que a menina talvez estivesse paranoica com a morte do cachorro, levantou-se para se arrumar para o trabalho, ao passar pelo corredor, havia um rastro de algo que parecia lodo, uma substância escura que cheirava mal, estava nas escadas, pelo corredor, até o quarto da menina, ele seguiu e chegando no quarto o rastro terminava embaixo da cama, ele olhou mas não havia nada, olhou no guarda roupas e também não havia nada. A menina o interrompe dizendo que não adiantaria procurar, o bichinho conhecia vários esconderijos onde ficava até a noite. Durante todos os dias da semana seguinte Clarice dizia que o bichinho a visitou, transtornados com a história e com o cheiro ruim que a casa estava exalando por causa dos rastros deixados, Daniel e Isabela decidiram se mudar. Clarice voltou a ficar triste, ela dizia que o ser que a visitava toda noite havia ficado na outra casa, chegou a ter outros animais mas maltratou e matou todos, querendo o único que poderia substituir o lugar do cachorrinho Bob, aquela criatura...

Existem algumas formas de demônios, fantasmas ou seres de um outro plano conseguirem sua atenção, a maioria dos adultos tem medo deles, talvez por sua aparência, a criatura desta história conseguiu a atenção de Clarice agindo como um animal de estimação, mas agora ela está sem dono, dizem que quando você sonha com animais de estimação pode ser ele, quem sabe você não sinta esta noite em suas mãos um toque gelado e úmido, talvez seja melhor cobrir-se totalmente... ou esteja pronto para esperá-lo, tem coragem?  

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