Part 1. Cap 1- Big trouble (P.O.V Maya)

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Merda! Merda! Merda! Passo correndo pelas ruas confusas repletas de becos escuros. Acima de mim a lua brilha em conjunto com as estrelas, tudo parece tão calmo lá em cima. Bem diferente desse inferno.

Eu sabia que não deveria ter saído hoje. Meu telefone apita. Checo a mensagem sem parar de correr.

Onde caralhos você se meteu?? Não preciso nem dizer que tá fodida -Padrasto.

Apertei o aparelho com força e guardei-o antes que eu acabasse jogando ele no chão. Respirei fundo fechando os olhos. Não posso me preocupar com ele, no momento estou com um problema maior.

Abri os olhos e parei com um solavanco. Rua sem saída. Me virei pra sair de lá, mas era tarde demais. Vi sua silhueta na escuridão segurando um bastão, se aproximando.

-Agora eu te peguei -Ouvi uma voz rouca dizer.

Antes que eu pudesse me mexer, ele levantou o bastão em um flash e a escuridão me enguliu.

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Abri os olhos lentamente e uma forte luz me atingiu. Ao me adaptar à claridade, tentei me levantar, mas uma forte dor de cabeça me pegou de surpresa. Levei a mão ao local e ela voltou com um pouco de sangue seco.

-Mas que porra...

As lembranças da noite passada chegam como uma pancada.

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Sentada em minha cama no quarto escuro, peguei meu telefone e mandei uma mensagem para o Jonas.

O treino de hoje tá de pé, né? -Maya

Eu acabei de ter uma briga daquelas com minha mãe, que insistia em defender o meu padrasto independente do quanto ele nos fizesse mal, então eu precisava aliviar minha cabeça, estou cheia dessa merda. Tentei abrir a janela por onde eu normalmente saía, mas ela tinha resolvido emperrar justo hoje. Ótimo.

Fui na ponta dos pés até o quarto da minha mãe e olhei pela fechadura. Meu padrasto já estava lá, claramente bêbado, pra variar. Ele se aproximou de minha mãe e agarrou seu queixo com violência, os olhos com aquele brilho monstruoso, que eu conhecia bem.

Me afastei com o rosto franzido de puro nojo. Não consegui evitar me sentir mal por ela. Respirei fundo. Pelo menos eles estarão ocupados e eu não terei problemas. Se bem que se ela contar sobre nossa discussão...

Meu celular apita e o pego, antes que o som chegue até meus pais.

Claro gata! -Jonas

Fui até a porta decidida.

Cheguei no pequeno centro de treinamento e entrei pelos fundos. Jonas já estava lá se alongando. O cumprimentei com um beijo.

-Pronta? Porque hoje vou pegar pesado.

Dei um sorriso de lado.

-Pode vir.

Treinamos até eu não aguentar mais e como sempre acontecia, consegui tirar aquelas merdas da minha cabeça por um tempo. Já eram duas da manhã, então tomei um banho rápido e coloquei a roupa que eu havia levado na mochila, uma regata branca, calça jeans preta e uma jaqueta também preta.

Na frente do espelho, amarrei meu cabelo, enquanto Jonas me observava de longe. Quando acabei, ele se aproximou beijando meu pescoço.

-Jonas, hoje não. -Me ignorando completamente, ele continuou. -Jonas, eu disse NÃO.

Suas mãos foram até o botão da minha calça e eu me desesperei. Tentei empurrá-lo, mas não adiantou de nada. Eu sabia que em combate ele era muito mais forte e experiente, até porque ele me ensinou tudo o que sei, mas eu não estava nem aí, eu não ia deixar ele fazer isso de novo. Fiz que ia dar uma cotovelada em sua barriga, mas parei no meio do movimento acertando em cheio sua cara.

Ele se afastou com a mão no nariz.

-Caralho Maya! Qual é o seu problema?

Peguei minha mochila e saí pela porta correndo. Quem esse babaca acha que é?

Enquanto andava senti meu telefone apitar várias vezes. Suspirei.

Maya, que diabos aconteceu?

Decidiu ser santa do nada?

Acho que eu mereço um pedidos de desculpas.

Você volta amanhã, né gata?

-Jonas

Dei um riso seco que ecoou pelas ruas vazias. Inacreditável. Ele costumava ser inofensivo, mas a um tempo comecei a ficar cada vez mais preocupada, pois o brilho de seus olhos se assemelhava cada vez mais com os de meu padrasto e eu vou ficar bem longe desse tipo de merdinha.

Andando revoltada quase não percebi um vulto se mexendo nas sombras de um beco. Parei. Aquela era uma área barra pesada, então era mais inteligente continuar meu caminho antes que eu me metesse em problemas. Continuei andando, mas dessa vez ouvi um barulho de pancada. Minha curiosidade me venceu e fui ver o que era que estava acontecendo ali.
Me dirigi o beco da onde o som parecia ter vindo. Avistei duas silhuetas aparentemente masculinas. Uma de pé segurando algo... Um taco de baseball? A outra estava no chao. Uma nuvem cobria a lua bloqueando a luz, então não conseguia ver suas feições com clareza.
O que segurava o bastão de agachou e disse algo que eu não consegui ouvir. Nesse momento a lua brilhou novamente e pude ver a cena. O que havia se agachado era incrivelmente bonito, seus músculos se contraíram e tive que conter um sorriso. Maya! Não é hora de pensar nisso sua idiota! Quando foquei no outro homem, meus olhos se arregalaram. Sua cara se encontrava toda ensanguentada, a ponto de não conseguir ver seu rosto.
O bonito bateu novamente com o bastão e eu dei um pequeno grito ao ouvir o som de ossos se quebrando. O agressor se virou para mim e eu saí correndo sem olhar para trás sentindo meu coração palpitar mais forte do que nunca. Eu sabia que ele estava vindo atrás de mim.
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Levei a mão até o machucado novamente. Merda! No que eu me meti? Analisei o cômodo. Era um pequeno quarto branco com apenas uma cama, na qual eu estava sentada, uma mesa, uma cadeira e uma porta de metal.
Nesse momento a porta se abriu e um homem entrou. O cara do bastão. Na claridade, ele era ainda mais bonito. Ele levou a mão ao cabelo castanho.
-Então, vejo que acordou. -Ele deu um passo em minha direção me deixando tensa. -Calma, eu não vou te machucar.
Ergui uma sobrancelha (o que foi um pouco doloroso), ele realmente estava dizendo isso depois de me bater com um taco de baseball e me sequestrar? Eu vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.
-O que você quer comigo? Se você não me deixar ir agora, eu juro que vou...
-Vai oque? -Ele disse com um sorriso sarcástico. -Eu vou te dizer o que você vai fazer. Vai ficar quietinha e torcer para que decidam te manter viva.
Respirei fundo contendo toda minha raiva e medo.
-Olha, eu não ligo pra o que você fez ontem, não vou falar pra ninguém, eu só quero ir embora.
-Sinto muito gatinha, mas não podemos deixar você sair assim. Conversarei com os outros e tratei as notícias.
Se não funcionou assim, vou usar meu último recurso.
Assim que ele se virou, pulei da cama ignorando a dor de cabeça que me atingiu e fui com meu punho em direção a sua cabeça, porém ele de algum jeito desviou no último segundo me fazendo tropeçar pela força que eu havia investido no golpe.
Ele juntou meus braços pelas minhas costas com força me fazendo arquejar. Não consegui evitar pensar em como aquela situação estava estranha.
-A situação está um pouco suja, não acha? -Ele parou por um segundo e soltou uma agradável gargalhada.
Sua respiração estava muito próxima do meu pescoço e acho que ele percebeu, pois se afastou rapidamente pigarreando.
Me virei e vi um leve rubor em seu rosto. Ele tinha ficado envergonhado? Que fofo. Ele estava próximo o suficiente, então dei-lhe um chute nas partes baixas, ou melhor, nas bolas.
Ele ficou parado, provavelmente mais por surpresa do que por dor. Aproveitei a oportunidade e sai correndo. Do lado de fora havia um longo corredor com várias portas iguais a do quarto em que eu estava.
Corri até o final, onde outra porta de metal se encontrava, porém estava trancada. Mas que merda! Que lugar é esse? A porra de uma prisão?
Senti mãos fortes segurarem meus braços me arrastando de volta ao quarto, dessa vez não lutei.
Ele me colocou sentada na cama como se eu fosse uma criancinha.
-Olha, você já mostrou que é muito espertinha. Agora fica quietinha aí, porque você não vai sair daqui tão cedo.
Ele saiu pela porta, trancando-a. Suspirei deitando na cama. Bom pelo menos eu não estou com os maníacos que deveriam ser meus pais ou Jonas o estuprador.


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