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Após três malditas horas sentado naquela mesa escolar de madeira, soube que nunca mais reprovaria na prova de trigonometria novamente. O homem rabugento à sua frente assistiu o ruivo terminar os exercícios de reforço já não aguentando mais de dor de cabeça.

Assim que foi liberado pela autoridade da sala vazia, se despediu agradecendo aos deuses por finalmente ter saído daquele cubículo feito de pesadelos e choros infantis. Horrendo.

BaekHyun soltava murmúrios desgostosos pela enxaqueca quando virou o corredor de seu dormitório. Raramente lhe acontecia de ter dor forte como a de hoje, as ocasiões em que se fazia presente era: ao acordar depois de uma noite carregada ao álcool ou quando pegava exercícios matemáticos para solucionar.

Pois bem.

O ruivo massageou as têmporas em busca de conforto, sua cabeça estava prestes a explodir, ele sentia, conseguia ouvir a contagem regressiva de uma bomba no seu subconsciente. Ele iria morrer.

Chegou em frente a porta de seu quarto do colégio interno, tentando achar as chaves em seu bolso de modo cansado, sem pressa. BaekHyun agradecia por estudar em um colégio com quartos disponíveis para alunos, poupava um bom tempo que provavelmente seria usado com transportes públicos, além das rotinas com horários exatos. Tudo muito organizado.

BaekHyun gosta de organização e suspira de alívio ao saber que não precisaria cozinhar toda semana para si pelo menos duas vezes ao dia. Seus dotes culinários eram os piores possíveis, sentia vergonha das porcarias que produzia com um fogão.

Finalmente esbarrou as mãos num bolinho de duas chaves, retirando-as e abrindo a porta. Tudo era completamente perfeito, do tamanho do quarto à sua decoração pouco moderna. O colégio fornecia tudo o que os estudantes precisavam alí e o que lhes faltasse teriam o direito de repor com um responsável. Organização.

Porém todo caminho feliz tem um desvio, e o de BaekHyun era esse:

- Chanyeol? - Resmungou quando sentiu o cheiro forte no quarto escuro.

O silêncio dentro do quarto o deixou irritado, sabia que o Park desgraçado estava alí, mesmo que tenha sido ignorado sentia que seu cérebro não seria capaz de fazer-lo capturar aquele odor amargo somente na imaginação.

- Você acendeu aquela merda de novo, não é? - Empurrou a porta com força ao entrar e largar sua mochila lá mesmo, voltando a fechá-la com o pé direito.

O estrondro pelo quarto personificou sua irritação repentina.

- Não vá quebrar o quarto, BaekHyun - Não desviou os olhos do livro enquanto falava com o outro, embora soubesse de sua raiva.

- Que se lasque o quarto!

- Realmente, o custo não é seu, certo? - Ditou ironicamente antes de murmurar em negação.

BaekHyun estava prestes a responder à altura porém sentiu uma martelada forte no lado direito da cabeça, fez uma careta desgostosa. Chanyeol, por outro lado, se fazia de sonso.

Sem muito alternativa, o ruivo saiu abrindo as janelas no quarto para o ar voltar a circular pelo ambiente suficante. Pegou o colarinho da própria blusa e tampou o nariz, inspirando e expirando somente seu perfume amadeirado, decidindo ficar assim ate o cheiro dispersar.

Com tudo já aberto, sentiu a raiva lhe tomar vendo que Chanyeol mantinha-se impassivel, as costas apoiadas na cabeceira e um livro de Maquiavel nas mãos. Não era possível ter caído mais um ano com esse infeliz e seu vício em velas fedidas; só poderia ter chutado algum altar glorioso para merecer isso.

Irritado com o cheiro que se recusava a sair do quarto - talvez pelo tempo que havia ficado fechado enquanto esteve fora - decidiu que esse último ano o grandão lhe daria sossego, ele querendo ou não.

Andou em passos firmes até Chanyeol que nem sequer deu atenção, criando a brecha para que BaekHyun pegasse o cós de sua camiseta branca e a puxasse para cima, encaixando com força atrás de sua cabeça.

Park ficou preso na própria camiseta durante no máximo trinta segundos e quando se desvencilheou sentiu o sangue gelar. BaekHyun pegara sua vela e a agora ameaçava jogá-la pela janela.

- BaekHyun me devolva, por favor - Se pôs de joelhos sobre a cama, com as mãos pedindo cautelosamente que o Byun tivesse piedade.

- Ah ficou mansinho de repente - Levantou uma sobrancelha, erguendo mais o pulso para fora vendo o maior engolir em seco - Mas sinceramente Chanyeol, eu não estou muito paciente hoje.

- E o que isso tem a ver comigo?

- Você é idiota ou se faz?! Você é um teste para mim desde o ano passado! - Rosnou irritado pelo cinismo - Se acender outra vela, juro que não terei piedade em esfregá-la forte na sua cara, e se o calor emitido não esfolar esse seu rostinho bonito, pelo menos cera derretida vai grudar.

Chanyeol sem muito escolha, assentiu.

BaekHyun mantendo a palavra, se distanciou da janela, indo com calma até o Park tenso em cima da cama.

- Toma.

Chanyeol juntou as sobrancelhas, confuso por ter sido tão fácil convencer o mais velho lhe devolver; mas quem seria ele pra retrucar a sorte? Se levantou da cama e foi até BaekHyun, que mantinha uma expressão indiferente.

Ja próximo do baxinho, este resolveu fazer outra pergunta.

- Essa vela é do que?

- Canela.

Não precisou de muito para BaekHyun virar de costas e com toda sua força tacar a vela cilíndrica pela janela. Chanyeol não teve tempo de reagir diante daquilo, entretando ao sentir o cheiro do quarto começar a sumir sem a fonte, correu até o outro lado do quarto, vendo alguns alunos curiosos no meio pátio analisando os pedaços enormes da vela que se partiu.

- Por que fez isso? - Perguntou perplexo.

- Odeio canela.

Chanyeol nem se preocupou em responder o colega, só pôs-se a correr em busca das partes escuras. Quem sabe ele conseguisse as colar com algo ou amarrasse os pedaços juntos.

Já BaekHyun nem lembrava mais da dor de cabeça que sentia, algo estranho lhe surgiu no fundo do peito quando Park saiu do quarto afobado. Bufou, contrariando todos seus objetivos ao caminhar até a janela e esperar.

Um Chanyeol desesperado logo entrou na visão ampla e se jogou no chão com uma sacolinha branca em mãos, delicadamente passou a catar pedacinho por pedacinho. Aish.

- Ah, droga - Baekhyun murmura a si mesmo, ignorando a vontade de descer e ajudá-lo com a bagunça.

××
Dêem muito amor pra essa fic ela é minha vida todinha nhaa

ᴄᴀɴᴅʟᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora