5.2| Metonímia

2K 297 17
                                    

Porque os dias ficam mais brilhantes quando você está aqui
E eu simplesmente não consigo tirar você da minha cabeça
Você pode sentir a tensão?
Você tem minha atenção...

— Outta My head.
(Khalid Ft. John Meyer)


O coração é o músculo mais importante do corpo. A cada batida ele oferece alimento e oxigênio às células. Enquanto o cérebro é responsável pelo pensamento, movimento voluntário, julgamentos e percepções. Por esse mesmo motivo, o cérebro necessita de oxigênio, pois as células gastam muita energia e um alto consumo é necessário para um bom funcionamento cerebral. A parte mais estranha nisso tudo, é perceber que não importa o que pensemos a respeito, o cérebro jamais funcionaria sem o coração e também não faria sentido ao contrário. Nosso corpo é exatamente como o conhecemos e como deve ser.

A questão, a que Jennie considerou realmente interessante, é o quão somos dependentes de certas coisas sem nem mesmo haver uma vontade própria sobre isso, uma escolha ou um querer. Simplesmente somos. Nascemos assim. Ao mesmo tempo que, em outras ocasiões, escolhemos nos negar a certos impulsos, à proporção que cedemos e nos submetemos a situações, sentimentos ou pessoas que não estamos conectados, que não fazem parte do nosso ser. E quão fácil é nos deixar levar. É muito melhor quando é conveniente, já que temos comodismo e total controle, ou algo semelhante a isso.

Só que, uma vez que o coração é quem coordena oxigênio para o nosso cérebro, e todo o nosso corpo depende disso, não temos controle nenhum. Dado que estão conectados por um emaranhado de nervos e fazem parte do nosso corpo como um só de modos diferentes, não podemos fazer nada sobre isso, além de escutar as batidas e tentar contar o máximo de vezes em que ocorre, deixar que flua pelo nosso corpo da forma natural que deve ser, e por causa disso, continuar respirando.

Quando Taehyung saiu pela porta, Jennie foi corroída pela ansiedade a respeito do amigo por quem seu coração sentia uma ternura imensurável, a mente enquanto recebia o oxigênio necessário, se pôs a pensar em tudo que viveram até ali e quanto ainda faltava para que estivessem livres daquelas algemas emocionais que os prendiam mesmo não querendo. Ela lembrou que a realidade é algo que não podemos mudar e tudo que conseguimos e devemos fazer é tomar uma decisão, e aguardar o resultado.

Nós somos capazes de guiar a nossa realidade e talvez moldá-la a partir de nossas próprias escolhas, mas jamais conseguiremos ter total autoridade sobre ela. Será sempre como uma árvore, com suas raízes fincadas para todas as direções no chão e seus galhos seguindo seu próprio rumo, e na maior parte das vezes, só precisamos escolher para qual lado ir.

O destino geralmente e sem exceção, se encarrega do restante.

É algo que jamais poderemos alterar, é aquilo que já vem pronto. Nietzsche pensava que se pudéssemos aceitar coisas que estão fora do nosso controle e não ficar sofrendo por elas, a vida seria melhor. Que o destino e a escolha andam de mãos dadas e se tornam uma ciranda, o destino dá as cartas, e você escolhe como jogar, e a cada jogada, o destino que também é nosso adversário cria condições adversas, positivas ou não dependendo de fatores externos e de nossas escolhas para que possamos ser os donos de nossas vidas. Já a filosofia existencialista diria que o destino se opõe à liberdade humana. O homem não tem um destino, ele dá-se um destino. Mas afinal, não é a mesma questão?

E não é exatamente o que fazemos quando definimos algo? Nós nos damos aquela coisa, controlados pelo destino ou não, nós escolhemos. Seja o benefício da presença de alguém ou a simples dádiva de nos fazermos presentes. A recíproca de dar e receber nunca fez tão parte de algo como faz dessa linha de pensamento.

Oppa.com || VMinOnde histórias criam vida. Descubra agora