Enquanto era carregada, ainda pendurada, através dos corredores vazios - ainda bem, pois os alunos estavam em provas -, Angel continuou a se debater furiosamente. Nem reparou para onde estava sendo levada, pois só a interessava descobrir uma maneira de se livrar daquela situação absurda!
Contorceu a parte superior do corpo até conseguir alcançar o pescoço do bastardo arrogante e o acertou na lateral com um golpe de mão aberta. O Príncipe hesitou e a garota aproveitou para soltar as pernas dos braços masculinos que as prendiam, escorregando para baixo. Contudo, ele era realmente ágil. O rapaz conseguiu evitar que se libertasse totalmente. Como ele era mais forte, Angel acabou presa num abraço de ferro, com os pés balançando longe do chão e o rosto a centímetros do dele.
Droga, seu coração estava acelerado pelos movimentos bruscos e não por estar tão perto de Alexis, a ponto de ver o círculo azul cobalto que contornava a íris turquesa dos olhos dele. Claro que também não tinha nenhuma relação com a sensação dos seios esmagados contra o peito masculino, que subia e descia num ritmo tão rápido quanto o seu. E quando seus olhos desceram para a boca de Alexis, percebendo a minúscula covinha que ele tinha no lábio inferior e o quanto aquilo era sexy, foi apenas uma reação natural já que seus olhos estavam muito perto daquele local. Sem falar que o fato dos seus dedos dos pés formigarem, assim como as mãos, era pela falta de circulação por estar presa de forma tão apertada e não porque sentia a respiração morna em seu rosto e percebia cada centímetro dos músculos do corpo bem formado de Alexis contra o seu. Ou o cheiro de sol preenchendo seus pulmões.
― Isso responde a pergunta feita anteriormente?
Angel, se não estivesse tão bem presa, teria dado um pulo. Estava tão concentrada em Alexis - procurando uma forma de escapar, claro - que as palavras dele, mesmo ditas com uma voz macia e baixa, a assustaram.
Que pergunta ela tinha feito mesmo? Esclarecendo que seu cérebro só estava confuso pela falta de oxigênio provocada pelo... Ah deixa pra lá.
Então ela lembrou. E não soube o que dizer.
Ele literalmente estava dando um "amasso" nela. Ou seja, sim, ele tinha implicado com ela, com a coisa toda da prova, para chamar sua atenção. Não era algo que se esperaria de um Príncipe arrogante e famoso por sua indiferença.
Angel ficou confusa. E o papo de "Saia do meu pântano"?
Uma coisa ela precisava dizer sobre Alexis, ele tinha um jeito frio e uma personalidade que poderia sugerir maturidade, mas ainda assim não passava de mais um jovem perdido no mundo, porque não era possível ser tão contraditório. Ali estava ele, bem belo e faceiro, deixando evidente um certo interesse por ela, quando duas semanas antes saltaria de alegria ao vê-la voltar nem que fosse a nado para o continente, dando "adieu" para sua estimada Alpha, ou como ela gostava de pensar, "O Reino Encantado de Alexis".
Quando Angel viu os olhos azuis observando seus lábios com intensidade, a garota pensou duas coisas. Será que ele havia percebido também quando ela o observou daquela maneira? E o mais importante, o que deveria fazer naquela situação?
― Me solte.
Primeiro, ela decidiu que precisava de espaço. Não podia se deixar levar pela situação, afinal ele ainda era o mesmo cara que a queria bem longe dele. Como todos os outros. E sendo muito honesta, era meio assustador pensar o que poderia acontecer se passasse a se importar com qualquer coisa que não fosse viver um dia depois do outro, sem grandes expectativas.
― Não vou soltar. Creio que é uma boa oportunidade para testar o quanto você me afeta. Talvez eu acabe por descobrir que se trata apenas de uma curiosidade insatisfeita.
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Destinados à Payre
FantasíaO que uma suicida moribunda e um príncipe árabe tem em comum? Além da letra "a" no nome, Angel e Alexis possuem um estranho Destino que os liga, mas que também pode ser o que vai separá-los ao final de tudo. Eles se conhecem, tentam superar alguns...