|Prólogo

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A cabeça de Jimin latejava dolorosamente em frente à tela do notebook, havia perdido suas lentes de contato em meio a bagunça do próprio apartamento pequeno, e usar seu óculos reserva não era uma opção já que havia quebrado as lentes do mesmo ao sentar em cima deste há algumas semanas.

Estreteitava os olhos em um esforço falho e forçado ao encarar o conteúdo de seu seminário para o curso de fotografia que fazia há apenas três anos. Tentando ao máximo se tornar profissional naquela área que tanto almejava desde que tinha por volta de seus 19 anos e havia terminado o ensino médio na escola pública.

Acreditava com afinco que precisava dar tudo de si, se dedicar cem porcento se realmente quisesse seguir naquela área. Era fácil e ele era apaixonado por lentes e a forma de como elas memorizavam momentos e pessoas, acreditando como um mantra de que a pessoa poderia mudar dentro dela mesma, mas a foto sempre manteria sua essência. Era tudo mais belo por trás de uma fotografia, sendo ela digital ou não. Mas, particularmente, ele amava polaróides que pudesse guardar em um álbum ou colar em uma fileira na parede de seu quarto.

Ele queria ser um profissional reconhecido por tirar as mais belas fotos, ou poderia ser um renomado diretor de cinema algum dia, não importava, desde que tivesse lentes e uma câmera.

A maioria dos cursos de fotografia dura em média dois anos, mas existe opções de bacharelado para um curso mais duradouro e completo, que dura em média quatro anos. Preferindo a especialização, Jimin escolheu a segunda opção e estava quase entrando para o seu quarto ano na faculdade, sendo este o seu último ano, e apesar disso ele nunca afroxava os parafusos nem desacelerava os passos, estava sempre dedicado e focado, lendo artigos, adiantando seus seminários e demais trabalhos. Era um aluno incrível, a professora pegava duro com ele, mas o admirava em segredo.

A verdade por trás de tanto esforço era que ele não teve uma vida fácil, tendo que crescer em um orfanato para ser adotado anos mais tarde por um casal de mulheres que procuravam transbordar seu amor em uma criança, ensinando e mostrando a ele que por mais difícil que a vida seja, existe algo extremamente bonito e colorido lá no fundo. Foram anos difíceis até finalmente ser adotado, tendo uma sorte extrema em conseguir mães tão boas e gentis, que mesmo não tendo tantas condições deram a ele a vida normal de uma criança e acima disso, uma vida feliz.

Ele teve uma casa cheia de amor, com um quarto que diferente do orfanato era individual, que continha uma cama quentinha que ele se deitava todas as noites quando uma de suas mães apareciam para lhe dar um beijo na testa, embala-lo dentre as cobertas e segredar com brilho nos olhos e uma voz acolhedora que o mundo era dele se ele o segurasse com cuidado e estivesse disposto a fazer o impossível.

Se apaixonou por fotografia graças a uma de suas mães, que era extremamente envolvida com arte e gostava de transformar suas memórias em quadros, tendo vários deles com a caricatura de Jimin espalhados pela casa. Em uma certa idade, ele seguiu seus passos, mas não era tão bom quanto ela em frente à uma tela segurando um pincel chanfrado. Frustrado e um pouco decepcionado, ganhou uma câmera de polaróide de sua mãe, que o mostrou que não precisava saber pintar para eternizar momentos, pois poderia guarda-los consigo dentro de uma foto. Perdeu a conta de quantos álbuns ou fotos ele tinha depois que ganhou essa câmera.

Não fazer faculdade de fotografia nunca foi uma opção.

De frente ao computador encarando o seminário pela metade e com partes faltando, percebeu que havia conseguido e que não saberia o que fazer se não tivesse dado certo. Ele nunca teve um plano b como segunda opção, pois não existia outra, ele não era bom em mais nada.

No segundo ano cursando fotografia, ele conseguiu alguns bicos como fotógrafo que pagavam extremamente bem. Depois de embolsar o dinheiro no banco, ele conseguiu alugar um apartamento pequeno para sair do alojamento da faculdade, apesar de morar longe o suficiente para ter que pegar um ônibus todos os dias, era muito melhor ter seu próprio lugar, decorado e mobiliado com sua cara, tendo sua privacidade novamente.

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