1nF3Rn0.jpeg

14 0 0
                                    

Mais um expediente de trabalho terminou, e aqui estou eu indo em direção à minha "toca".
Meu olhar de cansaço e minhas olheiras não revelam nenhuma novidade. É perturbador estar sempre triste e sorrir somente de forma manipulada por sí mesmo.
Chego em casa e simplesmente me jogo na cama. Meu corpo cansado só me diz para dormir até o próximo dia, porém meu cérebro insiste em lembrar-me do que me sufoca.
Eu não estou conseguindo mais manter minha sanidade. Quão cruel tudo isso se tornou? As crianças crescem sendo ensinadas a sobreviver no meio de estupros, violência e assassinatos, as pessoas temem andar na rua sozinhas. O ciclo natural toma sempre o seu rumo. Pessoas nascem, crescem, se reproduzem e morrem, deixando assim o herdeiro para criar a próxima geração.
Nós sequer temos tempo para nos anestesiar e esquecer o premeditado futuro que nos aguarda.
Trabalhamos exatamente por qual
motivo? Pagar as contas? Comprar roupas? Nos manter vivos? Espere... nós estamos vivos? Somos como robôs programados para fazer o que devemos, hibernar e começar tudo novamente. Deus, quando tudo isso irá acabar?
Mais uma crise chega até mim. Tremores e suor frio dizem que estou me aproximando mais e mais de cometer alguma loucura.
A fria voz do suicídio sussurra de um jeito doce em minha orelha. Com uma corda em mãos e em pé na cadeira, eu faço minhas últimas orações.
O suicídio é visto como um tabu na sociedade. As pessoas pensam que se comemos e dormimos, não temos motivos para ficarmos tristes. É realmente revoltante o modo como as pessoas não enxergam as coisas da nossa maneira. Coisas que para elas são poucas, para nós é como um tsunami prestes a nos atingir. É patético mostrar sua dor aos outros, eles jamais entenderiam. As pessoas só entenderão umas as outras quando sentirem a mesma dor.
Para que esperar o dia programado para minha ida?
Ouço o barulho da fria chuva chegando aos poucos. Está escuro e frio lá fora...tão frio quanto meu coração que implora socorro.
Coloco a corda em meu pescoço. As lágrimas correm em meu rosto mesmo sem eu permitir. Olho de relance para o lado, vejo vultos negros acenando com a cabeça em forma de encorajamento para acabar logo com tudo isso.
Eu não pertenço a esta atmosfera...eu não me encaixo aqui. isto precisa acabar.
Do lado escuro, eu imploro por ajuda. Alguém aqui quer ser meu amigo? Diga-me quando toda essa desgraça irá acabar.
Vozes em minha cabeça constantemente dizendo que estou morto me perturbam.
Eu odeio me sentir sozinho...meus amigos não são mais que meus demônios interiores me dizendo para morrer logo.
Já faz tanto tempo que desisti de tudo. Por que eu ainda me levanto? Porque continuo lutando? Por que...se não tenho mais nenhum motivo para viver? Se você não tem motivo para estar vivo, é o mesmo que estar morto.
Nosso castigo eterno não são chamas, tridentes nos perfurando, ou demônios nos torturando...nosso castigo eterno é nossa própria mente. O inferno verdadeiro é aquilo que reside dentro de cada pessoa.
Ouço gritos de uma mulher correndo em minha direção... Letícia? Deus, não pode ser.
Minha cabeça está girando e minha visão embaçada. Eu não consigo ver nada. Espere...senti um impacto. Meu corpo está no chão? Ela cortou a corda? Meus olhos estão pesados...estou adormecendo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 11, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Máscara de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora