Um Novo Amanha

As ultimas imagens ( Daniel)

2 de Novembro de 2015

Desço do onibus e ajeito a mochila nas costas. Ruan esta me mostrando um evento que vai ter sexta e meu pensamento esta distante dali naquele momento, penso ainda na morte do meu irmão e as vezes me pego pensando na Mira.

Atravessamos a rua e eu vejo Jessica sentada na lanchonete conversando com um cara careca, parece ter uns 40 anos de idade. Eu finjo que não vi e volto a subir a rua em direção a escola

Se não fosse por Ruan teriamos chegado na escola em 5 minutos, mas todas as paradas para falar com alguem nos fez chegar aqui em 10 minutos. Subo as escadas para o segundo andar e fico sentado na frente da porta da sala de geografia. Coloco o fone de ouvido e permito por alguns minutos imaginar, enquanto a letra da musica impulsiona a minha mente. Imagino todas as escolhas da minha vida e reelembro dos otimos momentos que passei.

Tudo isso acaba quando o professor entra na sala e o sigo, me ajeitando na cadeira do centro da sala.

A aula é sobre cartografia, enquanto ele copia no quadro tenho a permissão de ouvir musica, e a aula segue assim até que o sinal toca. Coloco meus oculos de grau e sigo pelo corredor em direção ao banheiro do primeiro andar, é longe da minha proxima aula, porem é vazio. Entro e me dirijo a alguma cabine, entro na primeira que vejo, abro o ziper e urino.

Quando acabo de mijar, coloco minha mão sobre a trinca da porta e quando vou destrancar ouço a voz de um homem.

" Sim esta tudo pronto" - há uma pausa.

Coloco meus olhos na brecha da cabine e vejo o mesmo homem careca que falava com a alex,  agora percebo que ele tem um crachá da Secretaria de Educação. Ele fala com alguem no telefone.

" Vai ser na cerimonia... pegaremos o maior numero de alunos".

Alguem entra no banheiro e percebo que ele ficou assustado, o homem careca sai do banheiro correndo. Na mesma hora saio da minha cabine, assuntando um garoto que ia na direção dela.

Fico em duvida se sigo o homem, que desceu as escadas, ou vou em me encontrar com Mira. Fico um bom tempo parado no patio em frente ao banheiro e depois de um longo debate mental decido me encontrar com Mira, mas a conversa dele martela minha cabeça e ainda a relação daquele cara com Jessica.

Vou andado em direção a Mira que me encara, seus sorrisos se abrem e isso me deixa um pouco mais confortavel. Respiro fundo ao chegar mais proximo e tento abrir um sorriso, deve ter saido gelado.

- Oi amor - Digo tentando deixar meu sorriso mais verdadeiro possivel e tento deixar de lado o que ouvi.

- o que foi? - Diz ela sussurrando no meu ouvido.

Meu corpo automaticamente a puxa para um abraço, apoio minha cabeça no ombro dela e tento mais uma vez esquecer do que me pertuba, ainda assim falho.

- Sinto que algo de ruim pode acontecer e por isso quero estar ao seu lado - O corpo dela fica rigido e seu coração acelera, talvez ela sinta o mesmo que eu.

Ficamos assim por um bom tempo e estou tentando tirar todo o peso do meu coração nos braços de Mira. A Professora dela chega, ela desfaz o abraço e segue em direção a porta e de novo há uma resposta automatica do meu corpo e puxo o seu braço, ela fica surpresa.

Quando o corpo dela esta mais proximo do meu a beijo de forma calorosa, ela corresponde ao meu beijo. Resistindo muito  afasto nossas bocas e olho ela nos olhos.

- Eu te amo...Sei que você não sabe o que sente ainda, mas quero que se lembre de mim para sempre,não importa o que aconteça- Digo.

Pego o colar do meu pescoço, um colar de prata com o meu nome e o simbolo de libras talhados nele, e coloco no pescoço dela. Ela me puxa para um beijo mais caloroso e apaixonante que o meu e ao mesmo tempo sinto algo sendo colocado no meu bolso. Separo um pouco nossos labios e dou um sorriso.

Vejo ela me dando as costas e entrando na sala, tão linda e perfeita. Minha garota!

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Estamos na frente do palco, o secretario de educação esta levando todos a loucura com sua carisma. Estou fazendo carinho na Mira, acho que estou bem carente hoje. Solto uma risada e vejo que Mira colocou toda sua atenção em mim. Ela me diz que tudo que os extremistas querem esta aqui, todos os adolescentes juntos e eu até concordo com ela, mas a conforto, daria minha vida para proteje-la.

-Eu...-Ela quer dizer algo para mim, estou envolvendo ela nos meus braços e a olhando bem - sempre estarei ao seu lado.

Desde o dia que conheci Mira nunca a vi demonstrar, por palavras, o quanto me amava

- Eu também sempre estarei ao seu lado, quando olho nosso futuro só consigo ver nos dois, eu te amo minha garota -  sussuro no ouvido dela e sinto ela me aperta ainda mais, nos aproximando.

De repente ouço um barulho vindo de trás do palco, puxo Mira para o chão a fazendo ajoelhar ao meu lado. As pessoas estão correndo para todos os lados possiveis e ouço o barulho de mais explosões. Puxo Mira para a lateral do palco e começamos a correr, sinto uma dor no meu peito, uma sensação horrivel. Preciso protege-la.

Empurro as pessoas que entram no nosso caminho até que enxergo um bombeiro e corremos na direção dele.

Então abre um clarão na minha frente e quando vejo o carro do bombeiro esta voando pelos ares. Mudo de direção, indo para longe do carro que acabara de explodir.

Mas não foi uma boa ideia, sinto um tremor no chão e um clarão se abre na nossa frente denovo. De repento não sinto mais Mira, na verdade não sinto mais nada.

"Será que tudo vai acabar desse jeito?" Rio um pouco dos meu pensamentos. Lembro dos momentos com Mira, dos planos que eu tinha com ela, da casa, do cachorro. "Então é assim que a vida acaba, não é mesmo?"

Vejo uma luz, forco meu olhos a enxergarem de onde ela vem e acho que estou soterrado com meu corpo latejando muito. Olho pelo buraco e vejo um pouco a frente Mira, totalmente jogada pelos escombros, não dando qualquer menção de vida. Uma lagrima escorre do meu rosto quando percebo que não há qualquer sinal de vida nela.

-Leva aquela garota- Reconheço essa voz.

Vejo dois homens se aproximar e levarem o corpo de Mira. Antes de puder gritar, chorar mais uma vez ou qualquer coisa, eu apago e minhas lembranças com Mira voltam a tona.