Capítulo Único

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      Dezenove anos se passara desde o fim da guerra. Voldemort estava morto, o mundo bruxo vivia em paz. Harry, Rony e Hermione seguiram suas vidas normalmente, não que tivesse sido fácil. Cada um tivera que lidar com os danos que a guerra causou. Harry ainda tinha pesadelos, embora sua cicatriz não doesse mais. Lilá, o grande amor de Rony fora morta durante a batalha. Já Hermione, perdera Draco que concluira que a garota do Trio de Ouro merecia algo melhor do que um ex-comensal.
      Ela tentara argumentar, até mesmo Harry que era o único a saber do envolvimento deles tentara convencer Draco a mudar de idéia, mas ele se manteu firme, afirmando não querer estragar a vida dela. Hermione se afastou de todos por anos, até que por insistência do casal Potter começou a sair com Ron, se casando um ano depois. Tiveram dois filhos, Rose e Hugo. Mas apesar disso, eles se viam mais como irmãos do que como marido e mulher.
      Ela soubera pelo Profeta que Draco se casaria com Astória Grengrass, que esperava o herdeiro Malfoy. Assim como Harry e Ginny, ela e Rony receberam o convite para o casamento, porém ela se recusou a ir. Não queria presenciar o momento em que ela perderia o amor de sua vida definitivamente. Harry com medo dela se afastar novamente não insistiu, mandando apenas uma coruja para Draco desejando felicidades em nome dos quatro. Com o relacionamento da amiga com o loiro no passado, eles deixaram a rivalidade de lado e se tornaram amigos. Ele entendia Draco, apesar de apoiar Hermione.
      A primeira vez que eles se encontraram fora no Ministério da Magia, três anos depois do fim da guerra. Hermione estava indo para mais um dia de trabalho, já Draco iria prestar depoimento pois os julgamentos dos comensais ainda ocorriam, inclusive o de seu pai, que no fim fora condenado a perpétua em Azkaban. Ao entrar no elevador e ve-la o coração dele quase saiu pela boca. Já ela se manteve indiferente, mesmo que estivesse lutando consigo mesma para evitar as lágrimas, apenas o comprimentou com um seco aceno de cabeça e saindo do elevador as pressas para a sala de Harry. Eles se encontraram mais algumas vezes depois disso, mas nunca se encaravam por mais de cinco segundos.
      E ali estava ela, na estação de King's Cross, levando sua filha Rose para o primeiro ano em Hogwarts. Estava destraída conversando com a filha quando esbarrou em alguém. Ao se virar para pedir desculpa seu rosto endureceu.
  - Hermione, achei que não chegaria nunca ! - Ginny disse a livrando daquele constrangimento. - Olá, Draco.
  - Oi Ginny. - Ele desviou os olhos de Hermione, abraçando a ruiva que passara a ter respeito e admiração com a convivência. - Scorpius esteve nos enlouquecendo querendo ver Albus o verão inteiro.
  - Ora e por que não o levou lá em casa ? Al também não parou de falar de Scorp. - Ginny disse fazendo ele rir. Hermione aproveitando que eles estavam destraídos se afastou.
  - Onde está Rony ? - Harry perguntou se aproximando dela.
  - Em casa com Hugo. Ele está com febre, achamos melhor que ficasse não saísse. - Ela disse observando a filha sair atrás de Albus.
  - E como você esta ?
  - Vivendo um dia de cada vez. Como tenho feito há dezenove anos. Sinto como se isso nunca fosse acabar. Esse sentimento de infelicidade, sabe ? Rony descobriu sobre Draco.
  - Como ?
  - Tive um pesadelos e acordei berrando o nome dele. Ele apenas sorriu para mim e perguntou se era ele o cara que me fizera mudar. - Ela suspirou. - Vamos nos separar. Tentamos por 14 anos, Harry. Não está sendo justo nem comigo, nem com ele.
  - Draco jantou lá em casa há algumas semanas.
  - Não me deve explicações, Harry.
  - Eu sei, mas... Astória está doente. Muito doente.
  - Eu sinto muito.
  - Por que não diz isso para ele ? -Ele perguntou e ela evitou o olhar dele. - Ela me pediu para falar com você.
  - Comigo ? - Hermione o olhou confusa.
  - Ela sabe sobre vocês. Ela só quer que Draco seja feliz. Ele nunca a esqueceu, Hermione...
  - Não faça isso, Harry... Por favor. Não fui eu quem o larguei. Eu o esperei por anos, você sabe disso. Acho que no fundo eu o espero até hoje e ele nunca voltou.
  - Estamos indo mamãe. - Rose disse se aproximando, ficando confusa ao ver lágrimas nos olhos de Hermione. -Aconteceu algo ?
  - Não posso acreditar que já está partindo para Hogwarts. - Ela mentiu abraçando a filha.
  - Eu volto no natal. Prometo. -Rose disse séria. - Tchau, tio Harry.
      Harry se despediu dela, Scorpius e de Albus e James, mas sua atenção estava na castanha e no loiro. Ginny o advertira com o olhar mas ele a ignorou, precisava fazer algo para ajudar os dois amigos, não aguentava mais vê-los sofrer como viu nos últimos dezenove anos.
  - O que acham de irmos ao Três Vassouras ? - Ele disse e Ginny lhe deu um olhar mortal. - Não aceitarei não como resposta, vamos.
  - Harry eu preciso ir... - Hermione disse. - Hugo está meio doente como lhe disse e sabe como Rony é, vai deixar o garoto se encher de besteira.
  - Draco é medi-bruxo. Pode dar uma olhada nele, não é ? - Ele perguntou para o loiro que assentiu corado.
  - Não é preciso, é só uma gripe.
  - Então aceite meu convite para o café. - Harry insistiu e Hermione foi obrigada a ceder. - Vão indo na frente, vou mudar o carro de lugar. Venha comigo, Ginny. Nos encontramos no Três Vassouras ?
  - Claro. - Draco concordou e aparatou com Hermione.
      Eles se entreolharam e entraram no pub. Pediram duas cervejas amanteigadas e se sentaram em uma mesa. Evitaram se olhar por algum tempo, mas o silêncio estava se tornando incômodo, ambos amaldiçoavam Harry em pensamento.
  - Como está Astória ? - Hermione perguntou quebrando o silêncio.
  - Não muito bem na verdade. - Ele suspirou. - Acredito que ela não tenha muito tempo de vida.
  - Quanto tempo ?
  - Um ano. Dois com sorte.
  - Eu sinto muito. - Ela disse sincera.
  - Eu também. Hermione, me perdoe...
  - Não, Draco. Não se desculpe, já faz tanto tempo e...Droga, onde está Harry ? - Ela resmungou tentando fugir da situação que se colocara.
  - Olhe para mim. - Ele pediu mas ela não olhou.
  - Eu não posso.
  - Por que ?
  - Por que não posso passar por isso novamente.
  - Hermione...
  - Pare, Draco. Por favor...
  - Então olhe para mim. - Ele pediu novamente em voz alta e ela o olhou nos olhos cinzentos. Estavam com lágrimas assim como os dela. Com um impulso ela acariciou o rosto dele. Ao tocar na pele dele, sentiu como se uma corrente elétrica os ligasse.
  - Eu sinto muito. - Ela disse puxando a mão e se levantando. Sem pensar em consequências ele a seguiu puxando-a pelos braços. Os corpos de ambos se chocaram e os lábios se encontraram.
      Hermione tentara resistir mas os lábios de Draco eram duros e exigentes, estava deixando de pensar racionalmente quando começou a corresponde-lo. Havia muita mágoa e saudades naquele beijo e ambos precisavam daquilo, era como se esperassem por aquele beijo por muito tempo e agora que ele chegara eles simplesmente não podiam mais se soltar.
      Rony e Astória. Hermione se lembrou e empurrou Draco com força. Eles se encararam por alguns minutos, até que Harry e Ginny entraram no pub, olhando confuso para os dois.
  - Eu preciso ir. - Hermione sussurrou. - Desculpe Harry. Não posso mais ficar aqui.
  - Mione... - Ele chamou mas ela o ignorou e deixou o pub, aparatando logo em seguida.
  - Eu também tenho que ir. - Draco disse. - Vão jantar lá em casa qualquer dia. Desculpe, Harry. Até qualquer dia.
  - Draco, espera... - Ele tentou dizer mais o loiro seguira o exemplo de Hermione e saiu do pub aparatando antes que eles tivessem qualquer reação.

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