Logo descobriria que eu não era nada mais do que um presente de agradecimento depois de um longo ritual de iniciação.
Sentei-me na frágil cadeira do gramado e examinei meu entorno. Agarrei minha mochila em meu peito enquanto eu tentava ajustar meus olhos na fraca luz. Havia uma fogueira e um círculo confuso de pessoas ao redor dela. Não consigo me lembrar agora se eu não conseguia distinguir os rostos à luz
minguante ou se eu estava assustada demais para notar. Eu sabia onde estava, mas não sabia exatamente o que fazer sobre isso. Comecei a rezar assim que eu percebi a gravidade da minha situação. Deveria ter aproveitado as minhas chances quando haviam mais pessoas e carros ao redor. Deveria ter arriscado pular da moto em movimento. Teria sido melhor do que eu enfrentaria agora.
Lembro-me de começar a tremer fisicamente quando a realidade me
atingiu quando seguimos o nosso caminho para o oeste na State Road 84.
Atualmente a 84 está atualizada e modernizada, mas em 1975 era uma via de mão dupla subdesenvolvida. Hoje ela corre em paralelo com uma super-rodovia, I-595, que leva você de Everglades para a praia em questão de minutos, com todos os tipos de desenvolvimento - entre casas, escolas, centros comerciais e postos de gasolina. Em 75, era a autoestrada para o inferno, famosa por suas colisões frontais. Ela tinha pouco ou nenhum retorno, com exceção de um pequeno bar chamado Pete.
Quando passamos por Pete senti a náusea subindo no meu estômago. Eu sabia que não havia nada além dele, exceto a entrada para a rodovia armadilha mortal chamada Alligator Alley que ligava as duas costas da Flórida. Achava que a reserva indígena de Miccosukee ficava lá em algum lugar, mas eu não tinha a menor ideia de onde.
Estava ficando escuro e não havia outros faróis à vista. Cerca de dez
minutos após a passarmos pelo Pete, reduzimos a velocidade e viramos à direita para uma estrada de terra. Notei algumas luzes difusas, pela primeira vez. Apenas um pouco fora da estrada e pouco visível devido aos arbustos crescendo, ficava um velho motel.
Era um daqueles pequenos motéis com quinze ou vinte unidades, com
antigas janelas venezianas. Tinha um sinal apagado identificando-o como
Glades Motel. Eu esperava que talvez ainda estivesse funcionando. Um motel funcionando poderia ser bom. Alguém tinha que estar comandando isso. Esta poderia ser a minha chance de explicar que eu tinha cometido um erro e pedir para usar o telefone.
Eu acho que foi originalmente construído com a intenção de dar aos viajantes um lugar para parar no meio do nada, mas por alguma razão, não funcionou. Quando nós entramos no estacionamento esburacado e desgastado, vi bombas de gasolina velhas à direita. É óbvio que não estavam mais em uso. Alguns quartos tinham luzes acesas, mas o que parecia ser o escritório não mostrava sinais de vida.
Quando passamos das bombas de gasolina antigas olhei para minha
esquerda e notei um grupo de pessoas entre nós e o motel. Eles estavam
sentados em volta de uma fogueira apagando, entre os balanços enferrujados, escorregadores e um carrossel antiquado. Parecia uma área de piquenique e playground que tinha visto dias melhores. Do outro lado do parque infantil parecia uma área de piscina. Eu não poderia dizer com certeza, mas achei que parecia não ter qualquer água nela.
Nós circulamos à nossa esquerda, e notei cerca de seis ou sete motos
espalhadas em frente às unidades. Ele parou ao lado de uma e desligou o
motor. Foi quando eu os ouvi.
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Nine Minutes
RomanceEm 15 de maio de 1975, com quinze anos de idade, Ginny Lemon é raptada de uma loja de conveniência em Fort Lauderdale por um membro de uma das gangues de motoqueiros mais notórias e brutais no sul da Flórida. A partir daquele momento sua vida muda...