Euphoria

VII

Depois de um grande fim de semana, volta a escola... o que vale é que no 12° só tenho aulas de manhã, e infelizmente, segunda começa com educação física. Eu gosto da disciplina, no inverno, porque até aquecemos e tudo. Mas agora,em pleno outubro, que já devia de ter começado a fazer frio, só nos apetece é ir para a praia, custa bastante. Logo a mim, que faço uma corridinho pequenina, e fico logo vermelha que nem um tomate. As boas noticias ou más, ainda não decidi, é que este ano não ficamos emparelhados com a turma dele.
-Correr 10 minutos sem parar!
-Ahahhaha sem parar, a stora tem piada não achas Aurora?
-Eu consigo, tu é que não.
Dou-lhe uma palmadinha no braço e desato a correr.
-Não voltes quando quiseres que te esconda por estares a suar que nem um cavalo.
-Ahahhahah correeeee.
Mas assim que olho para trás o Simão vem a correr ao ritmo dela, que é mais andar que outra coisa. Ah! É verdadeeeee! Eu ganhei a aposta! YESSSSS. Ela vai ter de lhe dizer que o acha lindooooo. Mas porque raio é que eu ainda não tenho a minha história de amor como eles? Hum? Deus aí de cima! Eu estou cá em baixo à espera. Any time now.

***

-Acabámos por não falar desde terça.
Esta voz eu conheço bem, mas sinceramente estou com muito medo de me virar para trás, pois eu nem sei o que lhe vou dizer...
-Pedro! Tudo bacano?
Logo à noite vou bater-me a mim mesma, asserio. Esta linguagem.
-Youp.
-Estavas a dizer?
-Yah, fomos interrompidos pelo Jaime.
-Pois foi.
-Mas pronto, continuamos esta terça.
Ele pisca o olho e dá-me um beijo no pescoço, demorado, sinto a língua dele áspera que me dá arrepios, e chupa, sabe bem... mas e as borboletas? Não tem problema, porque isto sabe bem, com ou sem borboletas. Ele pára. Volta para a minha frente.
-Tens de usar base para o tapares.
-Desculpa? Tapar o quê?
Ele ri-se. Pisca o olho. Vira costas e deixa-me ali a questionar-me. O que é que ele quis dizer com aquilo?
Eu tenho de encontrar a Margarida. Mas por agora se calhar é melhor eu levantar a gola do casaco.
-Margarida! Tas aqui. Ótimo.
-Estás bem? Estás um bocado pálida.
-O Pedro deu-me um beijo no pescoço !
-Ahhhhhh oh meu Deus girl! Isso é fantástico. Mas porque não estás feliz.
-Ele disse qualquer coisa do tipo disfarça com base. O que é que ele quis dizer?
-Ahahah oh meu deus Aurora, és tão ingénua.
-Opah, eu sei.
-Ele deu-te um chupão Aurora! Meu Deus que foi dos grandes, olha para isto!
-Soube bem, mas ao mesmo tempo doeu.
-Ahahhah anda lá, vamos mas é à casa de banho tratar disso.
-Já agora Marg. Não te esqueceste da aposta pois não?
-Não. Digo amanhã.
-Ótimo!
-Agora anda.

***

Kaleo? Mas quem raio é o Kaleo? Já ouvi a minha mãe a comentar com o meu pai este nome 3 vezes. Eu gosto muito de coisas havaianas, por isso sei que isto é um nome de rapaz, mas porque é que estão a falar de um havaiano?
-Sabias querida?
-O quê mãe?
-Lembras-te da Zinha?
-Como não? Salvou o Splash! Mas sabes que eu já sabia dizer vizinha e já não lhe chamava isso.
-Ahahah Sim, mas quando eras pequena não conseguias dizer. Mas bem, o que eu te queria dizer é que a filha dela ficou viúva recentemente, não sei como é que o marido morreu, mas ela é os filhos vêm para a está casa.
Apontou com o indicador na direção da casa da minha vizinha. Ele é que deve ser o Kaleo!
-Deixa-me adivinhar, o filho chama-se Kaleo.
-Sim, mas como é que...
-Ouvi-te a falar com o pai.
-MAIAAAAAAA. TRAZ PAPEL HIGIÉNICO QUE EU ESTOU A CAGAR QUE NEM UM LOUCO E ESTE JÁ ACABOU.
Eu e a mãe começamo-nos a rir às gargalhadas.
-Isto é realmente uma casa de loucos. ESTOU A IR LEO!
O facto de sermos muitos cá em casa às vezes não é uma virtude, porque por vezes, como está tudo nas suas coisas, acaba por ficar um barulho enorme na casa, ou o facto de termos de partilhar quartos, apenas o Lucas é que ficou sozinho. Mas há muitas coisas boas por sermos 5 maninhos, as tarefas foram distribuídas por dias da semana, por exemplo, eu trato de todas as tarefas domésticas à terça, o Lucas era à segunda, o que foi substituído agora pela minha mãe, a Ema às quartas, o Matias às quintas, e por fim, o Mateus às sextas. E também nunca estamos calados quando estamos à mesa, porque à seeeempre novidades de quem quer que seja. Já a minha mãe é uma típica vizinha das coscuvilhices. Como é arquiteta passa muito tempo em casa. E o meu pai é contabilista numa empresa. A minha família é grande, e os meus avós nem ainda hoje não sabem o que puseram nos cereais deles quando eram pequenos, porque mesmo a irmã da minha mãe tem 4 filhos e o irmão tem 5. Somos uma família gigante. Mas ainda bem que vivemos fora da cidade, porque quando à festas de anos é como se viessem dois autocarros pequeninos , sem contar com todos os amigos dos meus pais, para estacionar à frente da casa!